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"As empresas familiares é que têm segurado o PSI", defende Duarte Pitta Ferraz
No ano passado, o património conjunto das famílias que dominam a bolsa de Lisboa diminuiu. Duarte Pitta Ferraz, professor da Nova SBE, considera que estar cotado em bolsa traz vantagens mas também tem inconvenientes, e sublinha o conservadorismo que ainda perdura no tecido empresarial português.
O património conjunto das famílias que dominam a bolsa de Lisboa diminuiu em 2024 e, num ano de ganhos para a generalidade das bolsas mundiais, o PSI deslizou 0,3% para 6.377,26 pontos. Ainda assim, quatro das seis famílias viram o património crescer (Amorim, Azevedo, Queiroz Pereira e Champalimaud).
Mas, afinal, compensa entrar em bolsa? Para Duarte Pitta Ferraz, professor de Governance & Banking na Nova School of Business & Economics, a bolsa tem vantagens e tem inconvenientes.
"No lado das vantagens é um maior acesso a capital, uma grande visibilidade e um ganho de prestígio se seguirem regras de boa 'governance' e as melhores práticas de boa 'governance'. Por outro lado, a atração do talento é também um ponto muito relevante da 'corporate governance'". Depois tem os inconvenientes da transparência e da regulação a que essas empresas têm de se sujeitar quando estão em bolsa", explica em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW.
Para o professor e sócio da IVENS Governance Advisors, as "vantagens pesam mais" quando uma empresa familiar decide estar cotada em bolsa, como acontece no PSI. "É curioso porque, na realidade, as empresas familiares é que têm segurado o PSI", sublinha.
Contudo, recorda Duarte Pitta Ferraz, ao contrário de outros mercados onde opera a Euronext, em Portugal ainda são poucas as empresas familiares que decidem entrar em bolsa. Em primeiro lugar, defende, é uma questão de cultura e "não é só um tema em Portugal, é um tema na Europa continental".
"Há muitas empresas familiares que poderiam perfeitamente estar cotadas em bolsa, que faturam centenas de milhões de euros e que são desconhecidas do comum dos mortais. E porquê que não estão? As gerações mais antigas normalmente têm uma maior reserva em termos da transparência e preferem guardar os temas da empresa num ambiente bastante mais fechado e reservado", afirma.
"O segundo tema tem a ver com os custos de acesso à bolsa. Passa a haver um escrutínio muito mais violento. Tenho que aplicar boas práticas, tenho que ter conselhos de administração constituídos em linha com as melhores práticas. A outra razão é a perda de controlo, mas levando a empresa para a bolsa, não tenho de perder obrigatoriamente o controlo da empresa", conclui.