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Jerónimo de Sousa defende que CTT devem ser alvo de "intervenção pública"

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu "uma intervenção pública" nos CTT, numa medida que não tem de ser necessariamente uma nacionalização.

Bruno Simão/Negócios
21 de Dezembro de 2017 às 01:16
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Hoje à noite, no início de uma greve de dois dias dos trabalhadores dos CTT, o secretário-geral dos comunistas esteve junto da central de distribuição em Cabo Ruivo, em Lisboa, para prestar solidariedade aos trabalhadores.

 

"Não olhem para isto como um conflito laboral apenas. Está em causa o interesse nacional", disse Jerónimo de Sousa aos jornalistas em Cabo Ruivo, numa acção onde estiveram também presentes o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, o seu homólogo da UGT, Carlos Silva, e o deputado comunista José Soeiro.

 

Na prática, a greve de dois dias começa ainda hoje à noite, dado que vários grupos de trabalhadores do centro de tratamento de correio de Cabo Ruivo, em Lisboa, iniciam o seu turno às 22:00 e às 23:00.

 

Na terça-feira os CTT, que empregam 12 mil trabalhadores, dos quais cerca de sete mil são da área operacional (rede de transportes, distribuição e carteiros), divulgaram um plano de reestruturação que prevê a redução de cerca de 800 postos de trabalho nas operações da empresa ao longo de três anos, devido à queda do tráfego do correio.

 

Os trabalhadores "estão em luta pela defesa dos seus interesses, do seu emprego, mas há que valorizar esta luta porque também tem uma dimensão de defesa do interesse nacional", disse Jerónimo de Sousa, lembrando que os CTT foram historicamente um órgão público "ao serviço das populações, que hoje se sentem atingidas pelas limitações do serviço publico, que de forma arrogante a administração resolveu ameaçar com o despedimento de 800 trabalhadores".

 

"Infelizmente no nosso país estamos habituados a saber o que é que significam as restruturações, em que o alvo principal são os trabalhadores e os seus direitos", e por isso quisemos prestar solidariedade aos trabalhadores, disse Jerónimo de Sousa.

 

Apelando à luta e unidade dos trabalhadores, o secretário-geral do PCP defendeu uma intervenção nos CTT "no plano público, porque está em causa um sector estratégico", pelo que devem ser "encontradas formas onde essa gestão pública garanta a continuidade da empresa, o seu desenvolvimento e a defesa dos interesses dos trabalhadores".

 

Jerónimo de Sousa disse não estar a defender uma nacionalização, mas avisou que o Estado "não pode lavar as mãos" à espera de uma administração "mais preocupada com os seus lucros e interesses próprios do que com o interesse nacional e com os trabalhadores".

 

Mais peremptório foi o deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro, que também esteve a prestar solidariedade aos trabalhadores e que disse aos jornalistas que "cada dia que passa confirma a necessidade e a urgência de resgatar a concessão dos CTT, de resgatar a empresa para o controlo público".

 

"Precisamos de dar esse passo sob pena de a cada dia que passa a empresa ser cada vez mais destruída, o processo de destruição da empresa tem de ser travado agora", afirmou, acrescentando que com a privatização os CTT se transformou numa empresa "que tem vindo a ser destruída e que não cumpre os padrões mínimos" do serviço que devia prestar.

 

Os CTT é uma empresa que tem vindo a ser "pilhada pela administração" e descapitalizada e a greve que hoje se inicia "é importante para resgatar a empresa" e travar o processo de destruição, em curso nos últimos anos, afirmou o deputado.

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