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Grupo israelita que criou software de espionagem em dificuldades financeiras. Pondera fechar unidade Pegasus

O NSO Group, que criou o software Pegasus, utilizado para espionagem e que esteve envolvido num escândalo de vigilância de políticos e ativistas, estará a ponderar o encerramento da unidade Pegasus ou até a venda da empresa.

13 de Dezembro de 2021 às 20:08
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A empresa israelita NSO estará em risco de incumprimento e estará a ponderar opções que incluem o encerramento da polémica unidade ligada ao software Pegasus ou ainda a venda da empresa, avança a Bloomberg.

De acordo com a agência, que cita fontes com conhecimento do tema, a empresa estará a explorar todas as opções possíveis, tendo já realizado algumas conversações com vários fundos de investimento. Em cima da mesa estarão opções como o refinanciamento da companhia ou a venda.

Segundo a informação apurada pela Bloomberg, a empresa terá recorrido ao aconselhamento da Moelis & Co.

Dois fundos norte-americanos terão já feito parte das conversações, sendo mencionada a possibilidade de encerrar a unidade ligada ao software Pegasus. Em julho, uma investigação feita por um consórcio composto por 17 organizações de media, espalhadas por 10 países, incluindo meios como o The Guardian ou o francês Le Monde, avançou que vários governos autoritários estariam a vigiar os smartphones de políticos, jornalistas, ativistas e defensores dos direitos humanos e advogados em diversos pontos do globo, cm com recurso a este software.

Na página da empresa, criada em 2010, a NSO apresenta-se como uma companhia que "cria tecnologia que ajuda agências governamentais a prevenir e a investigar terrorismo e crime para salvar milhares de vidas em todo o mundo". A empresa deixa como exemplos de atores a manter debaixo de olho "terroristas, traficantes de droga, pedófilos ou outros criminosos que têm acesso a tecnologia avançada e são hoje mais difíceis de monitorizar, encontrar e capturar do que nunca". Os principais clientes da empresa israelita são agências governamentais de inteligência e forças policiais, "com o único propósito de prevenir e investigar o terror e crimes sérios", afirma a empresa no site.

Mas, de acordo com a informação divulgada no âmbito da investigação levada a cabo pela Forbidden Stories, intitulada "Projeto Pegasus", esta operação de vigilância massiva em que o software da empresa terá tido um papel de relevo tinha alvos bem diferentes daqueles que são anunciados pela companhia na versão do site. Afinal, recorrendo ao Pegasus, um programa que permite aceder remotamente a smartphones, sejam eles dispositivos Android ou iPhone, era possível ter acesso a mensagens de texto, fotografias, emails, registos de chamada ou ainda ativar microfones. Uma vez que se trata de um software de vigilância, este é executado no smartphone de forma quase imperceptível.

E, segundo a Bloomberg, no cenário de os fundos americanos passarem a controlar a empresa, seriam injetados cerca de 200 milhões de dólares para transformar o software Pegasus numa opção especificamente virada para serviços de defesa de cibersegurança, escreve a agência.

Este ano, os Estados Unidos colocaram a NSO na "lista negra" do Departamento de Comércio, adicionando pressão à empresa, que já tem cerca de 450 milhões de dólares de dívidas.

No cenário de encerramento da unidade Pegasus, a empresa ficaria sem uma boa parte da fonte de receitas. Este ano, de acordo com as fontes ouvidas pela Bloomberg, a empresa antecipa vendas de 230 milhões de dólares, menos 8% face aos resultados de 2018.
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