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Ricardo Salgado apreensivo com venda de rede fixa à PT
A venda da rede básica de telecomunicações pelo Estado à PT deixou Ricardo Salgado apreensivo quanto ao negócio que permitiu ao erário público encaixar 365 milhões de euros que contribuirão para o cumprimento do défice deste ano.
«Só o tempo dirá se (o negócio) foi uma boa operação ou não», afirmou o presidente do Banco Espírito Santo (BES), ressalvando que falava a nível pessoal e não ao nível do cargo que ocupa no terceiro maior banco nacional. O BES [BESNN] é o maior accionista da PT, com cerca de 10% do capital.
«Nestas condições, pareceu-nos ser mais razoável» do que outras propostas recebidas, acrescentou. A venda da rede fixa foi um negócio que se arrastou por mais de um ano, com várias avaliações aos activos a revelarem discrepâncias nos preços, que oscilaram entre 250 milhões de euros e mais de 625 milhões de euros.
O principal motivo para a operação prendia-se com a necessidade urgente do Governo em encaixar receitas extraordinárias para cumprir o objectivo do défice orçamental de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.
«Na minha opinião não é negativa (a compra da rede fixa pela PT) mas também não posso dizer que seja positiva», adiantou ao Negocios.pt.
A queda na utilização do telefone fixo em detrimento do móvel é um dos factores menos positivos no âmbito da compra da rede fixa pela Portugal Telecom (PT) [PTC], segundo a opinião daquele responsável.
Ricardo Salgado salientou que «a rede fixa está em queda em termos de utilização porque as pessoas cada vez mais têm telemóveis».
O mesmo responsável referiu que nunca esteve contra a compra da rede fixa mas que sempre defendeu que, se a mesma «viesse em prejuízo da PT, seria contra essa operação», adiantando que a aquisição da mesma obteve «concordância em relação à decisão tomada», escusando-se a adiantar se a mesma foi ou não unânime entre os accionistas da operadora liderada por Horta e Costa.
A PT é detida em 4,81% pela Telefónica e tem aprovação para aumentar a sua posição para os 10%. A Caixa Geral de Depósitos (CGD) controla 4,7% e o BPI 3,1%. O Estado é detentor de 500 acções que lhe garantem uma «golden share» na empresa.
A PT fechou nos 6,32 euros, a subir 0,16%.