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Huawei procura novas formas de agarrar fatia da Nvidia no mercado de chips de IA da China
A estratégia da Huawei passa por se posicionar como a primeira escolha para as empresas que usam IA nas chamadas tarefas de inferência em vez de estar focada na formação de grandes modelos de linguagem (LLM).
A Huawei está a procura de novas formas para conquistar grande parte do mercado de chips para inteligência artificial (IA) na China, atualmente liderado pela Nvidia, com uma mudança de estratégia, escreve, esta terça-feira, o Financial Times.
A Nvidia não pode fornecer chips avançados de IA na sequência das restrições às exportações dos Estados Unidos, mas ainda detém uma quota de mercado significativa na China devido à eficiência das suas unidades de processamento gráfico (GPU), fundamentais na era da IA generativa. E, por isso, a ideia da Huawei é desafiar a fabricante americana nas chamadas tarefas de inferência em vez de apostar na formação de grandes modelos de linguagem (LLM).
Georgios Zacharopoulos, investigador na área de desenvolvimento de inferência de IA no laboratório da Huawei em Zurique, explicou que esse é o foco, considerando que "a formação é importante, mas apenas tem lugar algumas vezes", razão pela qual a gigante chinesa vai antes servir mais clientes focando-se na inferência. Em causa está o processo de execução de dados através de um modelo de IA treinado para fazer uma previsão ou resolver uma tarefa, ou seja, através do conhecimento existente.
O principal rival da Nvidia na China está a usar modelos de IA treinados nos produtos da tecnológica americana nos chips Ascend, sendo que, segundo trabalhadores e clientes, a administração da Huawei tem menos desafios do ponto de vista técnico e pode gerar lucros elevados. E, além disso, também forneceu uma ferramenta para preencher a lacuna entre os diferentes softwares utilizados pelas GPU Nvidia e Ascend.
Escreve ainda o FT que a Huawei conta com apoio de Pequim nesta investida, estando as autoridades chinesas a pedir às empresas que utilizam IA para recorrerem aos chips da Huawei em detrimento da Nvidia. Uma fonte ligada às operações da Nvidia na China indicou ao jornal que a empresa também é vista internamente como a principal rival no país dado que o design dos seus chips é mais "avançado".
Ao contrário de gigantes norte-americanos como a OpenAI e a Google, as empresas chinesas enfrentam o desafio de aceder aos GPU de melhor qualidade. Devido às limitações às exportações impostas pelos Estados Unidos, a Nvidia apenas fornece à China chips H20 de qualidade inferior, os quais, ainda assim, são alvo de elevada procura no país, atendendo a que são melhores do que os produzidos localmente.