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Oi? Maior caso de recuperação judicial do Brasil volta a estar na moda
Dois anos e meio depois de entrar com o maior pedido de recuperação judicial do Brasil, a operadora Oi parece estar de volta à moda entre os analistas de telecomunicações.
O Itaú BBA, o Bradesco BBI e o BTG Pactual são algumas das corretoras que atribuíram recentemente recomendações positivas às ações da Oi, após a operadora de telecomunicações do Rio de Janeiro concluir o aumento de capital de 4 mil milhões de reais (946,09 milhões de euros) que foi a etapa final da sua gigantesca reestruturação da dívida.
"Vemos uma taxa de recompensa assimétrica positiva após a conclusão do aumento de capital e a eleição de um governo focado em reformas", escreveram os analistas liderados por Fred Mendes na corretora do Banco Bradesco, numa nota de 5 de fevereiro, quando elevaram a recomendação para a Oi de ‘neutral’ para ‘outperform’.
A ação faz também parte do portfólio recomendado pelo BTG Pactual no Brasil. "A empresa acabou de cumprir a última etapa do plano de reestruturação e deve voltar a aumentar o capex", declarou em entrevista Carlos Sequeira, diretor de "research" do mercado acionista para a América Latina. "A Oi é um ‘call’ muito específico e mais arriscado, mas temos visão de que o papel pode ter alta substancial", acrescentou Sequeira.
As ações ordinárias da Oi agora têm 4 recomendações de compra, 1 de manutenção e 3 de venda, com um preço-alvo médio de 1,90 reais, implicando um aumento de cerca de 34%, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A operadora da maior rede de fibra ótica do Brasil trabalhou duramente para reconquistar alguma confiança. A luta feroz entre os credores e acionistas para reestruturar 19 mil milhões de reais (4,49 mil milhões de euros) em dívida incluiu grandes empresas no mercado de crédito malparado, como a Aurelius Capital Management e a BlackRock, confrontos no conselho, saída de vários executivos de nível C e suspensão dos direitos de alguns dos seus acionistas. Também resultou no maior processo de mediação do mundo, de modo a que a empresa pudesse chegar a acordo com nada menos que 55.000 credores.
A Oi contratou recentemente o Boston Consulting Group para a ajudar a rever a sua estratégia, o Bank of America Merrill Lynch para ajudar a avaliar possíveis vendas de ativos ou outras oportunidades de fusões e aquisições e a Oliver Wyman para apoiar o seu plano de alocação de capital, que inclui a expansão de sua rede de fibra ótica e de sua cobertura 4G. O objetivo é formar uma equipa altamente qualificada para ajudar a administração a definir os seus próximos passos, agora que a dívida foi reestruturada.
A esperada aprovação de um projeto de lei que ajudará a modernizar o setor de telecomunicações do Brasil, após as eleições do Congresso e da Presidência do ano passado, também está a melhorar o cenário para a Oi.
A empresa opera sob um regime de concessão altamente regulado que a força a manter redes telefónicas fixas obsoletas e a proíbe de vender ativos como imóveis e hardware, mesmo que já não sejam necessários para fornecer os serviços.
A aprovação da nova lei de telecomunicações traria economias operacionais de 880 milhões de reais (208,1 milhões de euros) para a Oi, de acordo com Mendes, do Bradesco, além da possibilidade de venda de ativos e uma simplificação da estrutura corporativa.