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Antram: “Em França, o pior ainda está para vir”

O presidente da Antram, Gustavo Paulo Duarte, acredita que as greves contra a nova lei laboral em França são só o início. “Irá haver um bloqueio à entrada no país”, salientou.

Reuters
18 de Maio de 2016 às 19:49
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As empresas de transportes de mercadorias portuguesas estão muito preocupadas com a situação em França, em que sucessivas greves contra a nova lei laboral, estão a bloquear as estradas de acesso aos centros industriais e logísticos. Mas "o pior está para vir", segundo adiantou ao Negócios Gustavo Paulo Duarte, presidente da Antram (Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias).


"As empresas terão que passar a pagar o equivalente ao salário mínimo francês aos motoristas que atravessem França. É incomportável, isto", referiu o dirigente associativo. "Esta questão dos vencimentos dos motoristas é muito complicada e acho que vai haver um bloqueio à entrada no país durante dois ou três dias contra esta lei anti-concorrencial, anti-espaço Schengen e anti-livre circulação de pessoas", salientou. 


Gustavo Paulo Duarte explicou que, a partir de agora, as transportadoras que queiram operar em França, algo obrigatório para circular na Europa, terão que registar sociedades e enviar notificações de cada vez que algum camião tenha que entrar no país. "É muito burocracia e as empresas não francesas serão prejudicadas", salientou Gustavo Paulo Duarte.


O grupo Rangel já está a registar algumas dificuldades no país. Nuno Rangel, vice-presidente da empresa confirmou que "tivemos ontem camiões bloqueados em Bordéus, mas hoje estão a rolar sem qualquer dificuldade ou constrangimento". O empresário referiu ainda que obviamente que "este atraso irá repercutir se nas chegadas ao destino, mas rapidamente conseguiremos normalizar o atraso".

Nuno Rangel salientou ainda que "para já não temos informação  de mais bloqueios, mas certamente irão surgir nos próximos dias".

Também a Garland está com dificuldades no país, mas José Neto, director operacional do  departamento rodoviário da Garland Trânsitos atribui a maioria das responsabilidades ao feriado que houve em França nesta segunda-feira. " Em geral, os nossos camiões todos sofreram atrasos, mas são sobretudo relacionados com a acumulação de tráfego devido ao feriado de segunda feira", salientou. 

O mesmo responsável alertou ainda para a situação a caminho do Reino Unido. "No caso concreto das travessias para Inglaterra, esses atrasos tiveram problemas acrescidos. Muitos camiões tentaram passar pelo túnel (congestionamento de Le Havre – Portsmouth e Calais – Dover), e as filas demoraram muitas horas, dando a oportunidade a refugiados e clandestinos de entrar nos camiões", adiantou José Neto. 

 
"A situação não está normalizada, mas espera-se que até ao fim de semana fique, se os manifestantes não aumentarem as medidas tomadas", realçou o responsável. 


Os bloqueios de camionista repetiram-se esta quarta-feira, pelo segundo dia consecutivo, em protestos contra a reforma laboral do Governo. Entre as regiões afectadas conta-se a zona industrial do porto de Le Havre, incluindo a entrada na refinaria do grupo Total, segundo a France Bleu. Na Normandia e Bretanha também houve protestos. Estão ainda previstas paralisações da ferroviária SNCF, que irão perturbar a circulação de comboios. Os controladores aéreos também estão em protesto.


Os manifestantes temem que a nova lei laboral aumente a precariedade. A proposta avança no Senado a partir do dia 20 de Junho. 

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