Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Privatização da TAP está numa “fase exploratória”

O presidente do conselho de administração da Parpública, Jaime Serrão Andrez, garantiu que estão a acompanhar o dossiê que ainda está numa fase muito inicial.

Miguel Baltazar
20 de Abril de 2023 às 21:00
  • ...

O processo de privatização da TAP não estará concluído em breve. Segundo o presidente do conselho de administração da Parpública, Jaime Serrão Andrez, o dossiê ainda está numa "fase exploratória". 

"O processo ainda está muito imberbe", por isso, ainda não há conclusões, disse  o responsável  aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, quando questionado sobre o ponto de situação. 


Jaime Serrão Andrez garantiu, contudo, que a Parpública tem acompanhado o processo.  "A Parpública está sempre envolvida nas apreciações", disse. Porém, como o processo ainda está numa fase muito inicial, não pode dar mais informações "com rigor".

Na semana passada, o primeiro-ministo reforçou que o Conselho de Ministros vai aprovar "em breve" a resolução sobre o processo de privatização da TAP, rejeitando garantir que fique concluído até ao final do ano.

O Grupo IAG, que detém a British Airways e a Iberia, a Lufthansa e a Air France/KLM são os nomes que têm sido apontados. Os detalhes do processo da venda, como a fatia que o Estado vai alienar, ainda não são conhecidos.


Intervenção do Governo nos dossiês da TAP divide Parpública


O envolvimento do Governo nas operações que envolvem a TAP esteve no centro do debate das três audições na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a antigos e atuais responsáveis da Parpública, entidade responsável por gerir as participações públicas. 


Carlos Durães da Conceição, antigo-vice-presidente do conselho de administração Carlos foi o primeiro a ser ouvido e não poupou críticas à forma como o processo de recompra da posição da TAP, em 2020, foi gerido. Revelou que a Parpública foi posta à margem do processo,  o que levou a entidade a pedir instruções vinculativas ao Governo para validar a operação.


Questionado sobre o envolvimento do Executivo nos processos da TAP, geridos habitualmente pelo Ministério das Finanças, admitiu que "houve situações em que o envolvimento do Governo foi total". "Foi assim em 2015, em 2017 e 2020. Há um padrão [de envolvimento do Governo]. Quase diria que a Parpública se desloca para o Terreiro do Paço",  criticou o responsável que esteve na Parpública entre 2010 e 2020.

Uma ideia partilhada por Mário Lobo,  ex-vogal executivo do conselho de administração. No entanto, sublinhou que a Parpública é 100% do Estado. Por isso, "naturalmente que qualquer decisão política em determinados dossiers é significante".

Sobre a nomeação do presidente da Parpública, Miguel Cruz, para secretário de Estado do Tesouro, indo tutelar a empresa que liderava, também partilha, em parte, da opinião de Carlos Durães, que olhou para esta decisão com "estranheza". 

"Estranhei que, sendo presidente da Parpública e havendo na organização do Ministério das Finanças duas secretarias de Estado - tendo em atenção que até aí quem liderava o processo da TAP era o senhor secretário de Estado Nuno Mendes - foi com surpresa que vi a delegação de competências no doutor Miguel Cruz de tutelar a Parpública, da mesma maneira que vi também tutelar o processo da TAP", disse. Sobre Miguel Cruz, que por convite do ex-ministro das Finanças João Leão em 2020 foi para o Governo passando  a tutelar a empresa e também a TAP, considerou ainda que tinha um "perfil centralizador".

Para Mário Lobo, que esteve na entidade de 2017 a 2020, "os factos demonstram, de algum modo,  que este tipo de escolhas têm as suas contradições. Mas são decisões que não me cumpre questionar", acrescentou.

Mas admitiu que, no seu entendimento,  "não é desejável que quem está numa empresa como administrador vá tutelar essa mesma empresa".

Por sua vez, o atual presidente do conselho de administração da Parpública, Jaime Serrão Andrez, manifestou posições contrárias, garantindo que a entidade "está sempre envolvida nas  reflexões que  o Governo faz".  "É uma empresa de apoio ao Governo", acrescentou.

Ver comentários
Saber mais TAP Parpública Jaime Serrão Andrez Carlos Durães da Conceição Comissão Parlamentar de Inquérito Mário Lobo Ministério das Finanças Miguel Cruz aviação privatização
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio