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Azul ameaça romper parceria com a TAP se dívida não for paga

O CEO da companhia aérea brasileira garantiu que se a dívida não for paga, ou não forem dadas mais garantias do reembolso dos mil milhões de reais, avançam para tribunal e podem acabar com a aliança no Brasil. E garante que já informou os interessados na privatização sobre a situação.

O calendário do Governo para a privatização da TAP aponta, de forma indicativa, para o primeiro trimestre do próximo ano.
Miguel Baltazar
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A companhia aérea brasileira Azul, fundada por David Neeleman, ameaçou quebrar a parceria com a TAP caso não haja desenvolvimentoz no pagamento da dívida de mais de mil milhões de reais (quase 200 milhões de euros) por causa de um empréstimo obrigacionista feito em 2016. A parceria consiste na angariação de clientes no mercado brasileiro que é estratégico para a TAP e uma das mais-valias para a privatização.

Em entrevista à CNN, o CEO da empresa revelou que querem que sejam adicionadas novas garantias ao reembolso do montante em causa e que já falaram com os três interessados na privatização da empresa: a Lufthansa, Air France-KLM e IAG, dono da Iberia e da British Airways.

Além disso, já contrataram um escritório de advogados para tentar resolver a situação que, admite, pode ir parar aos tribunais.

"Este é o momento de pedirmos os nossos direitos", começou por explicar John Rodgerson, referindo-se ao processo de venda da TAP. "Estão a tirar essas coisas boas da TAP SGPS para a TAP S.A., mas querem que a dívida fique na TAP má. Isso obviamente é contra a lei", criticou.

Nesse sentido, "achámos prudente contratar um escritório de advogados para conversar com a TAP e com o Governo português sobre termos mais garantias ou recebermos o dinheiro de volta", acrescentou.

A Azul  é credora da TAP no âmbito do empréstimo acionista convertível em ações realizado em 2016,  depois da privatização de 61% da empresa ao consórcio Atlantic Gateway de Humberto Pedrosa e David Neeleman.

Na altura, o empresário brasileiro era o principal acionista da Azul, empresa que fundou. Hoje, tem menos de 5% do capital. O empréstimo convertível em ações no valor de 90 milhões de euros teve como objetivo capitalizar a TAP SGPS, ou a "TAP má", como classificou o CEO da empresa.

No final de 2023, o montante em dívida à Azul, incluindo juros, era de cerca de 160 milhões. Até à data do reembolso, em 2026, vai aumentar para 198 milhões. E é esta dívida que a Azul, que está a enfrentar alguns problemas financeiros, quer ver reembolsada ou, pelo menos, ter garantias adicionais do seu pagamento.

O CEO da Azul teme que em 2026 o montante em causa não seja pago, até porque acredita que nessa data já não será controlada pelo Estado.  "O que não se pode fazer é esperar por 2026 e depois dizer: "está quebrado (o acordo e reembolso), porque se tiraram toda as coisas boas que poderiam pagar essa dívida", alertou.

No âmbito do plano de reestruturação, o Estado injetou 2,89 mil milhões de euros na TAP S.A, que detém a companhia aérea. Na holding, TAP SGPS, que foi separada da TAP "boa", ficaram ativos que não faziam parte da operação principal como a Portugália, a participação de 51% na Cateringpor, a Groundforce e a M&E Brasil, empresa de manutenção que está em liquidação. No entanto, a TAP SGPS tem vindo a ser esvaziada. Além de que a Portugália deverá ser integrada na TAP SA - empresa a ser privatizada.

John Rodgerson revelou que têm estado em contacto com os interessados na compra da TAP porque considera que esta situação pode ter impacto na operação da companhia aérea portuguesa caso rompam a atual parceria. 

"A TAP serve 11 cidades no Brasil e, na sua maioria, a Azul é a empresa aérea que lhes garante mais serviços de conectividade", lembra o CEO da Azul. Com o fim deste acordo, "seria mais difícil vender a empresa porque sem a conectividade do Brasil, o valor da TAP também cai", atirou.

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