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Tipo de vacina recebida pode determinar destinos das viagens
Com a retoma das viagens globais no horizonte, começa a ficar evidente que o tipo de vacina recebida pode determinar para onde as pessoas podem ir.
A União Europeia pretende permitir a entrada durante o verão de americanos imunizados com vacinas aprovadas pela agência reguladora do bloco, segundo sinalizou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em entrevista no domingo ao jornal New York Times.
Desta forma, as pessoas vacinadas com imunizantes das fabricantes chinesas Sinovac Biotech e Sinopharm vão provavelmente ser impedidas de entrar na região num futuro próximo, o que terá sérias consequências para a atividade empresarial global e o renascimento do turismo internacional.
Com o avanço das campanhas de vacinação em todo o mundo, aprovações de reguladores em diversos países e regiões preparam as bases para uma bifurcação global, onde o imunizante obtido pode determinar em que países as pessoas podem entrar e trabalhar.
Para cidadãos chineses que viajam para o exterior de forma regular e ocidentais que pretendem encontrar oportunidades de negócios na segunda maior economia do mundo, surge o dilema sobre que opção escolher. Até agora, a China reconhece apenas as vacinas chinesas e os seus imunizantes ainda não foram aprovados nos Estados Unidos ou na Europa Ocidental.
Marie Cheung, cidadã de Hong Kong, viaja regularmente para a China continental para trabalhar com uma empresa de veículos elétricos, uma rotina que foi interrompida pelas longas quarentenas obrigatórias desde o início da pandemia.
Das duas opções de vacinas disponíveis na cidade - uma da Sinovac e outra desenvolvida pela Pfizer e BioNTech -, Cheung planeia inscrever-se para tomar a Coronavac, da Sinovac, com o objetivo de facilitar a entrada e saída da China continental. Ao mesmo tempo, o seu marido britânico vai optar pelo imunizante da Pfizer-BioNTech para aumentar as hipóteses de visitar a família no Reino Unido.
"Para as pessoas que precisam de trabalhar ou regressar à China continental, a vacina chinesa é a única opção", disse Cheung. "Os ocidentais escolherão apenas a vacina reconhecida pelo seu país de origem."
Para milhões de pessoas em todo o mundo que não podem escolher que vacinas tomar, o risco de mais países se tornarem seletivos sobre quais imunizantes são reconhecidos, especialmente devido às diferentes taxas de eficácia, cria a possibilidade de as pessoas enfrentarem limitações para viajar, mesmo que totalmente imunizadas - com consequências para a atividade empresarial internacional e para o setor de turismo.
"Uma divisão global das pessoas com base na adoção da vacina só vai exacerbar e perpetuar os efeitos económicos e políticos da pandemia", disse Nicholas Thomas, professor associado de segurança sanitária na Universidade da Cidade de Hong Kong. "Há o risco de o mundo ser dividido em silos de vacinas com base no nacionalismo de imunizantes, em vez da necessidade médica."
A China não é o único país que restringe o acesso a pessoas imunizadas com determinadas vacinas. A Islândia atualmente omite imunizantes da China e da Rússia da lista de vacinas aprovadas para entrada.
A questão do reconhecimento de vacinas é fundamental para países dependentes do turismo, já que o setor global de viagens, que movimenta 9 biliões, está efetivamente paralisado desde o início da pandemia.
A abordagem da China para esta questão pode impactar a sua tomada de decisão, uma vez que os turistas chineses estavam entre os maiores grupos de visitantes estrangeiros em pontos turísticos do Sudeste Asiático, Austrália, Nova Zelândia e capitais mais distantes, como Paris, antes da pandemia.