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Se quer ganhar o mesmo que os homens, não se arme em mulher

Se não estudar, não tiver filhos e não sonhar em ser líder terá muito mais hipóteses de vir a ganhar o mesmo que os seus pares masculinos.

13 de Novembro de 2015 às 16:30
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Se não estudar, não tiver filhos e não sonhar em ser líder terá muito mais hipóteses de vir a ganhar o mesmo que os seus pares masculinos. Este não é apenas "mais" um estudo sobre a persistente disparidade salarial entre homens e mulheres. É, sim, uma análise a um abrangente conjunto de indicadores que nos obriga a mergulhar nas águas turvas da igualdade no mundo do trabalho e a emergir com a certeza de que por mais que se tente interpretar as razões que impedem a paridade de géneros, nenhuma delas faz sentido

Qualquer desigualdade é incompreensível e eticamente inaceitável, principalmente a que é vivida por tantas mulheres ainda consideradas como escravas, objectos ou cidadãs de 2ª ou 3ª categoria num conjunto mais do que significativo de países que, por razões religiosas ou culturais, ultrapassam o bom senso ou a capacidade de encaixe de qualquer um.

Mas quando se fala em disparidade salarial – e, neste caso, no chamado mundo desenvolvido – entre homens e mulheres que cumprem as mesmas tarefas ou que ocupam os mesmos cargos, a incompreensão transforma-se em incredulidade. Como é possível existir discriminação a este nível no século XXI, num mundo globalizado, conectado, caracterizado por empresas "responsáveis", "transparentes" e preocupadas com todos os seusstakeholders, começando pelos colaboradores?


Na medida em que não existe uma resposta adequada a esta realidade, continuam a multiplicar-se os estudos que denunciam este persistente fosso salarial, com a diferença de que alguns conseguem ir mais longe nos seus detalhes, o que torna ainda mais obtusos os resultados em questão.

É o que se pode constatar no relatório "Inside the Gender Pay Gap", publicado a 5 de Novembro último e cujo nível de "pormenor" é suficientemente grande para se chegar a conclusões ainda mais – se é que é possível – estranhas e que, habitualmente, não são visíveis nem dignas de debate neste tipo de estudos.


Apesar de se basear nas respostas de 1,4 milhões de trabalhadores norte-americanos, a tempo inteiro, as diferenças não serão significativas se comparadas a nível europeu. No geral, a estatística mais citada neste tipo de estudos cifra-se, para os Estados Unidos, em 77 cêntimos ganhos pelas mulheres por cada dólar recebido pelos homens, sendo que na Europa, os últimos números apontam, em média, para que as mulheres recebam menos 16% do que os seus pares masculinos por cada hora de trabalho. As entrevistas realizadas tiveram lugar entre Julho de 2013 e Julho de 2015, abarcando a generalidade dos sectores de actividade e tendo em linha de conta um conjunto abrangente de questões, nem sempre colocadas neste tipo de estudos: status marital e familiar, níveis académicos, posição "geracional", cargo ocupado, entre outros, cruzadas ainda com outras variáveis como número de anos de experiência, dimensão da empresa, responsabilidades de gestão, competências, etc.. O VER apresenta os principais resultados e possíveis "interpretações" da dificuldade que continua a existir para que homens e mulheres celebrem a devida paridade laboral.

É um dos resultados mais surpreendentes do estudo. Se é comum o facto de as "mulheres-mães", na sua esmagadora maioria, auferirem salários inferiores aos dos homens, o que não é normal é quando ambos referem dar prioridade à família em detrimento do trabalho, pelo menos uma a quatro vezes por ano, este comportamento interferir negativamente no salário auferido pelas "mães" – sendo este o maior fosso salarial registado – e manter-se inalterado no dos "pais".

Uma das aparentemente boas notícias deste estudo reside no facto de, entre homens e mulheres solteiros e sem filhos, que afirmam nunca colocar a vida pessoal e/ou familiar à frente do trabalho – o que nos levaria a outra temática espinhosa – não se evidenciarem discrepâncias relevantes no que respeita ao seu pacote de benefícios.


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