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Trabalhadores do Metro de Lisboa chumbam linha circular
A Comissão de Trabalhadores do Metropolitano critica a falta de estudos e os custos da expansão da rede, que considera que não vai melhorar as acessibilidades das populações ou retirar carros da cidade.
A Comissão de Trabalhadores (CT) do Metropolitano de Lisboa está contra o projecto de prolongamento entre a estação do Rato e o Cais do Sodré, com a criação de uma linha circular, - que está em consulta pública até esta quarta-feira, 22 de Agosto - e apela ao chumbo da Agência Portuguesa do Ambiente.
No seu parecer ao projecto, a CT do metro da capital considera desde logo que o projecto "não corresponde às necessidades da empresa, da cidade, nem da Área Metropolitana de Lisboa".
Em seu entender, "não contribui para melhorar as acessibilidades das populações, não retira carros da cidade, não responde às necessidades das populações da zona ocidental da cidade, antes pelo contrário e degrada o serviço prestado ao concelho de Odivelas e à freguesia do Lumiar".
Por outro lado, conclui que "a complexidade da obra comporta impactos muito significativos na cidade e na rede actual, por um período de tempo bastante prolongado", o que afectará "interfaces estruturantes para a cidade", como Campo Grande e Cais do Sodré.
Os "elevados custos desta expansão", refere ainda a CT do Metropolitano, "não parecem ter um reflexo racional no benefício futuro que se pretende obter". Como sublinha, "no momento em que se impõe racionalidade de custos e rigor nos investimentos públicos a realizar, esta solução, em que o Km de construção será o mais elevado da história da empresa não parece condizer com o discurso político actual".
A entidade representativa dos trabalhadores critica ainda que não tenham sido "realizados, ou não foram tornados públicos os estudos comparativos, quer financeiros, quer de aumento de passageiros, entre as soluções agora apresentadas e as anteriormente estudadas pelo Metro - ligação a Alcântara, impossibilitando assim a verificação pública das alegadas vantagens desta opção"
A CT afirma ainda que a argumentação de que será possível reduzir o intervalo entre composições "não corresponde à verdade" e salienta que "subsistem muitas e fundadas dúvidas sobre as condições de segurança futuras".
Por fim, a entidade considera que faltam nos projectos elaborados, estudos científicos sobre a gravidade dos efeitos no factor humano, já que, como frisa, "os trabalhadores estarão sujeitos a uma operação feita num único sentido, sem cais de manobra para inverter, quebrar os efeitos rotineiros da sua actividade profissional, ir à casa de banho, beber um copo de água, recuperar atrasos da operação, etc."
E considera que os próprios utentes "terão uma dificuldade acrescida na questão de orientação sobre o melhor percurso para o seu destino, correndo o risco de aumentar bastante o seu tempo de deslocação".