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Investimento: A dose certa de risco
Se quer ver as suas poupanças crescer, vai ter de juntar alguma incerteza à sua carteira de investimentos.
Já o horizonte de investimento, esse tem de ser longo - nunca menos de cinco anos. Quanto maior o prazo, mais riscos poderá assumir com vista a um melhor rendimento. Risco e rendimento são, aliás, duas faces da mesma moeda no que toca ao investimento. Apesar de ser prudente manter uma parte das poupanças em aplicações de capital garantido, deve dar o maior peso possível a produtos financeiros com maior potencial de valorização, investindo em ativos com diferentes níveis de risco.
Independentemente do perfil mais ou menos defensivo, há uma etapa que nenhum investidor pode pular: a criação de um fundo de emergência, com um montante equivalente a seis vezes o seu rendimento mensal. Para esta finalidade, terá de fazer vista grossa ao rendimento, aplicando esse dinheiro num produto com capital garantido e que, além disso, permita a sua mobilização a qualquer momento. A solução é um depósito a prazo. Mesmo que saiba à partida que, em termos reais, vai perder dinheiro, já que o valor da inflação (1,3%, em 2019) supera largamente o rendimento que estes produtos oferecem (0,1%, em média). Por isso, deve sempre procurar os melhores depósitos, renovando-os anualmente (encontre-os com a ajuda do nosso simulador, em www.deco.proteste.pt/investe/depositos-a-prazo).
Na balança dos bons investimentos, o rendimento dos produtos de capital garantido pesa muito pouco (na página seguinte, falamos mais em detalhe sobre estes e outros ativos). Começando com uma taxa de 0,5% no primeiro ano, os Certificados de Aforro e do Tesouro não fazem, na realidade, muita sombra aos depósitos a prazo. Os seguros de capitalização podem ser uma opção um pouco mais atrativa. Mas, atenção, não vai poder mexer no dinheiro aplicado durante alguns anos.
É por isso que, mesmo que a palavra "risco" lhe dê calafrios, há que incluí-la na equação se quiser multiplicar as suas poupanças, investindo uma maior parcela em ativos com este perfil.
Risco sustentado
A história mostra que o investimento nos mercados financeiros pode ser bastante rentável: na última década, o ganho das bolsas mundiais foi de 12% ao ano. Se realizado numa ótica de longo prazo, a probabilidade de ocorrerem perdas reduz-se significativamente.
Neste campo, os fundos de investimento são a solução mais adequada para a maioria dos perfis. Através da aplicação de algumas dezenas de euros, pode investir em centenas ou mesmo milhares de ações, obrigações, depósitos e outros fundos. Apesar do rendimento incerto, se bem escolhidos, os fundos permitem rentabilizar os seus investimentos de forma sustentada. Muito semelhantes a estes ativos são os ETF, fundos cotados em bolsa. Estes tendem a cobrar comissões mais baixas do que os primeiros, mas, em contrapartida, têm custos associados à compra e venda em bolsa, o que obriga a um investimento mínimo superior (pelo menos, 1000 euros por ETF).
Se preferir a negociação direta de ações, esteja preparado para fazer um acompanhamento permanente das cotações e para um investimento inicial muito mais alto (pelo menos, 10 mil euros).
Outro complemento aos seus investimentos que também pode considerar são os planos de poupança-reforma (PPR).
Só muito de vez em quando
Produtos como as obrigações propiciam, pontualmente, oportunidades de investimento. Ao subscrevê-las, está, na prática, a emprestar dinheiro à entidade que as emite, sejam empresas ou o próprio Estado. O risco associado a este tipo de investimento está sobretudo relacionado com a possibilidade de o emitente não conseguir pagar os juros prometidos ou reembolsar o dinheiro aplicado - o chamado risco de crédito.
Vendidos como potencialmente mais rentáveis do que os depósitos a prazo tradicionais, os depósitos indexados muito raramente são uma alternativa recomendável. A sua rentabilidade depende da evolução de outras variáveis, como a cotação de índices bolsistas ou a valorização de matérias-primas, e o certo é que, normalmente, fica aquém dos melhores depósitos a prazo, cujo rendimento é conhecido na altura da subscrição. Além disso, são produtos complexos, logo, apenas podem ser sugeridos a investidores com um elevado nível de conhecimento financeiro.
Não aposte as suas poupanças
Mas a oferta de produtos de investimento, além de complexa, pode mesmo ser perigosa. Vejam-se os derivados como os CFD ("contracts for difference"), os warrants e os futuros, que permitem a alavancagem, ou seja, investir dinheiro que não se tem. Ou produtos puramente especulativos, como as criptomoedas e as opções binárias. Os números da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) não deixam dúvidas: entre 74% e 89% de investidores não-profissionais registaram perdas com os CFD e, nas opções binárias, essa proporção é de uns dramáticos 81 a 87 por cento.
Nas lides do investimento, correr algum risco não é sinónimo de apostar as poupanças no casino. Por isso, sempre que tenha sérias dúvidas sobre o funcionamento de um determinado ativo, a aposta mais acertada é não investir.
Investir com peso, conta e algum risco
Seguros de Capitalização
Este produto é indicado para quem não quer arriscar, mas pode manter o capital imobilizado durante vários anos (normalmente, oito anos).
Rendimento: Garantem um rendimento mínimo anual, ao qual acrescerá a chamada "participação nos resultados". Recomendamos o seguro Generali + Poupança, que, em 2019, garante um rendimento mínimo de 0,5 por cento. Em 2016 e 2017, o ganho bruto médio anual foi de 2 por cento.
Risco: Apesar de o produto garantir o capital, as comissões elevadas podem levar a perdas. Numa situação-limite, há o risco de a seguradora não poder assumir os seus compromissos financeiros.
Montante mínimo: Varia consoante o seguro, mas muitos podem ser subscritos a partir de algumas dezenas de euros.
Subscrição: Mediadoras, seguradoras ou bancos.
Fundos
São o instrumento de investimento democrático por excelência. A oferta de fundos é tão grande que todos podem encontrar uma boa solução, sem que seja necessário acompanhar os mercados ou ter grandes conhecimentos financeiros.
Rendimento: Os resultados dos fundos dependem sobretudo do mercado em que investem. Por exemplo, nos últimos 12 meses, os fundos de ações brasileiras ganharam 5,3%, enquanto os de ações turcas perderam 30,6 por cento. Mas, mesmo dentro de cada categoria, a qualidade da gestão dos fundos e os encargos associados resultam em diferentes níveis de rendimento.
Risco: Um fundo que invista num mercado acionista emergente será mais arriscado do que um especializado em obrigações em euros. No entanto, como as carteiras de fundos são sempre muito diversificadas, o risco nunca é tão elevado como no investimento direto em bolsa.
Montante mínimo: A partir de 10 euros.
Subscrição: Nos bancos, embora cada um tenha uma oferta diferente: alguns disponibilizam apenas os seus próprios produtos, enquanto outros vendem os fundos de outras entidades gestoras.
Por onde começar: Constituir a sua própria carteira será uma tarefa muito trabalhosa. Também pode optar por investir em fundos multiativos, compostos por carteiras diversificadas e por vários mercados. Neste caso, a repartição fica totalmente ao critério das sociedades gestoras, que tendem a centrar-se nos principais mercados, deixando escapar, por vezes, as melhores oportunidades.
O caminho mais simples é subscrever os fundos Optimize Selecção, nas modalidades defensiva, base ou agressiva. Estes fundos reproduzem as nossas carteiras, cujos resultados têm sido muito positivos: nos últimos 10 anos, a versão base obteve um ganho médio anual de 9,6%, o que significa que, se tivesse investido 10 mil euros, teria agora 25 010 euros.
Os subscritores da PROTESTE INVESTE recebem ainda um prémio de fidelização anual de 0,4% sobre o valor investido.
Depósitos a prazo
Apesar dos juros muito baixos, o capital está garantido e pode levantar o dinheiro em qualquer altura. É o produto ideal para criar um fundo de emergência. Apenas os mais bem remunerados são uma alternativa aos Certificados e aos seguros.
Rendimento: Em termos reais podem dar prejuízo, com a média dos depósitos a prazo a 12 meses a oferecer 0,1%, enquanto a inflação prevista pelo Banco de Portugal é de 0,8% para 2019. A melhor taxa a 12 meses (0,9%) é oferecida no Banco Invest, para novos montantes.
Certificados (Dívida Pública)
Os Certificados de Aforro (CA) e os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) são dívida emitida pelo Estado, destinada aos investidores particulares.
Rendimento: Os juros aumentam consoante o prazo do investimento. Se mantidos até ao fim (10 anos), os CA rendem 1%, taxa que depende da evolução da Euribor: consoante esta suba ou desça, o rendimento médio anual é superior ou inferior a 1 por cento. Os CTPC, com um prazo máximo de sete anos, garantem uma taxa média anual de 1 por cento. A partir do segundo ano, a taxa de juro é acrescida de um prémio em função do crescimento do PIB.
Risco: O reembolso total é garantido pelo Estado, mesmo que resgate o capital antes do final do prazo. Contudo, é impossível fazê-lo nos primeiros três meses, no caso dos CA, e nos primeiros 12 meses, no caso dos CTPC.
Montante mínimo: 100 euros para os CA e 1000 euros para os CTPC.
Subscrição: Nos balcões dos CTT ou online, através do serviço Aforro Net (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública).
Ações
As ações são o produto indicado para aqueles que têm um longo horizonte de tempo (mínimo de cinco anos) e o capital necessário para investir. Terá de estar atento ao dia-a-dia das bolsas e partilhar as alegrias e as tristezas que resultem da atividade das empresas em cujas ações aplicar o seu dinheiro.
Rendimento: Nos últimos 10 anos, o mercado global gerou um ganho médio, historicamente elevado, de 12% ao ano. Esse retorno vem da subida das cotações e, em menor escala, dos dividendos. Para os próximos anos, esperam-se bons retornos, mas provavelmente aquém dos 10 por cento.
Risco: O valor das ações é bastante volátil. Pode subir ou cair drasticamente, dependendo dos resultados das empresas, da conjuntura económica e até do sentimento geral dos investidores.
Montante mínimo: Mais de 10 mil euros, para que possa investir numa carteira diversificada (mínimo de 10 a 15 ações diferentes).
Subscrição: Através de um banco ou de uma corretora, entidades que servem de intermediários para as ordens de compra e venda dos títulos.
Por onde começar: Se tiver disponibilidade para acompanhar a evolução dos mercados, pode fazer a sua própria análise. A alternativa passa por seguir as recomendações da PROTESTE INVESTE sobre um total de 150 ações. Para facilitar ainda mais a tarefa, temos uma parceria com o Banco Carregosa que permite replicar a nossa carteira-modelo (que inclui 11 títulos) de forma automática.