Murteira Nabo, ex-presidente da Portugal Telecom e actual presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, não critica a Altice, mas lamenta a perda de "um projecto nacional de globalização da economia portuguesa". "Critico mais é o que levou à queda da PT como um grande projecto, um campeão nacional que se perdeu", diz o responsável.

Quando questionado sobre um eventual desmembramento da empresa portuguesa de telecomunicações, Murteira Nabo defende que "seria um disparate que a Altice cometeria" e fez saber que está optimista que o projecto da operadora passe por "recuperar um bocadinho o projecto inicial, que era fazer da Portugal Telecom um grande operador global centrado nos países de língua portuguesa".

No que diz respeito ao processo de compra da PT Portugal, Murteira Nabo diz que o falhar da parceria era "previsível". "A Oi não era talvez o melhor parceiro para a Portugal Telecom. A Oi era uma empresa de grande dimensão que precisava de um parceiro financeiro, não era a PT, a PT era uma empresa pequena para a Oi, portanto acabou por falhar, como era a meu ver, previsível", explicou.

Face às necessidades de financiamento da operadora brasileira, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira acredita que é provável que alguém "entre ainda na Oi".

"A empresa que agora se chama Pharol tem 25% da Oi, portanto poderá haver aqui uma possibilidade de a própria Altice se interessar pela Oi, por exemplo, e retomar o projecto com a Oi. Isso é que era interessante", afirmou ainda.

Murteira Nabo presidiu esta tarde à entrega do Prémio Personalidade do Ano, que homenageou o presidente da Embraer, Frederico Curado, e Belmiro de Azevedo, que deixou este ano a presidência do conselho de administração do Grupo Sonae.

Enquanto presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, Murteira Nabo comprometeu-se a investir nas relações empresariais entre os dois países de língua portuguesa. "Precisamos de capitais, não temos grandes poupanças internas, temos de ir buscar capitais fora, e se vierem do Brasil, melhor".

Seguindo a mesma lógica, "no caso da TAP, é bom que seja um brasileiro a tomar conta da TAP, já que ela vai ser privatizada", disse Murteira Nabo, salientando que entre os dois países "há sinergias, há complementaridades, há ligações, há amizade, há história, há cultura, há língua".