Notícia
Presidente da CMVM investiu em obrigações da TAP e não pode decidir sobre o processo
Laginha de Sousa revelou que TAP ja foi notificada do processo de contraordenação por causa do comunicado da saída de Alexandra Reis. A CMVM está a aguardar resposta da empresa e diz não poder avançar com mais detalhes por causa do dever de sigilo.
O responsável, que está a ser ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, sublinhou, contudo, que está "solidário" e "a par" com as decisões que o conselho do regulador tomou sobre o processo e em condições de responder às questões dos deputados sobre o comunicado enviado ao regulador sobre a saída de Alexandra Reis. Luís Laginha de Sousa assumiu funções na CMVM em novembro de 2022.
Em causa está o comunicado emitido a 4 de fevereiro a anunciar que Alexandra Reis tinha renunciado ao cargo. Contudo, mais tarde, após ser noticiado que a ex-administradora teria recebido uma indemnização de 500 mil euros, a TAP emitiu uma nova nota em que assumia que a saída da administradora tinha resultado de iniciativa da empresa.
O chairman da TAP, Manuel Beja, revelou na terça-feira que o regulador tinha aberto um processo de contraordenação contra a empresa. O responsável sublinhou que não conhecia em detalhe a notificação do regulador dos mercados, uma vez que a recebeu quando já se encontrava a caminho da audição no Parlamento.
Hoje, o presidente da CMVM confirmou que abriram um processo de contraordenação tendo a TAP já sido notificada. Porém, diz não poder avançar com mais detalhes por causa do dever de sigilo.
Nesse seguimento, o presidente da CPI, Seguro Sanches, referiu que será feito um pedido de levantamento do sigilo junto do Supremo Tribunal de Justiça para os deputados conseguirem aceder a mais informação.
"Existe um processo de contraordenação para apuramento de eventual responsabilidade contraordenacional da TAP", referiu Laginha de Sousa, acrescentando apenas que "as matérias em causa respeitam a qualidade e tempestividade da informação ao mercado a propósito das renúncias dos administradores".
Na sua intervenção inicial, o responsável detalhou ainda que "até hoje não houve uma única queixa, reclamação ou sequer pedido de informação sobre esta questão".
Caso a investigação da CMVM chegue à conclusão de que houve prestação de informação incorrecta ao mercado, o valor da coima a aplicar, caso se aplique, varia consoante a qualificação da infração. Segundo o Código de Valores Mobiliários pode ir dos 5 mil aos 5 milhões de euros. Mas como o Negócios noticiou, segundo advogados, estará em causa uma infração muito grave, o que poderá representar uma coima até cinco milhões.
(Notícia atualizada às 18h41)