Notícia
Robô pode ser uma solução para falta de enfermeiros
O robô está a ser desenvolvido pelo Imperial College London. Só haverá testes clínicos quando a segurança dos humanos estiver completamente garantida.
Num contexto de escassez cada vez maior de enfermeiros qualificados no Reino Unido, alunos e professores da Imperial College London estão a desenvolver um robô com habilidosos dedos produzidos por impressão 3D para dar assistência a idosos e pessoas com limitações físicas.
A atual versão do robô, chamado carinhosamente de Baxter, tem dois braços mecânicos, um rosto animado e sensores para analisar padrões e perceber se um utilizador está com dificuldade para levantar ou mover pernas e braços.
"Há uma necessidade crescente de tecnologias que permitam que as pessoas mantenham a sua independência e, assim, satisfaçam o desejo humano fundamental de privacidade e dignidade", disse Yiannis Demiris, diretor do laboratório de robótica pessoal da instituição londrina, em entrevista.
O Baxter foi originalmente criado em 2011 por uma start-up dos EUA e, desde então, tornou-se um dos principais robôs na investigação académica, apoiando a aprendizagem de robótica por estudantes mais avançados. O aparelho já foi testado em ajuda humanitária em África e em linhas de produção industriais.
Na Imperial College, o objetivo é melhorar a sua capacidade de perceber movimentos e refinar habilidades para que cumpra tarefas como vestir alguém. Os cientistas também estão a imprimir "dedos" em 3D, aumentando a sua destreza.
O Baxter analisa os movimentos que observa ao longo do tempo, permitindo que profissionais de saúde entendam se a mobilidade do utilizador do robô está a alterar-se. O Baxter consegue, por exemplo, ajustar a sua própria posição para ajudar uma pessoa a vestir uma camisa.
Segundo Demiris, a inteligência artificial é crucial para que assistentes robóticos aprendam sobre as preferências e habilidades dos utilizadores, de modo a "personalizar a sua assistência e maximizar os seus benefícios".
Os pesquisadores da Imperial College viram a necessidade de criar uma versão do Baxter quando analisaram a escassez de enfermeiros face ao envelhecimento populacional.
Nos 12 meses até março, estavam vagas pouco mais de 10% das posições de enfermagem no Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido, segundo o próprio órgão.
Nos EUA, também faltam enfermeiros e um relatório da Health Affairs prevê o agravamento do quadro por causa das polémicas em torno da imigração. Mais de um quarto dos enfermeiros que oferecem cuidado direto no país não nasceu lá.
O Japão lançou sistema de cuidado de idosos por robôs.
A SoftBank Robotics opera um humanoide chamado Pepper que está a trabalhar em casas de repouso da Silver Wing Social Welfare em Tóquio. A queda da taxa de natalidade e o aumento da esperança média de vida ampliaram a parcela de idosos na população. Hoje mais de 27% dos japoneses têm mais de 65 anos de idade, segundo estatísticas oficiais.
Na Califórnia, a Intuition Robotics, criou um robô de companhia chamado ElliQ para ajudar idosos a combater a solidão.
O robô da Imperial College está em fase de investigação e ainda não há nenhum teste comercial confirmado. De acordo com Demiris, um protótipo está a ser testado para garantir a sua total segurança na interação com seres humanos.
Os seus engenheiros também estão a aprimorar os dedos impressos em 3D para o Baxter completar tarefas mais complicadas.
(Texto original: Robotic Nurse That Helps You Dress Could Aid Staff Shortage)