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Porto lidera projeto europeu de 8 milhões para superar “calcanhar de Aquiles” da inteligência artificial
Um consórcio europeu coordenado pelo Fraunhofer Portugal AICOS, um centro de investigação com sede no Porto e 100 investigadores, lançou o Achilles, um “projeto inovador dedicado a transformar o futuro da inteligência artificial, tornando-a mais leve, transparente e segura”.
Nascido no Porto em 2009, no seguimento de uma parceria entre a alemã Sociedade Fraunhofer (Fraunhofer-Gesellschaft), a Fundação para a Ciência Tecnologia (FCT) e a Universidade do Porto (UP), o Centro de Investigação Fraunhofer Portugal AICOS (FhP-AICOS) começou com uma dúzia de pessoas.
Atualmente, com dois escritórios em Portugal e cerca de 100 pessoas, das quais 80 são investigadores altamente qualificadores, o FhP-AICOS apresenta um portefólio de clientes em diversas áreas, como saúde, agricultura, retalho e energia, tendo consolidado competências em design centrado no utilizador, sistemas inteligentes e Internet das Coisas (IoT), atuando nas áreas de negócio de saúde, indústria e futuros digitais.
Entretanto, esta quarta-feira, 4 de novembro, nas suas instalações no Porto, foi lançado oficialmente o Achilles, nome do "projeto inovador dedicado a transformar o futuro da inteligência artificial, tornando-a mais leve, transparente e segura", revela o FhP-AICOS, em comunicado.
Inspirado no lendário guerreiro Aquiles, o projeto quer superar as fraquezas da IA – ou seja, a eficiência e a confiança – com uma abordagem moderna.
"À medida que a IA se integra cada vez mais no nosso quotidiano, crescem as preocupações com transparência, ética e consumo de energia. O Achilles enfrenta esses desafios ao introduzir abordagens inovadoras e ao apoiar o desenvolvimento de sistemas de IA que sejam mais ‘leves’ (sustentáveis e eficientes), ‘transparentes’ (fáceis de entender e documentar) e ‘seguros’ (robustos e em conformidade com padrões éticos e legais), explica o centro de investigação do Porto.
Dando um novo significado ao lema olímpico, realça que o Achilles "não busca apenas ser 'mais rápido, mais alto, mais forte', mas uma IA mais sustentável, transparente e alinhada com os valores humanos".
O Achilles foi lançado por um consórcio europeu de 16 organizações, de 10 países, que é financiado com mais de oito milhões de euros no âmbito do programa-Quadro Horizon Europe e liderado pelo FhP-AICOS como parceiro coordenador.
"No centro do Achilles está um ciclo de desenvolvimento interativo inspirado nos aspetos positivos dos ensaios clínicos", realça André Carreiro, investigador sénior no FhP-AICOS e coordenador do projeto.
Este ciclo "compreende quatro módulos principais: metodologias centradas no ser humano, operações centradas em dados, estratégias centradas em modelos e otimizações centradas na implementação. O ciclo conclui-se com um retorno às abordagens centradas no ser humano, garantindo que a explicabilidade e a transparência sejam incorporadas ao sistema", explica André Carreiro.
O coordenador do projeto também destaca o impacto estratégico do projeto tanto nos avanços técnico-científicos quanto nas políticas: "Com o Achilles, buscamos promover avanços em IA que estejam alinhados com os padrões éticos da UE, requisitos legais e um compromisso com a transparência", remata Carreiro.
(Notícia atualizada às 17:12)