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Entrevista a Ana Paula Serra

Membro da Direcção da EGP-University of Porto Business School e Professora Auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

27 de Setembro de 2010 às 07:00
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Ana Paula Serra
Membro da Direcção da EGP-University of Porto Business School e Professora Auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

Há um modelo ideal para os programas de formação executiva, em termos de duração, horários, estrutura do curso e cadeiras?
Não há um formato ideal. A duração e estrutura do curso são função dos conteúdos e da abordagem pedagógica da formação, que por sua vez são determinados pelo objectivo da formação.

Os cursos de formação executivos devem ser especializados? São meros cursos de reciclagem ou aprende-se de facto algo de novo?
Há formações de executivos com diferentes graus de especialização, tratando temáticas de gestão mais ou menos específicas e consequentemente, com destinatários diversos. O denominador comum é que são formações para quem exerce a sua actividade num contexto empresarial, o que requer uma preocupação de integração dos conteúdos numa perspectiva de gestão de empresas.
Os cursos permitem novas aprendizagens, novos olhares, suscitando reflexões que proporcionam soluções aos desafios sentidos pelas empresas em ambientes de negócio de cada vez maior complexidade.
A título de exemplo, considere-se um curso mais generalista, como é o caso de Curso Geral de Gestão, destinado a quadros de empresas, muitos sem formação prévia nas áreas da gestão. Para estes destinatários, as aprendizagens, de conhecimentos, de técnicas e de ferramentas, permitirão torná-los mais aptos nas suas funções dentro da empresa. Paralelamente, existem cursos de formação de executivos que podem incidir sobre temáticas específicas, mais relacionadas com uma ou outra área funcional da gestão (marketing, recursos humanos, etc.).

Que vantagens tem um quadro ou um executivo em frequentar um curso de formação para executivos? Como se concilia a vida profissional com as exigências do curso? Há uma experiência profissional mínima ideal para frequentar um curso deste tipo? Existe um perfil tipo dos alunos deste tipo de cursos?
Há evidência de que a formação beneficia as empresas e os quadros e executivos na sua carreira profissional. As empresas que investem regularmente em formação, e o fazem de uma forma estruturada, sentem benefícios ao nível do desempenho dos seus colaboradores, das suas equipas e, em última instância, da empresa. As vantagens da formação de executivos variam de formação para formação pois são diversas as aprendizagens que cada curso propicia. Transversalmente, poder-se-á destacar a abertura de novos horizontes, a reflexão sobre as diferentes práticas empresariais, a aquisição de ferramentas para a tomada de decisão e a partilha de experiências entre participantes.
A conciliação entre os cursos e a vida profissional dos participantes dos cursos de Formação de Executivos é um desafio para as empresas. Se, por um lado, querem investir na qualificação dos seus colaboradores com mais elevado potencial, por outro lado, esses são muitas vezes no presente colaboradores-chave que a empresa não pode dispensar por muito tempo. Aqui, o formato do curso pode ajudar. Um curso a funcionar um dia por semana, ou em semanas alternadas, poderá permitir conciliar estas preocupações.
Os cursos de Formação de Executivos são oferecidos a quadros e executivos com experiência profissional relevante.
Não há um perfil-tipo. O curso pode ser recomendado para quadros seniores e dirigentes, para especialistas funcionais ou para quadros intermédios e juniores.

Sendo alguns dos cursos de formação de executivos abertos a não licenciados, isso não cria um certo desequilíbrio no grau de conhecimento e de preparação teórica dos alunos? Não cria também uma grande disparidade etária? Que vantagens tem a experiência face à licenciatura?
Os cursos de Formação de Executivos são oferecidos a quadros e executivos com experiência profissional relevante. A licenciatura não é condição necessária ou suficiente para admissão num determinado programa. O saber que advém da experiência profissional pode ser mais relevante que a formação académica de base. A indicação da empresa, de que o curso é adequado para um dos seus colaboradores, é uma boa garantia de que o colaborador terá o perfil correcto para esse curso. Em qualquer caso, é importante criar condições para que o grupo seja equilibrado. A disparidade etária pode existir mas, tal como a diversidade de formação de base, pode ser positiva à dinâmica e partilha no grupo.


Para o caso dos licenciados, que vantagens têm os cursos de formação de executivos face aos programas de mestrado e outros cursos de pós-graduação? E face a um MBA?
Os cursos de pós-graduação em gestão e os MBAs são também cursos de formação de executivos, oferecidos a quadros e executivos em diferentes fases da sua vida profissional. Os cursos de formação de executivos tout-court têm, porém, objectivos, formatos e duração distintos. Um Curso de Geral de Gestão, por exemplo, é recomendado a um quadro júnior sem formação de base nas áreas da gestão. Já um Curso de Estratégia ou Liderança, é um curso mais avançado desenhado para quadros mais seniores, potencialmente com formação prévia de MBA, com responsabilidades na definição dos destinos da empresa e face à equipa que lideram.
A formação de mestrado, em particular no caso dos mestrados de Bolonha, é uma formação avançada que visa a especialização numa área de conhecimento e não requer experiência profissional. Os objectivos, a abordagem e a experiência de formação são necessariamente distintos quando os destinatários são quadros com experiência profissional, como acontece na formação de executivos.

Há retorno do investimento feito no curso? Depois de frequentar este tipo de programas, os quadros e executivos progridem mais rapidamente, como acontece por exemplo com os titulares de um MBA?
A formação é de facto entendida como um investimento e o retorno desse investimento é uma preocupação constante por parte das empresas. Para que o investimento tenha retorno, é necessário estruturar a formação no seio de uma empresa, através de uma análise prévia dos desafios da empresa e das competências internas, ponto de partida para o levantamento das lacunas tanto em termos de hard skills como de soft skills dos seus colaboradores, ao longo do seu percurso profissional.
Os programas de formação devem ser avaliados face aos objectivos definidos. A análise do retorno do investimento deve ser feita pela empresa acompanhada de perto pelos responsáveis da formação de executivos das Business Schools. Nesse sentido, são cada vez mais os programas que contemplam um output específico, tal como um projecto ou uma proposta para a empresa, alinhado com os objectivos últimos da formação.



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