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Banca ganha 1,78 mil milhões nas sete sessões de 2013

Juros da dívida nacional em forte queda, progressos da Irlanda no regresso aos mercados e redução da dependência dos bancos face ao BCE são algumas das razões para a recente subida da banca nacional. A maior fatia, mais de mil milhões, deve-se ao BES, contudo o BPI é o que apresenta o melhor desempenho em 2013.

17 - Fernando Ulrich, BPI. 0,36%
Diogo Cavaleiro diogocavaleiro@negocios.pt 10 de Janeiro de 2013 às 17:26

As principais empresas da banca nacional, BES, BPI e BCP, ganharam cerca de 1,78 mil milhões de euros apenas nas primeiras sete sessões deste ano. Na prática, o valor de mercado que os três bancos conquistaram neste início de ano é semelhante ao valor do BPI.

 

A capitalização bolsista conjunta do BES, BCP e BPI é, no fecho da sessão de hoje, 8,17 mil milhões de euros. O número supera em 1,78 mil milhões, ou 28%, aquele que era registado quando o ano terminou (6,39 mil milhões).


O banco liderado por Ricardo Salgado foi o que deu o maior contributo para a subida do valor de mercado da banca. O BES ganhou mais de mil milhões de euros no início do ano, para apresentar, agora, uma capitalização de 4,65 mil milhões de euros, a quarta maior do PSI-20, segundo uma tabela compilada pela agência Bloomberg.

 

Os títulos do BES, que passaram ontem pela primeira vez a fasquia de 1 euro desde Fevereiro de 2011, estão agora nos 1,15 euros. O banco acumula uma valorização de 28% este ano estando no valor mais alto desde Outubro de 2011.


No início desta semana, o BES voltou a emitir, 500 milhões de euros em dívida a cinco anos nos mercados a uma taxa inferior a 5%, algo que foi visto pelos analistas como um novo sinal da reabertura dos mercados de financiamento para os bancos portugueses.


BPI é o que mais sobe em 2013

 

Fernando Ulrich lidera o banco que, na opinião da casa de investimento do Nomura, mais beneficia com a exposição à emergente economia de Angola. O BPI é, também, o banco que, à semelhança do que aconteceu no ano passado, mais sobe em 2013: 36%.

 

O banco cujo maior accionista é o La Caixa vale 1,77 mil milhões de euros, mais 460 milhões de euros do que no final de 2012. Cada acção está a cotar nos 1,285 euros, o preço mais elevado desde Fevereiro de 2011.

 

O BPI passou a ser a oitava maior empresa de Lisboa, ocupando um lugar que era, no final do ano, do BCP. Apesar disso, o banco dirigido por Nuno Amado também ganha em 2013, neste caso, 20%. As acções não cotavam nos 9 cêntimos desde Março do ano passado, conferindo uma capitalização bolsista de 1,75 mil milhões de euros.

 

Fora das grandes empresas da banca, para o Espírito Santo Financial Group, “holding” que controla o BES, a subida em 2013 é de 4%, ao passo que o Banif, cujo plano de injecção de 1,1 mil milhões de euros foi conhecido no início do ano, cede 3%.

 

Queda dos juros é principal motivo para subida

 

A recente escalada começou, para toda o sector financeiro nacional e para os mercados a nível global, no início do ano. A impulsionar as acções esteve o optimismo trazido com o acordo nos Estados Unidos para evitar medidas que pudessem empurrar a maior economia do mundo para a recessão (o chamado precipício orçamental).

 

Mas o avanço dos títulos da banca deve-se, essencialmente, à expressiva descida das taxas de juro implícitas das obrigações nacionais nos mercados. Segundo disse esta semana ao Negócios, João Zorro, director de investimentos da ESAF, as rendibilidades pedidas pelos investidores vão cair ainda mais até ao final do ano. O risco associado à dívida portuguesa também tem vindo a deslizar.


Para esse movimento tem contribuído a aproximação da Irlanda aos mercados, como uma indicação para o percurso que Portugal tem de fazer para voltar a financiar-se. O país realizou um leilão de dívida em que pagou uma taxa de juro a par das registadas antes do resgate. Ao mesmo tempo, o governo irlandês vai vender, pelo menos, metade dos mil milhões de euros em instrumentos de capital contingente (CoCos) que injectou no Bank of Ireland para o recapitalizar (à semelhança do que foi feito nos bancos portugueses).

 

Menor dependência da banca

 

A flexibilização das metas de solidez financeira que os bancos têm de registar a partir de 2015, acordada pelo Comité de Basileia de Supervisão Bancária, também é vista como uma das razões para a valorização.


Como elemento de alívio sobre o sector financeiro, soube-se esta semana que os bancos portugueses estão a reduzir a sua dependência em relação ao Banco Central Europeu, entidade a que recorreram quando o mercado interbancário português congelou devido à crise da dívida. Em Dezembro de 2012, os bancos portugueses tinham 52,78 mil milhões de euros de empréstimos em Frankfurt, o que representa uma quebra superior a 3% face ao mês anterior e que se aproxima do valor alcançado em Fevereiro de 2012. É o montante mais baixo em quase um ano, depois do alarme levantado pelos máximos históricos registados ao longo do ano passado.

 

Pedro Lino, administrador da DifBroker, disse hoje ao Negócios que a subida se explica pelo facto de a banca ter sido o sector mais penalizado pela descida da bolsa no ano passado, pelo que faz sentido ser agora aquele que mais beneficia com a sua subida.

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