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Telefónica corta dividendos para reduzir dívida

Os lucros dos nove primeiros meses da Telefónica caíram 22%. A operadora anunciou um corte de dividendos em 2016 e 2017, face à falta de soluções para vender a O2.

27 de Outubro de 2016 às 09:20
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No segundo trimestre como presidente executivo da Telefónica, José Álvarez-Pallete cortou dividendos. O objectivo? Reduzir o nível de dívida, que se situa pouco abaixo dos 50 mil milhões de euros, depois de uma redução de 2,6 mil milhões no terceiro trimestre. A dívida corresponde a 3,05 vezes o EBITDA. Dois dos planos que a empresa tinha para reduzir esse nível de endividamento falharam e, como tal, Álvarez-Pallete corta os dividendos, que permite a amortização maior da dívida. 

Além do corte, a Telefónica vai promover uma nova forma de pagar o dividendo. Assim, para o ano de 2016 o dividendo será de 0,55 euros por acção, contra os 0,75 euros antes anunciado, pagando-se 0,35 euros em Novembro deste ano e mais 0,20 euros no segundo trimestre de 2017. Os primeiros serão pagos através da entrega de acções, o que é designado por "scrip dividend". 

Em 2017, o dividendo voltará a ser cortado para 0,4 euros por acção, o que também compara com os 75 cêntimos anteriormente previstos, repartindo-se em 0,20 euros no quarto trimestre de 2017 e mais 0,20 euros no segundo trimestre de 2018, ambos pagos em dinheiro.

Assim, no ano civil de 2016 a Telefónica entregará aos accionistas 75 cêntimos por acção e em 2017 pagará 40 cêntimos.

A Telefónica justifica a nova política de dividendos com o fortalecimento do balanço, acelerando "substancialmente" a redução da dívida por via orgânica, face ao crescimento do fluxo de geração de caixa. Além disso, acrescenta que continuará a "remunerar de forma atractiva o accionista, com uma rentabilidade por dividendo consistente com o mercado e o 'payout' (dividendo por acção/free cash flow por acção) sustentável".

Nos primeiros nove meses do ano, a empresa libertou 2.315 milhões de euros de meios e mantém as perspectivas para o conjunto do ano de gerar caixa acima dos 4.000 milhões de euros. A Telefónica acrescenta, ainda, em comunicado que reafirma o compromisso de manter o nível de "rating" no patamar de investimento sólido, apontando para notações de BBB/Baa2. A Moody's, citada pela Bloomberg, já veio dizer que a decisão da Telefónica de reduzir os dividendos é mais um passo na direcção certa de preservar o dinheiro e ao mesmo tempo desalavancar. 

Álvarez-Pallete, lembra o El Pais, tinha dito em Setembro que iria manter a sua política de dividendos, mas o falhanço na dispersão de capital da filial de infraestruturas Telxius e a falta de solução para a venda parcial da operadora britânica O2 - cuja venda à Three da Hutchison foi bloqueada pela Comissão Europeia - obrigam a uma redução orgânica. 

No conjunto dos nove primeiros meses do ano a Telefónica apurou receitas de 38,315 mil milhões de euros, uma queda de 6,7%, conseguindo lucros 2,225 mil milhões de euros, menos 22%. No terceiro trimestre, a empresa conseguiu, no entanto, melhorar os resultados, para 983 milhões de euros, mais 38,5% que um ano antes.


O EBITDA alcançou nos nove primeiros meses do ano 11.931 milhões de euros, menos 4,6%, mas a margem EBITDA subiu 0,7 pontos percentuais para 31,3%. 

A América Latina e o Brasil continuam a ser as regiões de crescimento e já pesam 45% do negócio da operadora. Só o Brasil foi responsável por receitas de oito mil milhões de euros no conjunto dos nove meses, tendo no trimestre alcançado perto de três mil milhões. Espanha contou, no trimestre, com um negócio de 3.169 milhões de euros. De acordo com o comunicado, por regiões, a Telefónica Espanha representa 24,8% das receitas consolidadas, seguindo-se a América Latina (23,9%), Brasil (21,0%), Alemanha (14,5%) e Reino Unido (13,4%).

Por serviços, a banda larga já pesa 35,2% das receitas, tendo as receitas de voz e de acessos caído para 42,6%. Os dados móveis representam 51% das receitas do serviço móvel.

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