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Nos nomeia novos administradores com ligações a Isabel dos Santos
Ana Rita Cernadas, Cristina Maria de Jesus Marques e José Carvalho de Freitas vão ocupar o cargo de vogais do Conselho de Administração para o mandato em curso, e, pelo menos as duas primeiras, trabalhavam para uma holding de Isabel dos Santos, a Santoro Finance.
O Conselho de Administração da Nos deliberou que três novos membros vão assumir a função de vogais até 2021, depois de administradores ligados ao caso Luanda Leaks terem desistido dos respetivos cargos em janeiro, embora um dos demissionários, Jorge Brito Pereira, já tivesse sido substituído.
Ana Rita Cernadas, Cristina Maria de Jesus Marques e José Carvalho de Freitas vão ocupar o cargo de vogais do Conselho de Administração para o mandato em curso (2019-2021), informou a empresa através de um comunicado publicado na página da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Destes três administradores, duas já têm uma nota biográfica no site da Nos, e mostram ligações a Isabel dos Santos. Cristina Marques tem como último cargo gestora de projeto na Santoro Finance, uma holding da empresária angolana. Ana Cernadas é membro do conselho de administração desta mesma entidade.
As novas nomeações são feitas depois de, em janeiro, os três administradores não executivos da Nos envolvidos no Luanda Leaks - Jorge de Brito Pereira, Mário Filipe Moreira Leite da Silva e Paula Cristina Neves Oliveira - terem renunciado aos respetivos cargos.
Ângelo Paupério, histórico gestor da Sonae, passou a ser o novo "chairman" da Nos, em substituição de Jorge Brito Pereira. Brito Pereira aparece no caso Luanda Leaks como advogado de Isabel dos Santos que, segundo a investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas, terá ajudado na alegada transferência de cerca de 115 milhões de dólares para uma "offshore" no Dubai: a Matter Business Solutions, a qual, segundo a mesma investigação, seria controlada também pelo advogado. Uma informação que o próprio nega.
Mário Leite da Silva e Paula Oliveira foram constituídos arguidos do caso Luanda Leaks pela Procuradoria-Geral da República de Angola, a par de Isabel dos Santos. Paula Oliveira é apontada como uma amiga próxima de Isabel dos Santos e o seu nome também aparece associado à Matter Business Solutions, segundo o consórcio internacional de jornalistas.
Já Mário Leite da Silva, o braço-direito de Isabel dos Santos, também pediu a demissão de presidente do Banco de Fomento de Angola no dia posterior à revelação do "Luanda Leaks", a 20 de janeiro.
A reunião que definiu o afastamento destes três administradores aconteceu no dia a seguir à Sonae ter dito que estava a acompanhar "com atenção e preocupação" as notícias do Luanda Leaks, principalmente as "alusões feitas a vários membros não executivos do conselho de administração da Nos". A Sonae é, por via da parceria com Isabel dos Santos, a maior acionista da operadora Nos (52%) através da Zopt.