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Cavalos da Santa Casa refreiam crescimento dos casinos

Os casinos físicos portugueses, que fecharam o mês de Setembro com um crescimento das receitas de apenas 0,38%, manifestam apreensão com a “concorrência agressiva” dos jogos da Santa Casa, que irá “intensificar-se” com as apostas em corridas de cavalos.

11 de Outubro de 2018 às 18:02
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Após mais de três anos de recuperação, que se seguiram a seis anos consecutivos de perdas de 120 milhões de euros de receitas brutas, os casinos físicos portugueses voltam a manifestar preocupação com a evolução da actividade.

 

"As receitas dos casinos nacionais de Janeiro a Setembro de 2018 confirmam a tendência de retracção de crescimento que já se verifica desde o início do ano", afirmou ao Negócios fonte oficial da Associação Portuguesa de Casinos (APC).

 

Em termos homólogos, o crescimento da facturação no primeiro trimestre rondou os 5,7%, tendo abrandado para 3,84% no final do primeiro semestre, para se fixar em 2,94% no acumulado dos primeiros nove meses do ano.

 

"Já em Abril tínhamos referido a inviabilidade de manter as taxas de crescimento que se registaram no final do primeiro trimestre, o que infelizmente veio a verificar-se", comentou o mesmo responsável associativo.

 

Nos primeiros nove meses de 2018, os 11 casinos físicos portugueses registaram receitas de 238,5 milhões de euros, mais cerca de 6,8 milhões do que em igual período do ano passado.

 

Neste período, apenas dois casinos, o da Madeira (grupo Pestana) e o de Chaves (grupo Solverde), facturaram menos do que há um ano - na Madeira, as receitas decresceram 2,4% para 6,2 milhões, enquanto na sala trasmontana recuaram 1,6% para 5,9 milhões de euros.

 

O maior casino do país, o de Lisboa, facturou mais 1,1%, para 63,8 milhões de euros, enquanto nas outras duas salas do grupo Estoril-Sol o crescimento foi de 1,3% no Estoril (49 milhões de euros) e de 4,4% na Póvoa (34,9 milhões de euros).

 

No grupo Solverde, a queda em Chaves foi compensada com o crescimento de 7% em Espinho (37,1 milhões de euros) e nos três do Algarve (Vilamoura, Praia da Rocha e Monte Gordo), onde as receitas aumentaram 4,25% para um agregado de 27,1 milhões de euros.

 

Já no casino da Figueira, da Amorim Turismo, as receitas aumentaram 6%, para 11,9 milhões de euros, enquanto no de Tróia, da capital de risco Oxy Capital, cresceram 0,59% para três milhões de euros.

 

Há um 12.º casino em Portugal, o de Ponta Delgada, que abriu a 22 de Março do ano passado e sobre cuja actividade não foi possível obter informações.

 

Apostas hípicas "sem qualquer tipo de retorno em termos de desenvolvimento de infra-estruturas"

Entretanto, sinal de que a retracção da actividade deverá intensificar-se nos próximos tempos, no mês de Setembro as receitas dos casinos aumentaram apenas 0,38%, para 26,16 milhões de euros, tendo apenas os casinos do Estoril, Póvoa, Figueira e Tróia registado acréscimo de facturação.

 

Para os últimos três meses de 2018, a APC prevê "a continuação desta tendência, levando ao encerramento do ano com taxas de crescimento em torno dos 2%".

 

"É que os casinos continuam a defrontar-se com uma concorrência crescentemente agressiva por parte do jogo online e dos jogos físicos e online da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com destaque para o Placard, a Raspadinha e o Euromilhões", insurgiu-se a mesma fonte da associação do sector.

 

E há mais concorrência à porta, com a chegada das apostas em corridas de cavalos, previstas para o primeiro trimestre do próximo ano.

 

"Concretizou-se recentemente a permissão já concedida à SCML  para a exploração das apostas mútuas hípicas à cota, o que virá intensificar a concorrência dos jogos desta entidade", lembrou o gestor associativo.

 

Estas apostas "incidirão sobre corridas de cavalos a realizar no estrangeiro, pelo que se trata unicamente de mais uma fonte de receita para a SCML e um foco de concorrência com os Casinos, sem qualquer tipo de retorno em termos de desenvolvimento de infra-estruturas desportivas ou turísticas em Portugal", acusou.

 

Relativamente ao jogo online, garantiu que "só uma pequena parte da concorrência se deve aos ‘sites’ de jogo na internet dos casinos portugueses".

 

Sobre esta matéria, os casinos nacionais continuam a defender que "as elevadíssimas contrapartidas que pagaram, e continuam a pagar, pelo exclusivo de exploração dos jogos de fortuna ou azar, lhes conferem o direito de explorar também o jogo online, que deveria portanto ser um exclusivo das concessionárias de casinos físicos".

 

Nessa medida, apontou, "a solução regulatória encontrada pelo anterior Governo, ao possibilitar a terceiros acederem a licenças de exploração do jogo online", é considerada "lesiva dos direitos das concessionárias de casinos, que, para mitigarem a perda de negócio, se viram compelidas a pagar novas contrapartidas para obterem licenças de jogo online. Ainda assim, partilham com terceiros uma actividade que devia exercer em exclusivo", concluiu.

 

Os casinos mantêm em tribunal as acções contra o Estado português, umas que têm em vista o "reequilíbrio financeiro dos contratos de concessão", outras em que contestam a solução encontrada pelo Governo anterior para regular o jogo online.

 

"Não há nenhuma decisão do tribunal, mas também não há nenhuma desistência da nossa parte. As acções continuam", reagiu a mesma fonte oficial da APC em declarações ao Negócios.

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