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CP avança com descontos até 65%
A empresa vai responder às ofertas das companhias aéreas no final de Março, com uma campanha em que propõe uma viagem entre Lisboa e Porto a partir dos 9,5 euros.
A CP – Comboios de Portugal vai avançar no final de Março com uma campanha de descontos nas viagens de longo curso com reduções que podem chegar aos 65% para quem comprar o bilhete com oito dias de antecedência.
Dos 11.000 lugares por semana com desconto, mais de metade (6.700) destinam-se a viagens entre Lisboa e Porto, que terá em média 960 lugares por dia com reduções que podem chegar aos 62% no serviço Intercidades e aos 65% no Alfa Pendular, com preços a partir de 9,5 euros e 11 euros, respectivamente.
Em Janeiro, durante a apresentação da remodelação da frota do Alfa Pendular, o presidente da CP, Manuel Queiró, tinha prometido para breve uma resposta ao aumento da concorrência nas ligações entre Lisboa e Porto, depois do anúncio da TAP de duplicação das ligações aéreas entre as duas cidades, passando das actuais 57 frequências semanais para 114.
A companhia aérea vai avançar com uma ponte aérea, que oferecerá 16 voos diários de ida e volta entre Porto e Lisboa a partir de 27 de Março, utilizando os novos aviões TAP Express (actualmente Portugália) e também a frota A320 nos horários e períodos em que a procura é maior, com preços a partir de 39 euros.
No anúncio feito em meados de Janeiro, o presidente da companhia aérea nacional, Fernando Pinto, sublinhou que a ideia da transportadora "é entrar em competição com o comboio e com o sistema de autocarros".
No início de Fevereiro a Ryanair anunciou uma promoção para os voos entre Lisboa e o Porto, em que a tarifa simples fica por 4,99 euros e ida e volta é de 9,98 euros, preços que, no entanto, são apenas para o voo, já que a escolha de lugar no avião, o seguro ou bagagens são também cobrados.
Agora, em declarações à Lusa, Manuel Queiró explica que a nova campanha de descontos da CP cabe numa estratégia comercial que é praticada desde 2013, com resultados positivos em termos de passageiros e de proveitos, que agora dá mais um passo num "ambiente concorrencial mais apertado".
"Começámos a registar resultados acumulados desta política e não queremos que esta estratégia cristalize", declarou, revelando que a compra antecipada com descontos representou um crescimento de 17,6% - mais 789 mil viagens - em 2014 e 2015 à transportadora ferroviária.
Sobre o aumento da concorrência, Manuel Queiró considerou que "foi positiva", depois do reforço da operação da companhia aérea de baixo custo Ryanair, acrescentando que a ponte aérea da TAP "é um incentivo para seguir na mesma estratégia, mas com incentivo extra".
"Estamos atentos, mas alerta, mas estamos satisfeitos com o resultado deste confronto. Vem agora a TAP, o que é um incentivo para seguir na mesma estratégia, mas com incentivos extra", declarou.
O presidente da CP sublinhou que os passageiros – sobretudo aqueles que podem programar as viagens com antecedência – são quem mais ganha com este aumento da concorrência, referindo que a campanha de descontos não se limita às viagens entre Lisboa e o Porto.
"Lisboa - Porto é um dos percursos beneficiados, mas a campanha beneficia todo o longo curso, que faz a ligação dos centros das principais cidades, como Braga, Guimarães, Aveiro, Coimbra, Guarda, Covilhã, Évora, Beja, Faro", declarou.
Manuel Queiró acredita que "o resultado final vai ser transportar mais passageiros" em 2016, depois de, no último ano, ter transportado mais de 112 milhões, um aumento de 2,2 milhões face ao ano anterior, com crescimento em todos os serviços, mas sobretudo no longo curso.
Aliado ao factor preço, a CP promete não descurar a qualidade do serviço, o que aliás está na origem de um investimento de 18 milhões de euros na renovação da frota do Alfa Pendular.
Dizendo-se "optimista" sobre o resultado na nova campanha, Manuel Queiró escusou-se a fazer "previsões": "Estamos confiantes de que vai produzir o seu efeito, ainda que com um ambiente concorrencial acrescido". Em Janeiro, o presidente da CP tinha garantido uma resposta à oferta da TAP.
"Já ganhámos uma primeira batalha com a Ryanair. Agora vêm os gigantes, vem a TAP, é um desafio maior, que terá uma resposta adequada. Não vou revelá-la hoje, não corremos a foguetes, estamos atentos ao aparecimento de uma concorrência mais forte, vamos entrar nessa disputa e o único vencedor vai ser o passageiro". E reforçou: "Esperem mais um pouco e vão ver a resposta da CP".
A empresa "vai encontrar uma resposta numa guerra, que não é uma guerra, é uma disputa". "Numa guerra há vencedores e vencidos, nesta guerra só haverá um vencedor que é o passageiro, e nessa disputa a TAP e o passageiro podem contar com a CP", afirmou.