Notícia
Porque é preciso "Fazer AconteSER"
Contribuir para a melhoria da competitividade das empresas nacionais e dotá-las de instrumentos de gestão responsável é o grande objectivo do programa AconteSer, apresentado esta semana em Lisboa e que reúne a ACEGE, a CIP, o IAPMEI e a APIFARMA numa iniciativa conjunta de combate à crise. Em finais de Outubro, o programa será oficializado junto de 750 gestores, numa ambiciosa acção a nível nacional
15 de Setembro de 2011 às 15:02
Foi dado o primeiro passo de uma caminhada que promete ser longa: provocar, nas palavras de António Pinto Leite, presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), “um tsunami de responsabilidade social nas empresas, sendo necessário para tal “rasgar a situação psico-negativa da actualidade” que envolve o país.
Lançado na passada terça-feira, sob o nome “AconteSER, Liderar com Responsabilidade”, o programa conjunto liderado pela ACEGE em parceria com a CIP, IAPMEI e APIFARMA, tem como principal objectivo contribuir para a melhoria da competitividade das micro, pequenas e médias empresas nacionais, através de três compromissos fundamentais e de um instrumento “físico” de gestão: pagar a horas aos fornecedores, ter em especial atenção o projecto de vida dos colaboradores e promover as condições necessárias para o sempre desejável, mas cada vez mais complexo, equilíbrio entre vida profissional e familiar. O programa conta ainda com o lançamento, em finais de Outubro, do Kit AconteSER, um conjunto de materiais com vista à implementação de boas práticas nas PME (v. caixa).
Para além de António Pinto Leite, o evento contou com a presença de António Saraiva, presidente da CIP, de Luis Filipe Santos Costa, presidente do IAPMEI e de João Almeida Lopes, presidente da APIFARMA.
Se por um lado a presente crise parece não deixar tempo para pensar em nada que não seja a sobrevivência das empresas, para os promotores do projecto é exactamente neste clima de desespero que estas mais precisam dos seus líderes e, consequentemente, de colocar a tónica nos seus colaboradores. Dai que António Pinto Leite tenha explicado que este “aconteSER” é, na verdade, um “fazer acontecer, através das pessoas [dos colaboradores das empresas], no que respeita à competitividade”. O programa, que será oficialmente lançado a nível nacional na semana de 24 a 28 de Outubro, pretende envolver 750 gestores e empresários através da realização de pelo menos 50 seminários, que versarão sobre várias temáticas, em todo o país.
Clarificando que para além dos promotores já anunciados, o projecto conta ainda com um conjunto diversificado de parcerias, sendo apoiado por fundos comunitários, António Pinto Leite explicou, em pormenor, os três vectores por excelência deste projecto ambicioso.
“Pagar a horas é um mínimo ético das empresas”
Contextualizando a actual crise e classificando-a como “a pior de que há memória”, o presidente da ACEGE salientou, por isso mesmo, a responsabilidade acrescida do líder, defendendo igualmente que a resistência da economia portuguesa depende, e muito, da capacidade de auto-motivação dos líderes empresariais. Por outro lado, está mais do que provado que a responsabilidade social é um instrumento de competitividade e que colaboradores felizes fazem empresas produtivas. Para Pinto Leite, existe, nas PME e nesta temática em particular, um longo caminho a percorrer, razão pela qual este programa visa “promover boas práticas de gestão que potenciem a sua acção empresarial e, dessa forma, possam cumprir a sua função social e criar um ciclo virtuoso na economia”.
No que respeita ao compromisso de pagamento pontual aos fornecedores, uma bandeira há muito defendida pela ACEGE, não existem dúvidas para o presidente da Associação: “continua a haver muitas falências, principalmente em pequenas e médias empresas, porque as empresas não pagam ‘entre’ si, exportando o problema de umas para as outras”. Combater esta “chaga” e este “problema congénito” do Estado é absolutamente imperioso. Como defendeu também o presidente do IAPMEI e sendo este um mínimo ético dos empresários, o “exemplo do Estado não pode servir de álibi para ninguém, e muito menos para as empresas que não dependem dele”. Na sua opinião, é mais do que tempo para as empresas interiorizarem a importância dos pagamentos pontuais e do seu cumprimento. Sendo vários os estudos que comprovam que a insolvência das empresas tem como génese “o não se pagar a tempo e horas”, António Pinto Leite anunciou ainda que a ACEGE encomendou, ao economista Augusto Mateus, um estudo sobre esta temática que será apresentado nos próximos 15 dias.
A questão de Portugal ter igualmente uma cultura de laxismo e de permissividade no que respeita à pontualidade dos pagamentos é um problema complexo e que urge ser invertido. Em tom humorista, o presidente do IAPMEI afirmou que, para além da fama e do proveito do Estado nesta questão, a questão cultural do “pagar e morrer, quanto mais tarde melhor” tem de ser apresentada como nociva à sociedade portuguesa. Também a ACEGE chama a atenção que, mais grave ainda, é o facto dos pagamentos tardios e a más horas “ser aceite como uma fatalidade pela generalidade do mercado”.
Sendo certo que esta realidade tem uma enorme influência na vida e no dinamismo da economia e, em particular, no quotidiano das pequenas e médias empresas, urge assim “contratualizar prazos de pagamentos que sejam exequíveis”, como alertou o responsável do IAPMEI, algo “que não se passa, de forma generalizada, na sociedade portuguesa. Opinião similar tem o presidente da CIP, António Saraiva, que afirmou ser “necessário motivar os empresários para esta causa de responsabilidade nos pagamentos pontuais, sendo que os atrasos estão a gerar um efeito terrível na tesouraria das nossas empresas”.
Desta forma, a ideia é substituir este ciclo vicioso por um outro, virtuoso, desafiando o maior número de empresas a comprometerem-se a pagar, atempadamente, aos seus fornecedores.
Percorrer a “extra mile”
“Sentir que a alta direcção se interessa pelo meu trabalho e bem-estar pessoal” constituiu o mote para a segunda acção proposta neste programa. O compromisso que visa realçar o projecto de vida dos colaboradores, com ênfase no seu desenvolvimento pessoal é, para António Pinto Leite, uma questão de percorrer a “extra mile”. Também no que respeita a esta temática é visível o longo caminho que têm pela frente as PME portuguesas, tanto ao nível dos planos de carreira como do reconhecimento interno. Dois factores dos quais depende, claramente, a produtividade dos colaboradores, bem como a sua capacidade de ultrapassar o momento de crise que vivemos. Para a ACEGE, “esta capacidade de arriscar na pessoa, no seu projecto de vida, é um acto de coragem que trará mais-valias sólidas e duradouras”, não só para os colaboradores mas, e consequentemente, para as próprias empresas. O programa AconteSER visa, desta forma, o desenvolvimento de uma plataforma ampla de serviços e instrumentos de desenvolvimento pessoal que estará disponível para as empresas e respectivos colaboradores.
A questão da conciliação entre vida profissional e familiar – sempre presente, mas nem sempre equilibrada – apresenta igualmente novos contornos em tempo de crise. São vários os estudos recentes que comprovam que a crise leva a um maior refúgio dos indivíduos nas suas famílias, em busca de acolhimento e maior segurança. Como lembrou António Pinto Leite, “a maior ansiedade das pessoas na sua incapacidade de gerir trabalho e família tem também efeitos na produtividade”, salientando igualmente que este não é apenas um problema das PME, mas transversal a todas as empresas. Os novos desafios enfrentados pelas famílias prejudicam não só o seu próprio equilíbrio, como podem diminuir os níveis de motivação no local do trabalho. E é por causa deste contexto que o equilíbrio entre vida profissional e familiar se torna ainda mais crucial, sendo necessário “sensibilizar as lideranças empresariais para esta questão e, em conjunto com parceiros de referência, procurar solucionar muitas das situações de conflito família-empresa”. Mais ainda, e para as empresas que assim o desejarem, o AconteSER contempla ainda a possibilidade de as empresas serem certificadas (caso cumpram determinados objectivos, obviamente) como empresas familiarmente responsáveis.
Para ler o artigo na íntegra clique aqui:
Lançado na passada terça-feira, sob o nome “AconteSER, Liderar com Responsabilidade”, o programa conjunto liderado pela ACEGE em parceria com a CIP, IAPMEI e APIFARMA, tem como principal objectivo contribuir para a melhoria da competitividade das micro, pequenas e médias empresas nacionais, através de três compromissos fundamentais e de um instrumento “físico” de gestão: pagar a horas aos fornecedores, ter em especial atenção o projecto de vida dos colaboradores e promover as condições necessárias para o sempre desejável, mas cada vez mais complexo, equilíbrio entre vida profissional e familiar. O programa conta ainda com o lançamento, em finais de Outubro, do Kit AconteSER, um conjunto de materiais com vista à implementação de boas práticas nas PME (v. caixa).
Se por um lado a presente crise parece não deixar tempo para pensar em nada que não seja a sobrevivência das empresas, para os promotores do projecto é exactamente neste clima de desespero que estas mais precisam dos seus líderes e, consequentemente, de colocar a tónica nos seus colaboradores. Dai que António Pinto Leite tenha explicado que este “aconteSER” é, na verdade, um “fazer acontecer, através das pessoas [dos colaboradores das empresas], no que respeita à competitividade”. O programa, que será oficialmente lançado a nível nacional na semana de 24 a 28 de Outubro, pretende envolver 750 gestores e empresários através da realização de pelo menos 50 seminários, que versarão sobre várias temáticas, em todo o país.
Clarificando que para além dos promotores já anunciados, o projecto conta ainda com um conjunto diversificado de parcerias, sendo apoiado por fundos comunitários, António Pinto Leite explicou, em pormenor, os três vectores por excelência deste projecto ambicioso.
“Pagar a horas é um mínimo ético das empresas”
Contextualizando a actual crise e classificando-a como “a pior de que há memória”, o presidente da ACEGE salientou, por isso mesmo, a responsabilidade acrescida do líder, defendendo igualmente que a resistência da economia portuguesa depende, e muito, da capacidade de auto-motivação dos líderes empresariais. Por outro lado, está mais do que provado que a responsabilidade social é um instrumento de competitividade e que colaboradores felizes fazem empresas produtivas. Para Pinto Leite, existe, nas PME e nesta temática em particular, um longo caminho a percorrer, razão pela qual este programa visa “promover boas práticas de gestão que potenciem a sua acção empresarial e, dessa forma, possam cumprir a sua função social e criar um ciclo virtuoso na economia”.
No que respeita ao compromisso de pagamento pontual aos fornecedores, uma bandeira há muito defendida pela ACEGE, não existem dúvidas para o presidente da Associação: “continua a haver muitas falências, principalmente em pequenas e médias empresas, porque as empresas não pagam ‘entre’ si, exportando o problema de umas para as outras”. Combater esta “chaga” e este “problema congénito” do Estado é absolutamente imperioso. Como defendeu também o presidente do IAPMEI e sendo este um mínimo ético dos empresários, o “exemplo do Estado não pode servir de álibi para ninguém, e muito menos para as empresas que não dependem dele”. Na sua opinião, é mais do que tempo para as empresas interiorizarem a importância dos pagamentos pontuais e do seu cumprimento. Sendo vários os estudos que comprovam que a insolvência das empresas tem como génese “o não se pagar a tempo e horas”, António Pinto Leite anunciou ainda que a ACEGE encomendou, ao economista Augusto Mateus, um estudo sobre esta temática que será apresentado nos próximos 15 dias.
A questão de Portugal ter igualmente uma cultura de laxismo e de permissividade no que respeita à pontualidade dos pagamentos é um problema complexo e que urge ser invertido. Em tom humorista, o presidente do IAPMEI afirmou que, para além da fama e do proveito do Estado nesta questão, a questão cultural do “pagar e morrer, quanto mais tarde melhor” tem de ser apresentada como nociva à sociedade portuguesa. Também a ACEGE chama a atenção que, mais grave ainda, é o facto dos pagamentos tardios e a más horas “ser aceite como uma fatalidade pela generalidade do mercado”.
Sendo certo que esta realidade tem uma enorme influência na vida e no dinamismo da economia e, em particular, no quotidiano das pequenas e médias empresas, urge assim “contratualizar prazos de pagamentos que sejam exequíveis”, como alertou o responsável do IAPMEI, algo “que não se passa, de forma generalizada, na sociedade portuguesa. Opinião similar tem o presidente da CIP, António Saraiva, que afirmou ser “necessário motivar os empresários para esta causa de responsabilidade nos pagamentos pontuais, sendo que os atrasos estão a gerar um efeito terrível na tesouraria das nossas empresas”.
Desta forma, a ideia é substituir este ciclo vicioso por um outro, virtuoso, desafiando o maior número de empresas a comprometerem-se a pagar, atempadamente, aos seus fornecedores.
Percorrer a “extra mile”
“Sentir que a alta direcção se interessa pelo meu trabalho e bem-estar pessoal” constituiu o mote para a segunda acção proposta neste programa. O compromisso que visa realçar o projecto de vida dos colaboradores, com ênfase no seu desenvolvimento pessoal é, para António Pinto Leite, uma questão de percorrer a “extra mile”. Também no que respeita a esta temática é visível o longo caminho que têm pela frente as PME portuguesas, tanto ao nível dos planos de carreira como do reconhecimento interno. Dois factores dos quais depende, claramente, a produtividade dos colaboradores, bem como a sua capacidade de ultrapassar o momento de crise que vivemos. Para a ACEGE, “esta capacidade de arriscar na pessoa, no seu projecto de vida, é um acto de coragem que trará mais-valias sólidas e duradouras”, não só para os colaboradores mas, e consequentemente, para as próprias empresas. O programa AconteSER visa, desta forma, o desenvolvimento de uma plataforma ampla de serviços e instrumentos de desenvolvimento pessoal que estará disponível para as empresas e respectivos colaboradores.
A questão da conciliação entre vida profissional e familiar – sempre presente, mas nem sempre equilibrada – apresenta igualmente novos contornos em tempo de crise. São vários os estudos recentes que comprovam que a crise leva a um maior refúgio dos indivíduos nas suas famílias, em busca de acolhimento e maior segurança. Como lembrou António Pinto Leite, “a maior ansiedade das pessoas na sua incapacidade de gerir trabalho e família tem também efeitos na produtividade”, salientando igualmente que este não é apenas um problema das PME, mas transversal a todas as empresas. Os novos desafios enfrentados pelas famílias prejudicam não só o seu próprio equilíbrio, como podem diminuir os níveis de motivação no local do trabalho. E é por causa deste contexto que o equilíbrio entre vida profissional e familiar se torna ainda mais crucial, sendo necessário “sensibilizar as lideranças empresariais para esta questão e, em conjunto com parceiros de referência, procurar solucionar muitas das situações de conflito família-empresa”. Mais ainda, e para as empresas que assim o desejarem, o AconteSER contempla ainda a possibilidade de as empresas serem certificadas (caso cumpram determinados objectivos, obviamente) como empresas familiarmente responsáveis.
Implementar boas práticas, sem custos Na semana de 24 a 28 de Outubro, serão distribuídos, numa acção de divulgação nacional que envolverá 750 gestores e empresários, os kits AconteSer. Em torno de sete áreas temáticas – Líder, Empresa, Colaboradores, Comunidade, Fornecedores, Clientes e Eco-eficiência – os kits reúnem diversos cartões, com informações teóricas, questionários de aferição de conhecimentos e cartas de compromisso. A ideia é ajudar o líder, de forma simples, a executar, na sua empresa, práticas de gestão responsável. Estas “dicas”, estruturadas e organizadas por categorias, têm como objectivo inicial ajudar o líder e a empresa a realizar um autodiagnóstico com base em três questões fundamentais: onde estou, para onde vou e o que pretendo alcançar. Para além deste instrumento de gestão “físico”, os líderes poderão ainda contar com diversos materiais de apoio disponibilizados online. “Oferecer ao mercado uma marca e uma rede de propostas concretas que sejam uma real ajuda ao desenvolvimento das PME e uma base de rede operativa para acções futuras” é, como afirmou António Pinto Leite, o grande objectivo deste instrumento. |
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