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Com grande potencial e riscos associados, inteligência artificial domina o horizonte tecnológico
Num painel que se propunha a falar das previsões tecnológicas para 2025, a inteligência artifical monopolizou a conversa. Às grandes potencialidades da tecnologia estão associadas a grandes riscos, mas a palavra de ordem é continuar - mas com cautela.
Apesar do painel até ser intitulado "The 2025 tech prediction", falou-se mais do presente do que previsões para o próximo ano no mundo da tecnologia. Esta quinta-feira, a Web Summit reuniu três oradores de peso dos seus diferentes ramos para discutir o horizonte tecnológico – e a clara protagonista foi a inteligência artificial (IA).
Fazendo um ponto da situação atual, Fedra Ribeiro, membro do conselho executivo da Bosch, explica que as potencialidades da IA na empresa são infinitas. Esta tecnologia encontra-se, agora, no "centro do desenvolvimento dos produtos" da multinacional e, sendo a Bosch uma empresa que está presente nas casas de milhões de cidadãos, a responsabilidade de conjugar a IA com os seus produtos, de forma ética, é elevada.
"Fomos uma das primeiras empresas a criar um ‘codex’ de IA, que permite regular o nosso uso desta tecnologia", afirmou Fedra Ribeiro, que indicou ainda que a Bosch trabalha, regularmente, com entidades regulatórias de vários pontos do mundo para assegurar uma "utilização ética" desta ferramenta.
Por cá, o CTO (Chief Technology Officer) da Meo, José Pedro Nascimento, partilha das mesmas preocupações de Fedra Ribeiro. A IA é uma ferramenta importante para reduzir custos e melhorar a experiência do utilizador dos vários serviços que a Meo disponibiliza. No entanto, José Pedro Nascimento relembra que esta tecnologia tem de ser explorada com "cuidado" e num "ambiente seguro" – principalmente, quando estamos a falar da IA generativa (uma categoria de inteligência artificial que permite criar novos textos, imagens, sons e códigos).
"Nós queremos ser mais eficientes e queremos levar a melhor qualidade aos nossos clientes. Estamos a testar vários usos da IA nas nossas operações, como, por exemplo, nas relações com o consumidor, através de ‘chatbots’", explicou o CTO da Meo. Recentemente, a empresa criou um centro de IA para explorar qual é a forma mais eficiente e segura para utilizar esta ferramenta. Os objetivos são vários e passam por reduzir custos, testar a sua utilização em vários serviços e, ainda, encontrar ideias para capitalizar.
Em consonância, esta quinta-feira, a Meo Empresas lançou um novo programa de inovação, intitulado "5G API Sprint", que quer testar a criatividade de empresas, startups e programadores na criação de protótipos ou no redesenho de aplicações. Os três vencedores vão receber um prémio monetário de cinco mil euros e, ainda, um passe para a Web Summit do próximo ano.
Já para Kanchan Ray, CTO da Nagarro – empresa dedicada à engenharia digital e soluções tecnológicas -, os usos da tecnologia de IA são inúmeros e os contributos que podem dar ao local de trabalho, tornando-o num ambiente mais eficiente e veloz, são incomparáveis a qualquer outra ferramenta. "Eu vejo todos os trabalhos, no próximo ano, a terem um copiloto de IA a ajudar", profetizou o CTO.
No entanto, Ray não é um adepto ferveroso da regulamentação do setor, argumentando que a mesma acaba por estrangular a inovação. "Todos nós, que estamos a investir muito dinheiro neste setor, conseguimos governar-nos a nós próprios. Isto antes do ‘Big Brother’ chegar e começar a controlar tudo", provocou.