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Afinal, o que é que o papel tem?

As papeleiras têm sido as estrelas da bolsa, nas últimas semanas. A Altri já atingiu máximos históricos e a Navigator está em máximos de 2015. Os analistas acreditam que a subida dos preços justifica estes desempenhos. Mas há margem para mais?

12 de Outubro de 2017 às 07:00
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520,5 milhões de euros. Este foi o valor de mercado conquistado pelas empresas de pasta e papel nas últimas duas semanas. Altri, Navigator e Semapa têm estado em destaque pela positiva. Subiram até 26%, num período em que a bolsa apreciou 2,3%. Os analistas acreditam que a subida dos preços explica os movimentos, mas alertam para os riscos.

A Altri desceu, esta quarta-feira, pondo termo a um ciclo de 10 sessões consecutivas em terreno positivo. Em duas semanas, a empresa co-liderada por Paulo Fernandes somou 26,13% e chegou a negociar no valor mais elevado de sempre, nos 5,395 euros. No mesmo período, a Navigator valorizou 6,2% e está a negociar em máximos de Maio de 2015. Já a Semapa avançou 9,3%.

Este desempenho "deve-se à subida do preço da pasta de papel, cujo preço galopou extraordinariamente. Desde Março, o preço da pasta (que é ditado pelos grandes produtores da América do Sul) subiu 40%", explica Rui Bárbara. E, frisa o gestor de activos do Banco Carregosa, "a subida de preço pode ser explicada pela maior procura da China mas também pelo adiamento da construção de novas fábricas de produção de pasta".

Também Albino Oliveira, analista da Patris, considera que a evolução destes títulos reflecte "o regresso do ambiente favorável à área cíclica do mercado de acções, onde se incluem estas empresas, a continuação de um enquadramento favorável para o sector da pasta, em termos de procura/oferta, permitindo às empresas do sector avançar com subidas de preços, e a estabilização da cotação do euro/dólar [os preços da pasta são em dólares], após a forte subida registada desde o início do ano".

Além disso, estas empresas têm sido alvo de notas de investimento positivas. Esta semana, a Semapa passou a fazer parte das balas de prata do Haitong, pois está a "transaccionar com um elevado desconto face à soma do valor dos activos, sobretudo depois da forte valorização das acções da Navigator", onde é a maior accionista. Além disso, "a actividade no sector do cimento em Portugal está a melhorar", refere o banco.

Já no final de Setembro a JB Capital Markets iniciou a cobertura das três empresas, sendo a Altri a única a obter recomendação de "comprar". "A tendência positiva dos preços da pasta de papel BHKP deve continuar", havendo agora "maiores riscos de uma pressão ascendente sobre os preços em 2019 e 2020", adiantou.  O banco frisou ainda que "a Navigator é o líder europeu do papel fino UWF, com 1,6 milhões de toneladas de capacidade integrada, mas também possui um negócio de pasta, uma área emergente de Tissue, activos florestais significativos e uma unidade de energia de biomassa".

Mas, Pedro Rodrigues, "trader" da Caixa Económica Montepio Geral alerta que "tendo em conta as subidas pronunciadas das cotações das empresas de pasta e papel em bolsa no último mês, espera-se uma fase de consolidação no curto prazo". "O preço da pasta é muito volátil e é frequente vermos subidas vertiginosas e quedas muito abruptas", alerta Rui Bárbara. Para o gestor, "este sector é altamente cíclico. Se os preços aumentam, aumenta-se a capacidade de produção e os preços descem logo a seguir". 

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