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CP mantém intenção de lançar concurso para comboios da alta velocidade este ano
O presidente da CP diz não ter a pretensão de operar o serviço de alta velocidade em monopólio, estimando que na primeira fase o número de ligações que a operadora quer assegurar representa 40% da capacidade da infraestrutura e na segunda fase 20% ou menos.
O presidente da CP, Pedro Moreira, afirmou esta quarta-feira no Parlamento que a operadora está neste momento a elaborar o caderno de encargos com o objetivo de lançar o concurso para a compra de comboios para o serviço da alta velocidade "ainda este ano".
A operadora tinha a intenção de avançar com o concurso para a aquisição de 14 comboios de alta velocidade, mais unidades opcionais, mas em julho o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, disse que essa proposta levaria a empresa a ficar "com 80% do mercado", algo que disse que "não é saudável para o mercado". "Não vamos comprar tantos comboios como CP queria", disse então.
Esta quarta-feira no Parlamento, Pedro Moreira disse que a CP recebeu até ao momento apoio do Ministério relativamente ao objetivo de implementação do serviço de alta velocidade. "Nunca houve informação de limitar a CP na alta velocidade", disse, afirmando contudo que "ainda não temos uma decisão formal sobre número de comboios que vão ser autorizados a comprar para podermos avançar com o concurso".
"Há um conjunto de unidades para aquisição inicial e para aquisição opcional em função das necessidades e do objetivo de internacionalização de serviços", afirmou.
O responsável salientou que as equipas da CP têm estado a trabalhar nesse projeto, tendo já feito estudos sobre o mercado potencial, modelo de negócio, modelo de operação e em matérias como manutenção e engenharia.
Pedro Moreira frisou que os atuais Alfa Pendulares são "determinantes" para a empresa, ao gerarem um quinto da receita da CP, explicando que esse serviço será transferido para a alta velocidade e deixará de ser competitivo.
Relativamente à concorrência na alta velocidade, Pedro Moreira disse que "não temos a pretensão de estar a operar de forma isolada, como monopólio", assegurando que numa primeira fase o número de ligações que a CP pretende assegurar representa 40% da capacidade da infraestrutura e na segunda fase 20% ou menos da capacidade.
"Vai existir capacidade para entrada de outros operadores na alta velocidade. Sabemos disso, temos noção, vamos estar em concorrência", frisou, acrescentando que "não temos medo da concorrência: há mercado para a CP e para outros operadores".
Relativamente à internacionalização para Espanha, explicou que o plano da CP é implementar o serviço da alta velocidade em Portugal e depois expandir os serviços para Espanha, admitindo que as sinergias que possam existir com a espanhola Renfe possam resultar num serviço complementar.