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"Portugal foi um dos perdedores da globalização", diz Pedro Siza Vieira

Presidente do 32.º Congresso da APDC deu início ao evento de dois dias com palavras que sinalizam que evolução tecnológica e reorganização da economia oferece ao país oportunidades. Marcelo Rebelo de Sousa alerta para riscos.

APDC
09 de Maio de 2023 às 10:56
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No 32.º Congresso da Associação Portuguesa das Comunicações (APDC), Pedro Siza Vieira, ex-ministro da Economia e presidente da edição deste ano, defendeu que "Portugal foi um dos grandes perdedores da globalização". 

"O modelo económico de Portugal foi profundamente afetado pela entrada de mercados como a China. Provocou um choque brutal à nossa economia, que levou a uma mudança muito grande daquilo que produzimos face há 30 anos", disse, defendendo que a transformação tecnológica que agora decorre traz ao país diversas oportunidades.


Para o ex-ministro da Economia, "aqueles que há 30 anos decidiram politicamente a globalização, estão agora a tomar uma decisão de redução dos riscos" e esse movimento de "recomposição tem levado a uma escolha de investidores internacionais pelas periferias da Europa" e Portugal "tem sido beneficiário disso". "Estes tempos são de grande oportunidade para Portugal", afirmou, detalhando que não é por acaso que as exportações têm vindo a crescer.


Siza Vieira considera também que o país tem hoje capacidade de aproveitar essas oportunidades, uma vez que "nas últimas duas décadas investiu drasticamente na educação e na qualificação dos portugueses". "Estamos hoje preparados para fazer coisas de maior valor e mais complexas", realçou, detalhando que "a grande qualidade das nossas telecomunicações e as capacidades em matéria de tecnologia têm sido um outro fator que permite aproveitar da melhor maneira estas mudanças em curso".

O congresso deste ano tem como tema "as grandes disrupções", com o surgimento de plataformas como o ChatGPT em foco. Desde a forma como estas poderão alterar o modelo de trabalho e riscos que representam, são várias as questões que se levantam. E foi precisamente esse o ponto evidenciado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que também discursou na abertura do evento, via vídeo. 

"Estamos a aproveitar devidamente os benefícios? Estamos a perder as oportunidades? Conseguimos conservar o ritmo inovador ou a inovação surge e cansámo-nos dela? Conseguimos que a evolução da tecnologia não nos leve a esquecer o que é fundamental - as pessoas?", elencou, reforçando que "é tudo isso que nos deve preocupar e estar presente no debate".

O chefe de Estado assume que é necessário estar "permanentemente nas posições pioneiras", mas que o desafio é fazê-lo "sem atingir a coesão social e o que já é hoje um panorama de muitas desigualdades".


"Não devemos ter medo do ChatGPT"

"Não devemos ter medo do ChatGPT", defendeu o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, no seu discurso, fazendo alusão às palavras de abertura do presidente da APDC, Rogério Carapuça, que disse ter recorrido ao modelo de linguagem para o início do seu discurso.

"O ChatGPT não tem alma. O que nos diferencia é a nossa alma", enfatizou Carlos Moedas, defendendo que plataformas como esta são importantes para a disrupção.

O autarca de Lisboa aponta que a capital, assim como outras cidades portuguesas, têm caraterísticas essenciais que permitem aproveitar esta nova onda tecnológica: diversidade, cultura do tempo e identidade.

Como exemplo da cultura do tempo, dá o facto de Lisboa ter conseguido atrair empresas de fora com o projeto da Fábrica de Unicórnios, uma das bandeiras de Moedas. 

"Conseguimos atrair 11 empresas de fora, que eram unicórnios, para montar o seu negócio", disse, acrescentando que quando questionados sobre o que viam em Lisboa, responderam: "um ritmo e um tempo que já não existe noutras cidades europeias". Tempo este que, sublinha, permite digerir a disrupção.

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