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Fundador da Huawei quebra silêncio pela primeira vez desde 2015

As acusações de que a Huawei é alvo acumulam-se: desde a espionagem a territórios estrangeiros através da tecnologia vendida nesses países até a violações de sanções ao Irão, que resultaram na detenção da CFO da empresa - que é também filha do fundador. Neste contexto, pronuncia-se em sua defesa.

Bloomberg
15 de Janeiro de 2019 às 10:41
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Ren Zhengfei, o fundador da chinesa Huawei, não é dado a comunicações públicas – já não fazia declarações à imprensa há mais de três anos. Contudo, veio agora negar publicamente as acusações dos Estados Unidos à empresa que criou, as quais levaram à detenção da filha de Ren no papel de CFO da Huawei.

"Eu adoro o meu país, eu apoio o Partido Comunista. Mas não farei nada para prejudicar o mundo", assegurou o bilionário, acrescentando: "Não vejo uma relação entre as minhas crenças políticas pessoais e os negócios da Huawei".

Simultaneamente, Ren aproveitou para elogiar Trump, descrevendo-o como um "grande presidente" e diz que vai aguardar a intervenção do líder norte-americano na detenção da filha e CFO da Huawei, realizada pelas autoridades judiciais. A filha, Meng Wanzhou, está detida no Canadá e a aguardar a extradição para os Estados Unidos sob a acusação de ter vendido equipamento produzido em território americano ao Irão, violando as sanções internacionais impostas por Washington.

Apesar dos elogios, o fundador da gigante chinesa sublinhou que "é necessário tratar bem as empresas e países de forma a que estes estejam dispostos a continuar a investir nos Estados Unidos e o Governo consiga recolher impostos suficientes".

A prisão de Meng colocou a Huawei no fogo cruzado da rivalidade tecnológica entre China e EUA. O governo americano vê a empresa chinesa — grande fornecedora global de equipamentos para redes de telefones móveis — como um potencial risco à segurança nacional. Na equipa do presidente Donald Trump, alguns estão especialmente empenhados em impedir que a Huawei forneça equipamentos para a migração das operadoras americanas de comunicações móveis para a tecnologia 5G, que promete acelerar a adoção de carros autónomos e dispositivos ligados à internet.

A polémica entre Washington e Pequim surge ainda num contexto em que ambos os territórios disputam o domínio tecnológico nas próximas décadas.

Trump está em vantagem

Ren é uma lenda no mundo dos negócios da China. Sobreviveu enquanto milhões morriam de fome em consequência de políticas económicas implementadas por Mao Tse Tung e conseguiu erguer uma companhia de tecnologia que fatura 92 mil milhões de dólares. A Huawei é a maior fabricante de smartphones da China e segunda maior do mundo, ultrapassando a Apple, de acordo com a consultora IDC. Contudo, o sucesso da empresa pode inverter se encontrar uma demarcada oposição dos Estados Unidos: uma proibição à compra de tecnologias e componentes americanos seria um golpe duro para a Huawei. O governo Trump impôs essa penalidade à também chinesa ZTE, mas recuou.

 

Um veto comercial pleno nos EUA não se aplicaria somente a componentes, mas também a software e patentes de companhias americanas, alertaram os analistas Edison Lee e Timothy Chau, da Jefferies Securities. "Se a Huawei não puder licenciar o Android do Google ou as patentes da Qualcomm em tecnologia de acesso por rádio 4G e 5G, não poderá fabricar smartphones ou estações de base 4G/5G", escreveram num relatório.

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