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Governo espanhol trava compra de fabricante de comboios por húngaros invocando segurança nacional

O Executivo liderado por Pedro Sánchez decidiu esta terça-feira vetar a compra da Talgo, fabricante espanhola de comboios, por um consórcio húngaro com ligações a Viktor Orbán. Madrid invoca questões de "segurança nacional".

DR
27 de Agosto de 2024 às 22:58
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O governo espanhol decidiu esta terça-feira rejeitar a compra da Talgo, fabricante espanhola de comboios, pelo consórcio Ganz-MaVag, constituído por empresários húngaros próximos do primeiro-ministro magiar, Viktor Orbán, e pelo fundo de investimento estatal húngaro Corvinus.

Em Conselho de Ministros, o Executivo liderado por Pedro Sánchez decidiu vetar a proposta de compra da empresa espanhola invocando a "proteção de interesses estratégicos e da segurança nacional".

Esta não é a primeira vez que um Estado europeu rejeita uma oferta de aquisição por investidores estrangeiros, mas tipicamente isto sucede com compradores oriundos de regimes pouco (ou nada) democráticos, como sucedeu com ofertas de empresas chinesas - particularmente estatais - ou sauditas. Agora, contudo, Madrid invoca a proteção da segurança nacional para rejeitar uma proposta de um Estado-membro da União Europeia.

O governo do país vizinho assinala que a operação, formalizada em março através de uma oferta pública de aquisição (OPA), foi analisada "com todo o rigor" pela Junta de Investimentos Estrangeiros (Jinvez), um órgão na dependência do Ministério da Economia. Os peritos consideraram que a compra da Talgo "implicaria riscos para garantir a segurança nacional e a ordem pública".

O Executivo reiterou esta terça-feira, em comunicado, que "a Talgo é uma empresa estratégica num setor-chave para a segurança económica, a coesão territorial e o desenvolvimento industrial". Por se tratar de informação classificada, o governo recusou detalhar as razões específicas para o veto à operação.

A OPA do consórcio húngaro propunha pagar cinco euros por cada ação da Talgo e foi considerada "amistosa" e até mesmo "atrativa" pelo conselho de administração da Talgo. 

Ainda decorria a conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros quando o supervisor dos mercados em Espanha, a Comisión Nacional de Mercado de Valores (CNMV), decidiu suspender as ações da Talgo, após o jornal El Correo ter adiantado que a operação seria vetada pelo governo. As ações da Talgo arrancaram a sessão de hoje nos 4,3 euros e mantiveram-se estáveis mas caíram de forma abrupta, o que levou a CNMV a suspender a negociação, que seria retomada pelas 14:45 (hora espanhola). Os títulos da fabricante de comboios chegaram a afundar 10,23% e terminaram o dia a perder 8,72%, nos 3,92 euros.

A OPA húngara avaliava a Talgo em 619 milhões de euros.

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