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Ex-gestora de talentos da Netflix na Farfetch: “Vocês têm o poder”

Patty McCord escreveu “o documento mais importante alguma vez produzido em Silicon Valley”, nas palavras da diretora de operações do Facebook, e esteve em Portugal para partilhar 14 anos de experiência na gestão de talentos da Netflix.

09 de Abril de 2019 às 18:36
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O pretexto para a vinda da ex-Chief Talent Officer (CTO) da gigante da distribuição televisiva Netflix foi o lançamento do seu livro "Powerful: Como construir uma cultura empresarial de liberdade e responsabilidade para responder aos desafios da gestão de talento". Local: os novos escritórios da Farfetch, no Porto.

 

Comecemos pelo livro. Patty McCord diz que o título ("poderoso", em português) foi escolhido para fugir a palavras de gestão. "Não gosto da palavra ‘empowerment’, mas vocês têm o poder", disse a norte-americana a uma plateia de talentos da empresa nacional de e-commerce - "têm o poder de gerir pessoas de uma forma que pode ser totalmente diferente do ‘standard’."

 

Na Netflix, Patty McCord foi uma das autoras do "Netflix Culture Deck", que, desde a sua publicação, em 2009, já foi lido por mais de 15 milhões de pessoas. O manifesto foi apelidado por Sheryl Sandberg, Chief Operations Officer (COO) do Facebook, como "o documento mais importante alguma vez produzido em Silicon Valley" e representa um desafio aos gestores para equacionarem a forma como gerem as equipas.

 

"Os métodos que usamos para gerir pessoas, ou mesmo projectos, são demasiado lentos e o mundo é muito dinâmico", afirmou a especialista em talentos, esta segunda-feira, 8 de abril, na Farfetch, no Porto.

 

Desde que deixou a gigante norte-americana, Patty McCord tem sido chamada para dar palestras a grandes empresas, mas também a start-ups. "Todas as empresas são iguais no início", garante.

 

Questionada sobre qual a principal dificuldade das start-ups tecnológicas para enfrentarem o crescimento, a responsável de talentos disse que estas "tendem a contratar pessoas iguais a elas". "Quando percebem como resolver um problema, os problemas a seguir aumentam de complexidade e nem toda a gente consegue lidar com isso", afirmou, acrescentando que "estes problemas de escala só são resolvidos por quem já os viu, o que não é o caso das start-ups".

 

Medir, questionar e procurar quem não está

 

A seguir ao crescimento, vêm outros problemas. Garantindo que hoje são as grandes empresas que a procuram, "como a Estée Lauder, que faz cosméticos da mesma maneira há dezenas de anos", Patty McCord defendeu que "não se aja em grande escala o tempo todo". "Sabiam que fazer as pessoas sentirem-se bem também é uma métrica?", lançou.

 

Em ambos os casos, importa estar preparado para a mudança. "Têm que questionar a forma como fazem as coisas. Isto não quer dizer que tenham que mudar a forma como fazem as coisas. O que eu acho mais importante é que questionem constantemente. Não apenas o produto, vocês e a vossa cultura também são o produto", afirmou a gestora de talentos.

 

Nisso, a nova geração parte em vantagem: "A vossa geração é aquela que já não vai ao balcão de um banco e isso é incrivelmente disruptivo para o setor bancário. Os grandes bancos conseguem dar conta do recado? Sim. Conseguem gastar dinheiro nisso? Sim. Conseguem fazer isso mais rápido do que vocês? Não, não conseguem. A questão tem que ser não os consumidores que estás a servir agora, mas os que não estás a servir. É sempre sobre o futuro."

 

Sobre a experiência na Netflix e a questão em torno dos conceitos de liberdade e responsabilidade na gestão de talentos, Patty McCord contou alguns episódios. Entre eles, o momento em que o departamento financeiro percebeu que os engenheiros gastaram dinheiro que não estava orçamentado em dezenas de televisores, de diferentes marcas e gamas, para garantir que o software funcionava para todos os utilizadores. "Demos responsabilidade às pessoas: não dissemos ‘gasta o que quiseres’, mas ‘gasta conforme o melhor para a empresa’."

 

O livro "Powerful" foi considerado "uma das maiores obras de liderança de 2018" pelo The Washington Post.

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