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Digi fecha acordo para comprar Nowo por 150 milhões de euros
A operadora de telecomunicações romena avalia a Nowo em 150 milhões de euros. A operação está dependente de ajustamentos e aprovação da Autoridade da Concorrência.
A Digi chegou a acordo com a Lorca para comprar a Cabonitel, empresa que detém a operadora de telecomunicações portuguesa Nowo. A Digi informou esta manhã o regulador romeno desta operação.
A compra está avaliada em 150 milhões de euros, um valor em linha com a anterior oferta da Vodafone. A conclusão do negócio com a Lorca - "joint venture" entre a Orange e a MásMóvil - está ainda dependente de ajustamentos e aprovação dos reguladores, nomeadamente da Autoridade da Concorrência.
Como o Negócios tinha noticiado, a Digi já tinha manifestado interesse em adquirir a Nowo à Concorrência e feito contactos informais para avaliar os possíveis entraves, ou não, da operação.
No início de julho, o regulador liderado por Nuno Cunha Rodrigues chumbou a operação de venda à Vodafone por considerar que poderia criar entraves "significativos" à concorrência em algumas zonas, levando ao aumento de preços. Pelo contrário, de acordo com estimativas do regulador, a entrada da Digi pode levar à queda dos preços até 7%, desconto que poderia ser reduzido quase para metade em alguns segmentos caso a compra pela Vodafone avançasse.
Segundo o comunicado emitido hoje, e assinado pelo CEO, Serghei Bulgac, o acordo foi assinado na quinta-feira, 1 de agosto. Nesse mesmo dia, o Eco tinha noticiado que a dona da Nowo tinha rompido as negociações com a Media Capital, que tem como acionista Mário Ferreira.
A operação prevê a compra de 100% da Cabonitel, que controla a Nowo,a quarta maior operadora no mercado português com cerca de 270 mil clientes de rede móvel em Portugal e cerca de 130 mil de rede fixa, de acodordo com o comunicado divulgado pela Digi.
A venda da Nowo, comprada pela MásMóvil em 2019, insere-se na alteração estratégica da operadora espanhola após a mudança de estrutura acionista numa "joint venture" com a Orange em Espanha, dando origem à MasOrange.
Rede de fibra da Digi “contorna” zonas da Nowo
A compra da Nowo resolve alguns dos obstáculos que a Digi está a ter na entrada no país. Desde logo, o acesso aos conteúdos. Recentemente, o Eco noticiou que a operadora romena tinha avançado com uma queixa ao regulador dos media (ERC) e à AdC contra a Media Capital pelo facto de o grupo ter alegadamente adotado um “comportamento abusivo” na negociação de conteúdos televisivos. Como a Digi quer ter ofertas móveis, fixas e convergentes, incluindo televisão por subscrição, o acesso a tais conteúdos é essencial.
Outra das vantagens desta transação passaria por arrancar logo com uma base de clientes. Por mais pequena que seja a quota da Nowo – inferior a 5% – serviria como alavanca, até porque, devido às fidelizações, quando a Digi entrar não vai conseguir captar logo um largo número de clientes, como explicaram ao negócios fontes do mercado.
Esta operação também traria vantagens em termos da expansão de infraestrutura fixa. Apesar de a empresa romena estar a investir em rede própria – e ter feito acordos com operadores grossistas como a Cellnex – o desenvolvimento da sua estrutura levará algum tempo. E segundo o documento da decisão pública sobre a operação de concentração da Nowo pela Vodafone, consultado pelo Negócios, o plano inicial de expansão de rede de fibra ótica da Digi não privilegia as zonas onde a Nowo está.
Já analistas ouvidos pelo Negócios tinham apontado que o preço poderia ser um obstáculo ao negócio e causar pressão financeira. Isto porque a Digi está a arrancar com operações que requerem investimentos avultados ao mesmo tempo em Portugal e na Bélgica. Uma das fontes chegou mesmo a apontar que a venda da Nowo à Vodafone traria mais vantagens para a Digi, uma vez que os remédios propostos previam, por exemplo, a disponibilização de uma oferta grossista sobre a rede de fibra ótica da Vodafone.
Outro fator que pode pressionar financeiramente a Digi, de acordo com os mesmos analistas, é a recente conclusão da compra da Telekom Romania Mobile à subsidiária grega da Deutsche Telekom. O valor da transação não foi revelado, nem detalhes do negócio. Em comunicado enviado ao regulador romeno, a Digi informou apenas que a Romania Mobile vai permanecer no mercado como operador independente, ou seja, não vai ser integrado na Digi. E que a transação tinha sido feita através do veículo de investimento West Network Invest, detido maioritariamente pela Digi e, em menor parte, pelo grupo romeno Clever Media.
Segundo as regras do leilão 5G, a Digi – conhecida por ter uma oferta agressiva – tem de lançar oferta comercial até ao final do ano, mas a data de arranque não é conhecida. Mas a presidente da Anacom, Sandra Maximiano, acredita que será até novembro.