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CEO da TAP: “O tempo dos zorros e solitários de gestão não existe”

Luís Rodrigues revelou que quando chegou à TAP encontrou uma “operação desorganizada " e ficou surpreendido com a “falta de conhecimento" do setor. Após traçar o diagnóstico, acredita que a empresa vai crescer entre 7% e 8% no próximo ano.

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Sara Ribeiro sararibeiro@negocios.pt 02 de Dezembro de 2023 às 15:52

Quando assumiu os comandos da TAP, há sete meses, Luís Rodrigues encontrou uma "operação desorganizada" e ficou surpreendido "pela falta de conhecimento" sobre o setor. Por isso, aprontou-se a reunir com o máximo de pessoas de diferentes áreas para conseguir diagnosticar os problemas da companhia. Hoje, está confiante que a TAP  está na rota certa. 


"Nunca vou para nenhum lado com ideias feitas ou soluções mágicas", começou por sublinhar o presidente executivo no congresso da Associção Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT),que decorreu no Porto. A sua prioridade é "ouvir", disse numa conversa com o presidente da associação, Pedro Costa Ferreira. "Foi isso que fizemos, reunimos com o máximo de pessoas para conseguir fazer o diagnóstico", acrescentou.


Luís Rodrigues não fala no singular, até porque é defensor de que os bons resultados só se conseguem em equipa. "O tempo dos heróis, dos zorros e solitários de gestão não existe. É um trabalho de equipa, agora temos que trabalhar para não estragar", disse, em resposta à pergunta sobre se os bons resultados da empresa se deviam à anterior gestão de Christine Ourmières-Widener. 


Recorde-se que, sob a liderança da gestora francesa - demitida pelo Governo no âmbito da polémica indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis - a TAP regressou aos lucros antecipando em dois anos a meta acordada com Bruxelas. 


Os resultados positivos têm-se mantido desde então. Mas para Luís Rodrigues devem-se, em primeiro lugar, "aos nossos clientes", bem como "aos trabalhadores da TAP, ao acionista que suportou a empresa e, no limite,  a todos os contribuintes que aceitaram que a TAP continuasse a existir", comentou, referindo-se à injeção de 2,5 mil milhões de euros, acrescida de quase 700 milhões de euros dos apoios covid-19, que todas as companhias aéreas tiveram direito durante a pandemia  e "não têm que compensar", recordou.


No entanto, se for tida em conta uma abordagem mais de  "interpretação pessoal" dos resultados, lembra que um quarto se deve à estratégia implementada em 2014 no Brasil, durante o mandato de Fernando Pinto, à aposta na América do Norte, pelas mãos do anterior acionista David Neeleman, e aos cortes de custos e plano de reestruturação entre 2019 e 2021, na gestão de Christine Ourmières-Widener. "E também se deve à estratégia implementada em cima disto tudo", reforçou.


Luís Rodrigues adiantou ainda que a empresa está a fechar o orçamento de 2024 e as perspetivas são positivas, prevendo um crescimento das receitas entre 7% a 8%.


Como encontrou a TAP quando assumiu os comandos


Recuando até abril deste ano, quando Luís Rodrigues chegou à TAP no Fiat 500  - carro da enteada que escolheu por ser "o que estava mais à mão" -,  o gestor recordou que encontrou uma "operação desorganizada onde havia meia dúzia de contratos ACMI  -  aluguer de aviões, incluindo pilotos, tripulação e manutenção - e ao mesmo tempo meia dúzia de aviões no chão". Fora o "desfasamento de horários". 


Quando regressou à TAP para assumir a liderança, depois de ter estado na empresa como administrador de 2009 a 2014, Luís Rodrigues também reparou logo no "clima sócio-laboral muito crispado. Não estava nada fácil", confessou.  Sobre este tema, anunciou que o "ambiente sócio-laboral já foi estabilizado com todos os acordos [de empresa] celebrados".


Luis Rodrigues revelou ainda que ficou surpreendido com "a falta de conhecimento significativa que havia da indústria", uma situação explicada pela saída quase 3 mil pessoas da empresa que "levaram conhecimento com elas".


Por fim, o quarto ponto destacado pelo gestor da lista de prioridades que detetou no diagnóstico inicial está relacionado com o "atraso tecnológico significativo"."Nos últimos anos o ambiente da TAP não foi propício ao investimento tecnológico".


"Este foi o diagnóstico que fizemos e agora estamos a trabalhar nesses temas", concluiu o gestor, que falou no último dia do congresso da APAVT, numa das raras intervenções públicas.

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