Notícia
Acções do BCP e BPI perdem 40% em três meses
A semana arrancou de forma negativa para os bancos cotados, com o BCP a fixar um novo mínimo abaixo dos 5 cêntimos. A incerteza na venda do Novo Banco justifica a queda dos títulos do BCP e BPI, que nos espaço de três meses recuaram quase 3 mil milhões de euros.
As acções do BCP e do BPI fecharam em forte queda na sessão desta segunda-feira, tocando em novos mínimos devido sobretudo aos receios dos investidores com as incertezas que rodeiam o processo de venda do Novo Banco.
O Banco Comercial Português desvalorizou 5,59% para 4,88 cêntimos, tendo ao longo da sessão atingido um mínimo desde Julho de 2013 nos 4,82 cêntimos. Já o BPI caiu 3,79% para 81,2 cêntimos, fixando um mínimo desde Janeiro deste ano nos 80,5 cêntimos.
As acções dos bancos portugueses aprofundaram assim as quedas que já acumulam em 2015, mais do que anulando o arranque de ano marcado por subidas fortes. No conjunto do ano o BCP está a perder 25,7%, enquanto o BPI cede 20,86%.
Reduzindo a análise aos últimos três meses (período em que os mercados bolsistas acentuaram a tendência negativa) as desvalorizações são ainda mais pronunciadas. Desde 12 de Junho o BCP desvaloriza 43,13% (título do PSI-20 com pior prestação) e o BPI recua 39,4%. Em termos de valor de mercado estas quedas representam uma perda de capitalização bolsista de 2.184 milhões de euros para o BCP e 769 milhões de euros para o BPI, pelo que os dois bancos viram a sua capitalização bolsista conjunta recuar 2.953 milhões de euros no espaço de apenas três meses.
Novo Banco preocupa
A variação negativa das acções na sessão desta segunda-feira está a ser atribuída sobretudo às incertezas relacionadas com a venda do Novo Banco, já que esta instituição financeira é detida a 100% pelo Fundo de Resolução, ou seja, pela grande maioria dos bancos presentes em Portugal.
A imprensa tem noticiado que o processo de venda do Novo Banco poderá ser cancelado devido ao valor reduzido que está a ser oferecido pelos interessados na instituição que resultou da resolução do BES.
O resultado das negociações entre o Banco de Portugal e a Fosun deverá ser conhecido esta semana. O valor que está em cima da mesa anda em torno dos dois mil milhões de euros, o que significaria perdas de 2,9 mil milhões para o sistema financeiro. Num quadro destes, a CGD perderia mais de 700 milhões, o BCP 580 milhões e o BPI cerca de 300.
Segundo avança o Negócios esta segunda-feira, os maiores bancos mostram-se extremamente preocupados com as escassas informações que têm sobre as potenciais perdas numa alienação. Se o banco fosse vendido com perdas assumidas desta dimensão, os bancos poderiam enfrentar riscos que desconhecem, nomeadamente o impacto que tal poderá ter nos resultados e no capital, apesar das garantias do regulador em contrário.
"O importante é haver uma decisão, aí o mercado descontará o que tem que descontar. Enquanto o mercado não souber o que vai acontecer, essa incerteza é pior", afirmou à Reuters Ricardo Pinto, operador da Golden Broker no Porto.
Polónia continua a pressionar BCP
A pressionar o BCP continua a estar a situação do banco na Polónia, devido à perspectiva de perdas com a conversão de empréstimos para zlotys por parte do Bank Millenium, que é controlado pelo banco português.
Segundo o jornal polaco Dziennik Gazeta Prawna, o partido da oposição Lei e Justiça está a preparar uma proposta de lei sobre a conversão de créditos mais dispendiosa para a banca que a última que foi rejeitada pelo Senado. Este partido está bem posicionado nas sondagens para ganhar as eleições legislativas marcadas para este ano na Polónia, daí que esteja a pressionar as acções do BCP.
Com a queda desta segunda-feira as acções do BCP acumulam já uma queda de 25,5% este ano, o que reduziu a capitalização bolsista do maior banco privado português para 2.887 milhões de euros, cerca de metade do máximo registado este ano.
Research do Citi pressiona BPI
Já o BPI está também a ser pressionado por uma nota de "research" negativa que foi publicada esta segunda-feira. Segundo a Reuters, o Citigroup desceu o preço alvo do banco de Fernando Ulrich em 17%, para 95 cêntimos.
"Enquanto Portugal oferece potencial de valorização, Angola poderá surpreender pela negativa", afirmou o Citi, assinalando que "além disso, a recente proposta do CaixaBank e a reacção de alguns dos outros accionistas do BPI introduziu incerteza em torno da direcção futura do banco".
A nova avaliação incorpora um potencial de subida dos títulos de 17%, sendo que a recomendação é de "neutral".