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Tim Berners-Lee: "A internet é um lugar muito tóxico e polarizante", mas reparável

Numa conversa da Web Summit, ao lado do co-fundador da Inrupt, o "pai" da internet alertou para a necessidade de criar ferramentas que respeitem os utilizadores e reparar os algoritmos que têm tornado a internet num lugar "desagradável".

Lusa
12 de Novembro de 2024 às 18:17
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Há 35 anos, Tim Berners-Lee inventou a World Wide Web (WWW). Esta tecnologia cresceu exponencialmente desde esse momento e o seu fundador reconhece que se tornou num "lugar muito tóxico, desagradável e polarizante". No entanto, tal como no início, Lee continua a ver potencial na sua criação, principalmente no que toca a servir os indivíduos, e deixa um aviso: é preciso trabalhar e reparar os algoritmos.

Numa conversa sobre como melhorar este ecossistema na Web Summit, acompanhada por John Bruce e moderada por Karen Tso da CNBC, Lee defendeu a necessidade de aprimorar esta ferramenta imprescindível ao mundo moderno, através da criação de "novas ferramentas que respeitem as pessoas". "Eu sei que consigo ter esse poder ao programar por mim próprio – mas todas as pessoas merecem esse poder", esclareceu.

Até 2026, espera-se que cerca de 60% da população mundial utilize carteiras digitais – ou seja, um dispositivo eletrónico que permite ao seu utilizador fazer transações eletrónicas – de forma regular. O uso desta ferramenta levanta uma série de questões de segurança que os seus utilizadores querem ver respondidas, mas John Bruce inverte o paradigma. "Em vez de [os dados pessoais] existirem numa base de dados de 10 milhões de cartões de crédito, existem numa carteira digital. Aqui, eu não vou sofrer os mesmos tipo de ataques porque o alvo não é tão lucrativo e não se utilizam meios de ‘hacking’ tão sofisticados", afirma.

"É quase como a diferença entre roubar um banco ou roubar uma pessoa na rua. É um perfil de ataque muito diferente", adiciona.

O crescimento da inteligência artificial (IA), e como a mesma se conjuga com a segurança num ecossistema cibernético, também não ficou de fora desta discussão. Para o fundador da internet, esta ferramenta pode ser ainda mais explorada de forma a desenvolver um assistente pessoal do estilo do ChatGPT e dar às pessoas uma "inteligência artificial que funciona para elas". "Tu tens todos os teus dados dentro de uma carteira digital, executas a IA e o objetivo é que aquilo não deixe passar nenhuma da tua informação para fora. E dá-te muito mais informação, uma vez que usa os teus dados pessoais para a filtrar", explica o programador.

Em conjunto com John Bruce, Tim Berners-Lee criou a Inrupt, uma start-up que tem como objetivo construir para os utilizadores da WWW um "login" único, que pode vir a ser utilizado em diferentes "websites" da Internet. A empresa pretende armazenar estes dados em contendores digitais – a que dá o nome de "pods" -, que poderão conceder acesso a parte ou à totalidade da informação de um utilizador a um serviço.

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