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Brexit: Reino Unido vai sair da europa?

Em junho, um referendo ditará se o Reino Unido continua na União Europeia. Há motivos para alterar os investimentos?

24 de Maio de 2016 às 10:20
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Pouco tempo depois de se ter evitado uma secessão da Escócia, há agora um novo risco com origem nas ilhas britânicas e de proporções muito maiores. A 23 de junho, um referendo, prometido há alguns anos pelo atual primeiro- -ministro, decidirá sobre o futuro do Reino Unido na Europa.

Se os britânicos votarem pela saída da UE é inevitável uma reação negativa dos investidores no curto prazo. E muito provavelmente não será apenas a bolsa de Londres a ficar sob pressão. Contudo, a médio e longo prazo, os efeitos económicos serão sobretudo sentidos pelo Reino Unido. Mas a realidade é que as consequências de uma saída britânica são difíceis de determinar. Em primeiro lugar não existe um precedente te que possa servir de exemplo. Em segundo, mesmo que existisse dificilmente seria comparável dada a dimensão da economia britânica. O Reino Unido possui o segundo maior PIB da Europa, atrás da Alemanha e um pouco à frente da França.

Embora não seja totalmente consensual, parece inevitável que, para manter o acesso aos mercados continentais, o Reino Unido teria de continuar a cumprir a maior parte dos requisitos regulamentares impostos pela União Europeia. A diferença é que, estando de fora, deixaria de poder influenciar as políticas comunitárias. Este é um dos principais argumentos dos defensores da manutenção do Reino Unido na UE.

Para o resto da Europa, as implicações económicas serão menores, mas as repercussões políticas serão importantes. Será um revés para o projeto de construção europeia. Apesar de tradicionalmente, a postura britânica ter sido sempre de bastante ceticismo face à integração europeia, é difícil conceber uma Europa mais unida com o Reino Unido à margem.

Trunfos superam incertezas

Algumas sondagens apontam para uma ligeira vantagem do "In". E com as concessões alcançadas pelo atual Governo de Londres, criaram-se as condições para as principais forças políticas britânicas apoiarem a manutenção do país na Europa. No entanto, o resultado permanece incerto e, para já, muitas empresas decidiram suspender alguns investimentos até ao referendo.

Apesar da incerteza mantemos os nossos conselhos sobre os ativos britânicos. Em primeiro lugar, a exposição das nossas estratégias à bolsa de Londres não é demasiado elevada. Em segundo, as ações britânicas continuam a oferecer uma relação entre rendimento e risco mais atrativa do que a generalidade das outras bolsas, nomeadamente da zona euro. Por fim, muitas das cotadas em Londres dependem mais da evolução da economia mundial do que da atividade doméstica. Atualmente, recomendamos a compra da National Grid, Pearson, Rio Tinto, Sainsbury, Vodafone e também do Barclays Bank, embora esta última ação seja mais arriscada. Para investir através de fundos, garantindo uma maior diversificação, aconselhamos o Fidelity United Kingdom A, SISF UK Equity B e Threadneedle UK Extended Alpha.

Mantemo-nos, de momento, afastados. Além da volatilidade a que a moeda poderá estar sujeita até ao referendo, também as perspetivas a longo prazo para libra são ainda de ligeira depreciação. Só uma taxa de câmbio mais baixa face ao euro poderá tornar a divisa inglesa mais apelativa.



  Cotações a 06/05/2016                                       

Barclays Bank
Cotação 162,00 pence
Risco 4

A City de Londres seria a mais afetada pelo Brexit. As empresas financeiras poderiam ser privadas do passaporte que permite a um banco autorizado num Estado-membro trabalhar no resto da UE. Seria de prever restruturações e alguns bancos seriam realocados para a Irlanda ou Frankfurt, o que envolveria custos adicionais. Recomendamos o Barclays, mas apenas para os que aceitem o risco elevado.


National Grid
Cotação 991,80 pence
Risco 3

A atividade de distribuição de gás e eletricidade está enquadrada (preço definido pelo regulador, mas em alta), o que dá muita previsibilidade aos resultados do grupo. A diferença entre a rentabilidade dos investimentos e os custos de financiamento continua a aumentar, permitindo resultados cada vez melhores. O grupo também já está a aproveitar oportunidades de crescimento fora do Reino Unido.


Pearson
Cotação 820,00 pence
Risco 3

O grupo está a em restruturação e deverá beneficiar ao centrar-se mais nas edições escolares e universitárias, depois da venda das suas edições financeiras (Financial Times, The Economist). Estas alienações permitam-lhe reforçar as reservas financeiras, o que pode acelerar os seus investimentos (incluindo a educação digital) e o pagamento de dividendos regulares aos acionistas.


Rio Tinto
Cotação 2133,50 pence
Risco 3

Um dos maiores do mundo grupos de mineração mundiais, a anglo-australiana Rio Tinto está presente sobretudo no alumínio, cobre e minério de ferro. O grupo depende da evolução dos preços das matérias-primas e os problemas no Reino Unido têm um impacte relativo. A Rio Tinto aprendeu as lições do passado e está a preservar capital e as suas margens, enquanto espera a recuperação dos mercados.


Sainsbury
Cotação 266,50 pence
Risco 2

A terceira maior cadeia de supermercados no Reino Unido opera mais de mil lojas no segmento elevado, mas também vende online. A dependência do mercado interno aumenta o impacte de um Brexit. Repercutir uma queda da libra sobre os preços de venda não será fácil num setor onde a concorrência é feroz, mas o grupo tem uma posição privilegiada e margens confortáveis.


Vodafone Group
Cotação 218,75 pence
Risco 3

Especializada em comunicações móveis, a Vodafone tem seguido a tendência do setor, reforçando a aposta nas ofertas combinadas (móvel, fixo, Internet e televisão), o que deverá estimular os resultados. O mercado britânico representa apenas 12% dos lucros. Se a libra cair os lucros sairão impulsionados e é provável um impacto positivo sobre a cotação para os investidores em euros.



Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.


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