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Desafio à inércia é importantíssimo em Portugal

As palavras são de Jorge Sampaio, que encerrou a 1ª Assembleia Geral de Investidores Sociais, promovida esta 2ª feira em Lisboa no âmbito do aniversário da Bolsa de Valores Sociais.

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O projecto, que visa "converter" organizações sociais em "laboratórios" que produzam vacinas contra a pobreza e a exclusão social, actuando nas causas e não nas consequências, ficou aquém dos objectivos traçados para o seu primeiro ano de actividade em Portugal. Mas a meta para 2011 é duplicar todos os resultados.

A Bolsa de Valores Sociais (BVS), iniciativa que replica o ambiente de uma Bolsa de Valores em benefício de Organizações Sociais, angariou 250 mil euros no seu primeiro ano de actividade. A iniciativa apoiada pela Euronext Lisbon, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação EDP e Caixa Geral de Depósitos não conseguiu, através das “acções sociais” adquiridas pelos doadores nos 22 projectos actualmente cotados, atingir a meta inicialmente traçada: angariar quinhentos mil euros em 2010. Estes resultados ficam, pois, abaixo das expectativas desta que é a segunda Bolsa de Valores Sociais do mundo e a primeira da Europa (inspirando-se na original BVS criada em 2003 no Brasil, para a BOVESPA e constituindo um piloto para as demais Euronext, em Amesterdão, Bruxelas, Paris e Nova Iorque), o que não permitiu a nove das 22 organizações cotadas arrancarem com os seus projectos.

Para assinalar o seu primeiro aniversário, a BVS realizou esta segunda-feira, na Sala dos Geradores do Museu da Electricidade, em Lisboa, a 1.ª Assembleia Geral de Investidores Sociais. Perante uma audiência de mais de duas centenas de pessoas, incluindo o ex-presidente da República, Jorge Sampaio, co-fundadores, empresários, investidores sociais, organizações do Terceiro Sector e jornalistas, Celso Grecco, presidente da Bolsa de Valores Sociais, admitiu esperar que, nesta fase, fosse possível ter "dois ou três projectos apoiados a cem por cento pelos accionistas” da BVS. Mas, para já, apenas "treze organizações estão a andar com os seus projectos", havendo outras "nove que não receberam fundos suficientes para iniciar" as acções. Determinado desde a primeira hora, Grecco acredita que até ao final do ano a iniciativa deverá atingir “300 mil euros destinados a financiar projectos de luta contra a pobreza e exclusão social”. De resto, o presidente da BVS garante que das treze organizações com projectos no terreno, "duas estão muito próximas do seu objectivo de angariação de cem por cento: quem sabe se até ao final do ano conseguimos anunciar que duas cotadas foram fechadas", adiantou.

Apesar de a implementação da BVS em Portugal ter ficado "abaixo dos objectivos" definidos para este primeiro ano, o seu presidente defende que existe também um "balanço positivo" a fazer: "temos hoje registados no site 679 investidores sociais particulares e seis empresas, num ano bastante difícil para a sociedade". Acresce que o conceito inovador de uma iniciativa social que replica o ambiente de uma Bolsa, com acções cotadas, é ainda desconhecido por terras lusas, suscitando alguma desconfiança. Daí que um dos objectivos para o próximo ano seja apostar mais na comunicação do projecto, divulgando-o aos quatro ventos.

Afinal, e como sublinha o antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, estamos perante “uma ideia genial e progressista”, factor essencial para a “centralidade do contrato social, que deve unir os cidadãos em torno de um projecto de partilhado”. No encerramento da 1.ª Assembleia Geral de Investidores Sociais, o actual Alto Representante da Aliança das Civilizações lamentou que a “experiência inovadora” da BVS, “que parece fácil”, encontre ainda “muita resistência”. Na sua opinião, a “troca de valores” inerente ao conceito desta Bolsa deve assentar na premissa de que “se queremos diminuir a presença do Estado, temos de aumentar a presença da iniciativa privada”. Manifestando-se preocupado com o facto da adesão ao projecto ficar ainda aquém dos objectivos propostos, Sampaio deixou o alerta: “todas as pequenas contribuições são muito importantes”, até porque “há mais proximidade e maior generosidade nos meios pequenos de que nos nossos prédios”. “O desafio à inércia é importantíssimo em Portugal”, rematou.


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