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Foi há 42 anos que se fez a primeira chamada telefónica sem fios

3 de Abril de 1973, Sixth Avenue, em Nova Iorque. Martin Cooper, da Motorola, ligou ao seu maior rival do sector das telecomunicações a partir de um telemóvel que pesava quase um quilo, demorava 10 horas a carregar e tinha uma duração de bateria de apenas meia hora. Após o telefonema, deu uma conferência de imprensa, no hotel Hilton, onde apresentou o aparelho revolucionário: o Motorola DynaTAC.

Reuters
Carla Pedro cpedro@negocios.pt 03 de Abril de 2015 às 09:00

"Sabes de onde te estou a ligar?". Foram estas as primeiras palavras publicamente proferidas a partir de um telemóvel. O protagonista foi Martin Cooper (na foto), executivo da Motorola, que se encontrava em plena 6th Avenue, em Nova Iorque. Ligou a Joe Engel, director de investigação da Bell Labs, núcleo da operadora de telecomunicações AT&T, para lhe dizer que estava na rua. "Estou a telefonar-te para saber se me consegues ouvir bem desse lado", acrescentou. E foi assim que ficou conhecido como "o pai do telemóvel".

 

A seguir deu uma conferência de imprensa, no hotel Hilton, para anunciar que tinha acabado de realizar a primeira chamada da história a partir de um telefone móvel. Estávamos a 3 de Abril de 1973.

 

O telemóvel era um Motorola DynaTAC (DYNamic Adaptive Total Area Coverage) 8000 X, pesava 794 gramas, tinha 33 centímetros de altura (já contando com a antena) e uma espessura de 8,9 centímetros. Eram precisas 10 horas para o carregar e a bateria durava meia hora.

 

Dez anos depois, em 1984, este modelo portátil era colocado à venda por 3.999 dólares. Hoje, esse preço corresponderia a 7.200 euros, diz o El País, que compara a evolução desta tecnologia até ao iPhone 6, que pesa apenas 123 gramas, tem 13,81 centímetros de altura e menos de um centímetro de largura - e é vendido por 699 euros. O DynaTAC 8000 X não tinha ecrã. Os smartphones de hoje permitem tirar fotos, fazer videoconferência e enviar mensagens de texto.

 

O DynaTAC pode ser visto, como relembra a Mashable, em vários filmes norte-americanos, nomeadamente em "Wall Street", quando o investidor Gordon Gekko (personagem interpretada por Michael Douglas) o usa para fazer um telefonema na praia, ou em "American Psycho", quando Patrick Bateman (incarnado por Christian Bale) o usa para fazer uma falsa reserva de jantar.

 

42 anos depois, e centenas de gramas a menos, o telemóvel é hoje um instrumento fundamental do dia-a-dia de milhões de pessoas. Em 1975 havia 5.000 clientes de telefonia móvel em todo o mundo. Actualmente, há 3.600 milhões de utilizadores – é metade da população mundial. E segundo as estimativas da GSMA [organização mundial de operadoras móveis], citadas pelo El Pais, em 2020 deverá haver 4.600 milhões de assinantes de serviços móveis. 

 
Ascensão e queda da Motorola

A 25 de Setembro de 1928, os irmãos Paul V. Galvin e Joseph E. Galvin compraram em leilão, por 750 dólares, o equipamento e os planos dos eliminadores de pilhas [fontes de alimentação estáticas, que não utilizam pilhas] da Stewart Battery Company, que estava em falência. Deram-lhe o nome de Galvin Manufacturing Corporation e ficou sedeada em Chicago.

 

A empresa tinha um capital circulante de 565 dólares e cinco funcionários. Os primeiros produtos que fabricou foram os eliminadores de baterias, aparelhos conhecidos como fontes de corrente contínua, que não tinham necessidade de pilha e que permitiam que os rádios funcionassem liados à corrente eléctrica residencial

 

Com os avanços tecnológicos, estes aparelhos rapidamente ficaram fora de moda. Paul Gavin soube que alguns técnicos de rádio estavam a instalar aparelhos em carros e desafiou os seus engenheiros a conceberem um auto-rádio barato que pudesse ser instalado na maioria dos automóveis. Foi um dos primeiros sucessos da empresa, com o primeiro modelo a ser apresentado em Junho de 1930.

 

Dada esta inovação, que deu grande impulso à actividade da empresa, Paul Galvin quis escolher uma marca para os auto-rádios da Galvin Manufacturing Corporation. E foi assim que criou o nome Motorola, que vinha da junção de ‘motor’ (em alusão ao movimento) e de ‘ola’  (que implicava um som). Motorola significava, pois, um som em movimento.

 

A empresa vendeu o seu primeiro auto-rádio a 23 de Junho, em 1930, por 30 dólares. Continuou a desenvolver a sua actividade no ramo dos rádios e receptores de rádios patrulha, bem como dos televisores, e em 1943 entrou em bolsa. A marca Motorola começou a ser tão conhecida que a empresa acabou por mudar o seu nome, em 1947, para Motorola Inc. Nessa altura a sua sede estava já em Schaumburg, também no Estado de Illionois.

 

A actividade da empresa entrou numa das suas fases mais iportantes em 1973, quando a Motorola apresentou um aparelho de comunicação móvel voltado para o consumo das massas: o telemóvel.

 

A Motorola continuou também a desenvolver produtos de utilização doméstica e em redes de radiodifusão, como set-top boxes, gravadores de vídeo digitais e televisores de alta definição.

 

Entrou em falência após registar prejuízos de 4,3 mil milhões de dólares entre 2007 e 2009. Foi então, em inícios de 2011, cindida em duas empresas independentes: Motorola Mobility (telemóveis, acessórios, tablets e descodificadores de TV) e Motorola Solutions (scanners de códigos de barras, redes sem fio e rádios intercomunicadores). Apesar de serem entidades separadas, continuam a ter o mesmo nome de base e a partilharem direitos de autor e patentes.

 

A Motorola Solutions é vista como a sucessora directa da Motorola, tendo sido estruturada após a reorganização.

 

A Motorola Mobility foi comprada pela Google (que deixou de ser uma empresa apenas de software, passando a ser também uma das grandes fabricantes de hardware para telemóveis), em Agosto de 2011, por 12,5 mil milhões de dólares. Em Agosto de 2013, lançou o seu primeiro smartphone, o Moto X.

 

Após vários trimestres de prejuízos, a Google concluiu que seria mais rentável manter apenas a carteira de patentes e transferir a área de fabrico de aparelhos para outra empresa, tendo em Janeiro de 2014 anunciado a venda da Motorola Mobility à chinesa Lenovo, por 2,9 mil milhões de dólares – negócio esse que ficou concluído no fim de Outubro do ano passado.

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