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TAP justifica sucesso da emissão de dívida com juros mais altos da Air Baltic e Virgin Australia
Numa carta enviada aos trabalhadores a que o Negócios teve acesso, a administração da TAP destaca o "sucesso" da emissão de obrigações de dívida a cinco anos no valor de 375 milhões de euros. A TAP recorre ao exemplo de uma operadora australiana e outra báltica que têm juros mais altos nas respetivas operações de financiamento para justificar sucesso da respetiva operação.
A TAP sustenta, junto dos seus trabalhadores, que a já concluída emissão de dívida a cinco anos num montante de 375 milhões de euros e com uma taxa de juro de 5,75% (5,625% ao preço de emissão de 99,463%) foi um "sucesso", desde logo porque esta contrapartida exigida pelos investidores está abaixo de custo de financiamento conseguido por operadoras aéreas tais como a Air Baltic ou a Virgin Australia.
Em carta enviada aos trabalhadores pela administração da operadora aérea portuguesa, e a que o Negócios teve acesso, a TAP refere que a colocação destas obrigações "junto de vários investidores institucionais de relevo, americanos e europeus" vai permitir à empresa "consolidar a posição financeira" devido ao alongar das maturidades, "criando, assim, condições para dar continuidade aos projetos de transformação atualmente em curso".
Justificando o sucesso da operação, a TAP nota que as congéneres Air Baltic e Virgin Australia realizaram também emissões "com maturidades e 'ratings' semelhantes", tendo a primeira obtido uma taxa de juro de 6,75% e a segunda um custo de 8,125%. No entender da operadora nacional, esta diferença nos juros "vem comprovar a atratividade e credibilidade" do projeto da atual administração.
A TAP não se fica pela comparação com congéneres, recorrendo ainda ao exemplo de duas fabricantes automóveis, a Jaguar e a Land Rover, que recentemente também concluíram a emissão de dívida com uma contrapartida de 5,875%.
Na missiva endereçada aos respetivos trabalhadores, a operadora liderada por Antonoaldo Neves (na foto) realça ainda o 'rating' que lhe foi atribuído pelas agências de notação financeira Moody’s e Standard & Poor’s, o qual "representa [uma] avaliação independente da credibilidade e de confiança junto do mercado e que coloca a empresa em linha com um restrito grupo de empresas no âmbito do mercado global de aviação". Isto apesar de tanto a Moody's como a S&P terem classificado de investimento especulativo a dívida da TAP.
Na carta é ainda argumentado que a forma como decorreu esta emissão de dívida mostra como o "plano estratégico" da empresa, incluindo designadamente a renovação de frota, a expansão da operação, o reforço do número de trabalhadores e o investimento em novos mercados, em especial na América do Norte, foi "bem recebido pelos investidores – nomeadamente no Reino Unido, em França, Itália, Espanha, Alemanha e nos Estados Unidos da América – que demonstraram confiança no futuro da TAP a longo prazo".
Esta foi a terceira emissão de dívida realizada pela TAP em 2019, elevando para mais de 700 milhões de euros o encaixe financeiro assegurado pela operadora através da emissão de dívida obrigacionista.
A TAP fechou os primeiros nove meses deste ano com um prejuízo de 111 milhões de euros.