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Fernandes Thomaz quer exportações "a valer 75% do PIB"

Administrador da CGD traçou um quadro cru sobre as necessidades de vender mais para o exterior, e deixou pistas de como o fazer. As construtoras, que em Portugal definham, têm na América do Sul potencial para crescer

27 de Dezembro de 2011 às 14:35
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Nuno Fernandes Thomaz | O incontornável Brasil, o México "potencial" e a Colômbia da "moda" foram os três mercados sul-americanos destacados pelo administrador da Caixa Geral de Depósitos.


O país económico aponta, na sua maior parte, numa única direcção para fugir à recessão: as exportações. O administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Nuno Fernandes Thomaz, foi mais longe e estabeleceu uma meta numérica para esse objectivo, que caso não seja atingida poderá trazer consequências "muito complicadas". "Devemos ser muito mais ambiciosos quanto ao peso das exportações no PIB. Temos de o duplicar, porque Portugal como uma pequena economia aberta tem de saltar dos 35% para os 70% ou 75% do nosso PIB", fixou o gestor.

Para criar o contexto necessário, Nuno Fernandes Thomaz referiu as inevitáveis reformas estruturais que, de tantas vezes adiadas no nosso país, disse fazerem lembrar a célebre tirada dos "Gatos Fedorentos": "Eles falam, falam e não os vejo a fazer nada". O administrador da CGD apontou a Justiça e a nova lei dos arrendamentos como áreas prioritárias para o país poder captar mais investimento estrangeiro.

Por outro lado, há uma nova ordem mundial de que fazem parte países com quem Portugal tem laços históricos e culturais importantes, e que deve agora capitalizar no tabuleiro económico. "Há que aproveitar o novo xadrez mundial, bem como os mercados maduros não estarem com a mesma força dos últimos anos. Há países novos, os 'new kids on the block'. São parceiros em que temos vantagens competitivas para crescermos e para levarmos os nossos produtos, como Angola e Moçambique", especificou.

Thomaz apelou ainda para que Portugal faça proveito dos seus recursos humanos exógenos. "Não aproveitamos os portugueses que temos lá fora. Nós nunca contamos com eles, e isto é algo que a nova estrutura de diplomacia económica tem de saber rentabilizar. Estou em crer que vamos saber fazê-lo, mas também é obrigação das empresas portuguesas saberem quem são os empresários no país [para onde querem ir]", sublinhou.

Esquecer o marketing "made in"
Para vender mais, há que melhorar o marketing. A verdade é universal, e o administrador da CGD não foge a essa ideia mas tem uma nova perspectiva. "Muitas vezes, preocupamo-nos em ter o marketing da marca Portugal, mas acho que não devemos investir muito aí. Devemos apostar nas empresas, nos portugueses e na qualidade do serviço que temos para oferecer lá fora", afirmou. Há que retirar o peso dos ícones Mourinho e Ronaldo e veicular ideias concretas: "Portugal tem serviços extraordinários e um "know-how" muito importante para levar para esses países", acrescentou.

Crescer primeiro para não morrer
Fazendo jus da experiência profissional como assessor de PME que iniciaram o processo de exportação, Fernandes Thomaz não tem dúvidas: "Quem pensa que a resolução para todos os males das empresas é a internacionalização, desengane-se", frisou. O gestor defendeu que para as empresas portuguesas se internacionalizarem, precisam primeiro de estar bem estruturadas. Em alguns casos, avançam sem se ter um modelo de 'governance' preparado, e acabam por "morrer" durante este processo.

O administrador da CGD referiu que é importante "fazer o trabalho de casa" quando se parte para novos mercados, porque actualmente já "não há 'el dourados'". "A melhor forma de nos internacionalizarmos e exportarmos é em parceria com entidades financeiras. Não tenhamos dúvidas e não é só pelo dinheiro, mas também pela estruturação e o tipo de apoio", defendeu.

As apostas latino-americanas
O gestor quis ainda abrir os horizontes sul-americanos aos empresários. Falar da América Latina é, na sua óptica , "lembrarmo-nos automaticamente do Brasil que tem 200 milhões de pessoas, um crescimento único, e uma classe média a aparecer com uma grande pujança, a querer consumir desde casas a carros".

Depois do destino clássico, Thomaz chamou a atenção para o potencial crescente do México e para o despontar de um novo mercado de eleição para os empresários nacionais, a Colômbia.

"É um país que está na moda, começa a viver um momento pujante e a ter um papel nestas privatizações que estão a ser feitas em Portugal", identificou.

Construtoras já lá para fora
O ponto em comum de todos estes países, segundo Fernandes Thomaz, é serem deficitários em infraestruturas e apreciarem o "know-how" português. Haverá muito mercado para as construtoras nacionais. "Foi algo que já deu em Portugal, que não vai dar nos próximos tempos, mas este tipo de países olham para nós como os que sabem fazer, porque fizeram", salientou o gestor da CGD.
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