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Investimento: A dose certa de risco

Se quer ver as suas poupanças crescer, vai ter de juntar alguma incerteza à sua carteira de investimentos.

14 de Maio de 2019 às 11:30
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Querer investir, mas não saber por onde começar é um dilema comum a muitos portugueses. Como tempo é dinheiro, quanto mais cedo der o primeiro passo, melhor. Mesmo que com pequenos montantes.

Já o horizonte de investimento, esse tem de ser longo - nunca menos de cinco anos. Quanto maior o prazo, mais riscos poderá assumir com vista a um melhor rendimento. Risco e rendimento são, aliás, duas faces da mesma moeda no que toca ao investimento. Apesar de ser prudente manter uma parte das poupanças em aplicações de capital garantido, deve dar o maior peso possível a produtos financeiros com maior potencial de valorização, investindo em ativos com diferentes níveis de risco.

Começar do zero. Ou lá perto

Independentemente do perfil mais ou menos defensivo, há uma etapa que nenhum investidor pode pular: a criação de um fundo de emergência, com um montante equivalente a seis vezes o seu rendimento mensal. Para esta finalidade, terá de fazer vista grossa ao rendimento, aplicando esse dinheiro num produto com capital garantido e que, além disso, permita a sua mobilização a qualquer momento. A solução é um depósito a prazo. Mesmo que saiba à partida que, em termos reais, vai perder dinheiro, já que o valor da inflação (1,3%, em 2019) supera largamente o rendimento que estes produtos oferecem (0,1%, em média). Por isso, deve sempre procurar os melhores depósitos, renovando-os anualmente (encontre-os com a ajuda do nosso simulador, em www.deco.proteste.pt/investe/depositos-a-prazo).

Na balança dos bons investimentos, o rendimento dos produtos de capital garantido pesa muito pouco (na página seguinte, falamos mais em detalhe sobre estes e outros ativos). Começando com uma taxa de 0,5% no primeiro ano, os Certificados de Aforro e do Tesouro não fazem, na realidade, muita sombra aos depósitos a prazo. Os seguros de capitalização podem ser uma opção um pouco mais atrativa. Mas, atenção, não vai poder mexer no dinheiro aplicado durante alguns anos.

É por isso que, mesmo que a palavra "risco" lhe dê calafrios, há que incluí-la na equação se quiser multiplicar as suas poupanças, investindo uma maior parcela em ativos com este perfil.

Risco sustentado

A história mostra que o investimento nos mercados financeiros pode ser bastante rentável: na última década, o ganho das bolsas mundiais foi de 12% ao ano. Se realizado numa ótica de longo prazo, a probabilidade de ocorrerem perdas reduz-se significativamente.

Neste campo, os fundos de investimento são a solução mais adequada para a maioria dos perfis. Através da aplicação de algumas dezenas de euros, pode investir em centenas ou mesmo milhares de ações, obrigações, depósitos e outros fundos. Apesar do rendimento incerto, se bem escolhidos, os fundos permitem rentabilizar os seus investimentos de forma sustentada. Muito semelhantes a estes ativos são os ETF, fundos cotados em bolsa. Estes tendem a cobrar comissões mais baixas do que os primeiros, mas, em contrapartida, têm custos associados à compra e venda em bolsa, o que obriga a um investimento mínimo superior (pelo menos, 1000 euros por ETF).

Se preferir a negociação direta de ações, esteja preparado para fazer um acompanhamento permanente das cotações e para um investimento inicial muito mais alto (pelo menos, 10 mil euros).

Outro complemento aos seus investimentos que também pode considerar são os planos de poupança-reforma (PPR).

Só muito de vez em quando

Produtos como as obrigações propiciam, pontualmente, oportunidades de investimento. Ao subscrevê-las, está, na prática, a emprestar dinheiro à entidade que as emite, sejam empresas ou o próprio Estado. O risco associado a este tipo de investimento está sobretudo relacionado com a possibilidade de o emitente não conseguir pagar os juros prometidos ou reembolsar o dinheiro aplicado - o chamado risco de crédito.

Vendidos como potencialmente mais rentáveis do que os depósitos a prazo tradicionais, os depósitos indexados muito raramente são uma alternativa recomendável. A sua rentabilidade depende da evolução de outras variáveis, como a cotação de índices bolsistas ou a valorização de matérias-primas, e o certo é que, normalmente, fica aquém dos melhores depósitos a prazo, cujo rendimento é conhecido na altura da subscrição. Além disso, são produtos complexos, logo, apenas podem ser sugeridos a investidores com um elevado nível de conhecimento financeiro.

Não aposte as suas poupanças

Mas a oferta de produtos de investimento, além de complexa, pode mesmo ser perigosa. Vejam-se os derivados como os CFD ("contracts for difference"), os warrants e os futuros, que permitem a alavancagem, ou seja, investir dinheiro que não se tem. Ou produtos puramente especulativos, como as criptomoedas e as opções binárias. Os números da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) não deixam dúvidas: entre 74% e 89% de investidores não-profissionais registaram perdas com os CFD e, nas opções binárias, essa proporção é de uns dramáticos 81 a 87 por cento.

Nas lides do investimento, correr algum risco não é sinónimo de apostar as poupanças no casino. Por isso, sempre que tenha sérias dúvidas sobre o funcionamento de um determinado ativo, a aposta mais acertada é não investir.


Investir com peso, conta e algum risco
Seguros de Capitalização

Este produto é indicado para quem não quer arriscar, mas pode manter o capital imobilizado durante vários anos (normalmente, oito anos).

Rendimento: Garantem um rendimento mínimo anual, ao qual acrescerá a chamada "participação nos resultados". Recomendamos o seguro Generali + Poupança, que, em 2019, garante um rendimento mínimo de 0,5 por cento. Em 2016 e 2017, o ganho bruto médio anual foi de 2 por cento.

Risco: Apesar de o produto garantir o capital, as comissões elevadas podem levar a perdas. Numa situação-limite, há o risco de a seguradora não poder assumir os seus compromissos financeiros.

Montante mínimo: Varia consoante o seguro, mas muitos podem ser subscritos a partir de algumas dezenas de euros.

Subscrição: Mediadoras, seguradoras ou bancos.


Fundos

São o instrumento de investimento democrático por excelência. A oferta de fundos é tão grande que todos podem encontrar uma boa solução, sem que seja necessário acompanhar os mercados ou ter grandes conhecimentos financeiros.

Rendimento: Os resultados dos fundos dependem sobretudo do mercado em que investem. Por exemplo, nos últimos 12 meses, os fundos de ações brasileiras ganharam 5,3%, enquanto os de ações turcas perderam 30,6 por cento. Mas, mesmo dentro de cada categoria, a qualidade da gestão dos fundos e os encargos associados resultam em diferentes níveis de rendimento.

Risco: Um fundo que invista num mercado acionista emergente será mais arriscado do que um especializado em obrigações em euros. No entanto, como as carteiras de fundos são sempre muito diversificadas, o risco nunca é tão elevado como no investimento direto em bolsa.

Montante mínimo: A partir de 10 euros.

Subscrição: Nos bancos, embora cada um tenha uma oferta diferente: alguns disponibilizam apenas os seus próprios produtos, enquanto outros vendem os fundos de outras entidades gestoras.

Por onde começar: Constituir a sua própria carteira será uma tarefa muito trabalhosa. Também pode optar por investir em fundos multiativos, compostos por carteiras diversificadas e por vários mercados. Neste caso, a repartição fica totalmente ao critério das sociedades gestoras, que tendem a centrar-se nos principais mercados, deixando escapar, por vezes, as melhores oportunidades.

O caminho mais simples é subscrever os fundos Optimize Selecção, nas modalidades defensiva, base ou agressiva. Estes fundos reproduzem as nossas carteiras, cujos resultados têm sido muito positivos: nos últimos 10 anos, a versão base obteve um ganho médio anual de 9,6%, o que significa que, se tivesse investido 10 mil euros, teria agora 25 010 euros.

Os subscritores da PROTESTE INVESTE recebem ainda um prémio de fidelização anual de 0,4% sobre o valor investido.


Depósitos a prazo

Apesar dos juros muito baixos, o capital está garantido e pode levantar o dinheiro em qualquer altura. É o produto ideal para criar um fundo de emergência. Apenas os mais bem remunerados são uma alternativa aos Certificados e aos seguros.

Rendimento: Em termos reais podem dar prejuízo, com a média dos depósitos a prazo a 12 meses a oferecer 0,1%, enquanto a inflação prevista pelo Banco de Portugal é de 0,8% para 2019. A melhor taxa a 12 meses (0,9%) é oferecida no Banco Invest, para novos montantes.

Certificados (Dívida Pública)

Os Certificados de Aforro (CA) e os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) são dívida emitida pelo Estado, destinada aos investidores particulares.

Rendimento: Os juros aumentam consoante o prazo do investimento. Se mantidos até ao fim (10 anos), os CA rendem 1%, taxa que depende da evolução da Euribor: consoante esta suba ou desça, o rendimento médio anual é superior ou inferior a 1 por cento. Os CTPC, com um prazo máximo de sete anos, garantem uma taxa média anual de 1 por cento. A partir do segundo ano, a taxa de juro é acrescida de um prémio em função do crescimento do PIB.

Risco: O reembolso total é garantido pelo Estado, mesmo que resgate o capital antes do final do prazo. Contudo, é impossível fazê-lo nos primeiros três meses, no caso dos CA, e nos primeiros 12 meses, no caso dos CTPC.

Montante mínimo: 100 euros para os CA e 1000 euros para os CTPC.

Subscrição: Nos balcões dos CTT ou online, através do serviço Aforro Net (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública).


Ações

As ações são o produto indicado para aqueles que têm um longo horizonte de tempo (mínimo de cinco anos) e o capital necessário para investir. Terá de estar atento ao dia-a-dia das bolsas e partilhar as alegrias e as tristezas que resultem da atividade das empresas em cujas ações aplicar o seu dinheiro.

Rendimento: Nos últimos 10 anos, o mercado global gerou um ganho médio, historicamente elevado, de 12% ao ano. Esse retorno vem da subida das cotações e, em menor escala, dos dividendos. Para os próximos anos, esperam-se bons retornos, mas provavelmente aquém dos 10 por cento.

Risco: O valor das ações é bastante volátil. Pode subir ou cair drasticamente, dependendo dos resultados das empresas, da conjuntura económica e até do sentimento geral dos investidores.

Montante mínimo: Mais de 10 mil euros, para que possa investir numa carteira diversificada (mínimo de 10 a 15 ações diferentes).

Subscrição: Através de um banco ou de uma corretora, entidades que servem de intermediários para as ordens de compra e venda dos títulos.

Por onde começar: Se tiver disponibilidade para acompanhar a evolução dos mercados, pode fazer a sua própria análise. A alternativa passa por seguir as recomendações da PROTESTE INVESTE sobre um total de 150 ações. Para facilitar ainda mais a tarefa, temos uma parceria com o Banco Carregosa que permite replicar a nossa carteira-modelo (que inclui 11 títulos) de forma automática.

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