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Será o Facebook maior que a Bíblia?
Estatísticas mostram o poder adictivo da rede social que chega a 1,7 mil milhões de pessoas.
Quando, em 1966, John Lennon cunhou a tirada de os Beatles serem "maiores que Jesus", a Inglaterra seguiu como dantes, mas o sul dos EUA incendiou-se contra os meninos bonitos de Liverpool. Rádios boicotaram as suas músicas, concertos foram cancelados e até o Ku Klux Klan decidiu organizar um protesto.
Hoje em dia, os ídolos são outros, a tolerância nem por isso. Daí a provocação que dá título a este artigo. Será o Facebook maior do que a Bíblia?
Provavelmente será uma das 1,65 mil milhões de pessoas que utiliza o Facebook. Talvez tenha mesmo chegado a este texto por essa via. Uma prova, se é que era preciso, do alcance da invenção de Mark Zuckerberg, que se tornou não apenas numa máquina de fazer dinheiro como mudou toda a forma como as pessoas se relacionam com todos os assuntos, e principalmente entre elas.
O site Marketwatch compilou uma série de estatísticas que ilustram bem o alcance esmagador e o efeito do Facebook. A influência deste monstro cibernético é visível em tudo, desde a política até… à casa de banho.
Prossigamos rapidamente.
Começando pela Bíblia. A mais recente sondagem da Gallup conclui que 37% dos norte-americanos afirma ler o livro sagrado pelo menos uma vez por semana. Mas mais de metade dos inquiridos, mais precisamente 56%, consultou o seu "feed" do Facebook na semana anterior. Uma nova religião?
Em termos de números, puros e duros, a coisa é mais directa. São 1,65 mil milhões de pessoas ligadas, das quais 1,09 mil milhões de pessoas (Março de 2016) o fazem diariamente. Estamos a falar de qualquer coisa como um sétimo da população mundial.
Depois, há o tempo que lá passamos. O americano médio – e em Portugal não há grandes razões para acharmos que é muito diferente – passa 40 minutos por dia no Facebook, dividido por vários períodos de atenção. Esse é também o tempo que o mesmo americano passa nos seus cuidados pessoais, desde barbear-se, vestir-se ou pentear-se todas as manhãs.
Segundo a firma de marketing Retrevo, cerca de metade dos americanos vê o Facebook à noite ou assim que acordam. Mais, um em cada dez vai à rede social (ou ao Twitter) se acordar durante a noite, valor que sobe para um em cada cinco na faixa etária abaixo dos 25 anos. Nem a dormir nos desligamos realmente.
Nem a dormir nem na casa de banho. Três em cada quatro americanos consultam o telemóvel enquanto estão sentados na sanita; pelo menos um em cada quatro passa esse tempo no Facebook.
E, segundo o Pew Research Center, nem os seniores escapam. Mais de metade dos adultos acima de 65 anos que utilizam a internet estão registados e usam frequentemente o Facebook.
A rede social saltou ainda mais para a ribalta à medida que a campanha presidencial norte-americana aquece e se torna mais decisiva. Os republicanos vieram acusar a rede de rotineiramente desvalorizar no "feed" dos utilizadores as notícias mais apelativas a um eleitorado mais conservador. Podia ser um "fait-diver", mas não é. É que dois terços dos utilizadores norte-americanos admitem que o Facebook é a sua fonte primordial de notícias. Ou seja, o poder de manipular o que lêem os 222 milhões de americanos registados é imenso, e pode mesmo decidir eleições.
O que é, hoje, o Facebook? Passatempo, vício, nova religião, ameaça ou oportunidade? Tudo isto, talvez.