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Delta escapa às tarifas de Trump ao deixar os aviões no estrangeiro

A Delta Air Lines tem conseguido evitar milhões de dólares em tarifas dos Estados Unidos sobre os aviões europeus, inicialmente enviando as aeronaves para lugares fora do país, como Amesterdão, Tóquio e El Salvador.

8. Delta Air Lines – percentagem de atrasos: 14,83%
21 de Novembro de 2020 às 19:00
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A companhia aérea americana recebeu sete aviões Airbus fabricados na Europa desde que as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump entraram em vigor em outubro de 2019. Em vez de levar as aeronaves para o país, como fazia no passado, a Delta deixou os aviões no estrangeiro. A decisão, associada à definição de novos aviões nas regras tarifárias, evitou que os aviões fossem considerados importação, ainda que alguns deles entrem regularmente nos EUA.

Evitar as tarifas poupou um dinheiro precioso para a Delta, o maior cliente da Airbus nos EUA, enquanto os registos alfandegários mostram que as tarifas foram cobradas a companhias rivais. Cada dólar conta para um setor que tenta cortar custos face ao colapso da procura causado pela pandemia de coronavírus. Como outras grandes companhias aéreas dos EUA, a Delta recebeu milhares de milhões de dólares em ajudas do governo enquanto deixava os aviões em terra, reduzia voos e cortava empregos com o setor a preparar-se para uma longa crise.

"Tomámos a decisão de não importar nenhuma aeronave nova da Europa enquanto essas tarifas estiverem em vigor", disse a Delta em comunicado à Bloomberg News. "Em vez disso, optámos por usar novas aeronaves exclusivamente para serviços internacionais, que não requerem importação."



A estratégia da Delta baseia-se na norma que classifica aviões como usados depois de terem voado por qualquer motivo que não testes e entregas. Nesse caso, as tarifas sobre a importação de aviões novos já não se aplicam, mesmo que a aeronave esteja para voar em breve para os EUA.

Embora a Delta não comente os detalhes financeiros, a poupança provavelmente será significativa. Com base nos preços de tabela das aeronaves, a estratégia poupou à empresa até 270 milhões de dólares, embora o valor real seja certamente muito mais baixo, devido aos grandes descontos habituais nas vendas de aviões.

As implicações vão muito além dos resultados financeiros da Delta. Os esforços da companhia aérea também ilustram como as guerras comerciais de Trump levaram empresas americanas a reconfigurarem as suas práticas comerciais para evitar as tarifas, muitas vezes de formas que as tornam menos eficientes.

Os aviões da Delta incluem um Airbus A321 e seis aeronaves de dois andares normalmente usadas para voos mais longos.

O A321 foi construído em Hamburgo, na Alemanha, e enviado pela primeira vez para El Salvador - um centro para operações de manutenção de aeronaves - onde ficou mais de duas semanas, de acordo com o Flightradar24. O avião foi depois usado em rotas para o Canadá e estacionado no México durante o auge do confinamento. Desde agosto, transporta passageiros entre Montego Bay, Jamaica e Atlanta, onde a Delta está baseada.

Os aviões de grande porte, montados numa fábrica da Airbus em Toulouse, França, foram enviados primeiro para Amesterdão ou Japão, onde em alguns foram instaladas antenas Wi-Fi no aeroporto de Narita, em Tóquio. Dois A350 entregues em setembro voaram para cidades como Detroit, Atlanta, Amesterdão, Paris e Seul. Dos quatro A330 restantes, três estão estacionados em Tóquio e Nagoya, no Japão. O outro viajou principalmente entre Seattle e Seul, Tóquio ou Amesterdão.

Embora a Delta diga que não está a importar aviões da Europa, as tarifas cobradas pelos EUA indicam que outras companhias aéreas pagaram essas penalizações. Os dados disponíveis sobre as importações de aeronaves construídas na Europa mostram que as operadoras incluem grandes clientes da Airbus, como a American Airlines Group Inc. e a JetBlue Airways Corp.

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