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Carros voadores, Hyperloop e outras previsões tecnológicas para 2020 que falharam

Prever o futuro é difícil, mesmo para as pessoas com mais poder para influenciá-lo.

Bloomberg
01 de Janeiro de 2020 às 19:44
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Em 2013, Jeff Bezos previu que a Amazon.com entregaria encomendas por drones no espaço de quatro a cinco anos. Aqui estamos, sete anos depois, e os robôs voadores imaginados por Bezos ainda estão em fase de testes e acabaram de receber aprovação regulatória nos Estados Unidos.

A adivinhação empresarial é uma prática comum no setor de tecnologia, e os executivos tendem a escolher números redondos como prazos para as suas fantasias tecnológicas. Assim, no arranque do ano e uma nova década, vamos analisar o que aconteceu com algumas das previsões da indústria de tecnologia para 2020.

 

1. Os chips de computador quase não consomem energia

Gordon Moore era famoso pela sua previsão sobre o desenvolvimento de computadores mais baratos e avançados. A Intel, empresa cofundada por ele, continuou no jogo dos prognósticos anos depois de Moore se reformar, com resultados variados. Em 2012, a Intel previu uma forma de computação omnipresente que consumiria quase zero de energia até 2020. O prazo já acabou e a bateria da maioria dos telemóveis precisa de ser recarregada depois de um dia a trabalhar. O i9, o mais recente chip de computador topo de linha da Intel, requer 165 watts de energia, mais do dobro de uma televisão de 65 polegadas.


2. Nove em cada 10 pessoas com mais de 6 anos terão um telemóvel

Em 2014, a Ericsson Mobility estimou que 90% das pessoas no planeta com mais de 6 anos teriam um telemóvel até 2020. É uma previsão difícil de medir, mas uma visita aos países em desenvolvimento sugere que não estamos perto. A empresa de análise Statista estima uma taxa de penetração global de 67%. Um marco alcançado nesta década é o número de contas de equipamentos móveis, que excedeu a população mundial pela primeira vez, de acordo com dados compilados pelo Banco Mundial. A estatística é distorcida por pessoas que usam vários dispositivos. A preocupação com os potenciais efeitos nocivos dos videojogos e do uso excessivo de redes sociais por crianças pode significar que a previsão nunca irá materializar-se. Agora, há um movimento nacional nos EUA que incentiva os pais a esperarem até aos 13 anos antes de permitir que usem um smartphone.


3. Jet.com terá lucros

A Jet.com personificava uma startup unicórnio, mesmo antes de este ser um tema. Marc Lore fundou a retalhista online depois de vender a sua empresa à Amazon. A Jet iria desafiar a antiga companhia de Lore com a oferta de preços mais baixos. Rapidamente desapareceram os 700 milhões de dólares que tinha captado junto de investidores e os críticos da empresa adiantaram que a Jet.com nunca seria rentável. Numa entrevista à Bloombetg TV em 2015, Lore prometeu o "break even" para 2020. Um ano depois da entrevista, a Jet.com foi comprada pela Wall Mart, que em 2019 terá registado um prejuízo de mais de mil milhões de dólares na sua divisão de comércio eletrónico, que é liderada por Lore.


4. Hyperloop será uma realidade 

Em 2013, Elon Musk partilhou a sua visão para uma "nova forma de transporte", que passava por colocar passageiros em tubos onde as velocidades poderiam atingir as 800 milhas por hora. Vários empreendedores tecnológicos responderam ao desafio de Musk e começaram a trabalhar no projeto de acordo com as especificações do fundador da Tesla. Em 2015 uma das "start ups" envolvidas avançou com uma previsão: as primeiras 60 milhas do hyperloop estariam prontas em 2020 para o transporte de humanos. Rob Lloyd, na altura o CEO da Hyperloop Technologies, disse à Popular Science: "Estou muito confiante de que vai acontecer". Mas não. A empresa, agora denominada Virgin Hyperloop One, tem um projeto de 1.600 pés em teste na Califórnia e tem como objetivo "um dia" construir uma "pista" de 22 milhas na Arábia Saudita. Até Elon Musk recuou na sua ambição. A sua empresa, a Boring, está a construir o que denomina de sistema Loop em Las Vegas, com uma dimensão que não chega a uma milha e se assemelha a um vulgar túnel.

 

5. Google vai ganhar mais dinheiro com a cloud do que publicidade

Vender serviços na cloud passou a ser um grande negócio para a Amazon, Alibaba e Microsoft na última década. O administrador executivo da Google, Urs Hölzle, viu o oportunidade em 2015 e antecipou que em 2020 a companhia ganharia mais dinheiro com a cloud do que com publicidade. Desde então a Alphabet (que controla a Google) aproximou-se da Amazon Web Services, mas ainda está a uma larga distância de superar a "cash cow" da Google. O negócio da cloud deverá ter representado 15% das receitas da Google em 2019, o que compara com o peso de 85% da publicidade.

 
6. Huawei vai fabricar um "supertelefone"

Em 2015 a Huawei Technologies antecipou que dentro de cinco anos estaria a fabricar um "supertelefone", descrevendo a previsão desta forma: "Inspirado pela evolução biológica, o telefone móvel que conhecemos atualmente vai dar lugar ao ‘supertelefone’", disse Shao Yang, diretor de marketing da companhia chinesa. "Através da evolução e da adaptação, o ‘supertelefone’ será mais inteligente, melhorando e transformando as nossas perceções, permitindo aos humanos ir mais longe do que nunca". Não ficou inteiramente claro o que pretendia a Huawei, mas provavelmente ainda não chegou lá. Entretanto, a Huawei foi apanhada no meio de uma guerra comercial e está agora focada no fabrico de telemóveis de preço médio para o seu mercado doméstico.

 

7. Toyota fabricará carros totalmente autónomos

As fabricantes de automóveis e de tecnologia ficaram convencidas nesta década de que os computadores em breve seriam capazes de conduzir carros com mais fiabilidade do que as pessoas. Em 2015, a Toyota Motor apostou que teria carros totalmente autónomos nas estradas até 2020. Não demorou muito para a euforia arrefecer. Em 2018, um pedestre morreu após a colisão com um carro autónomo da Uber. Em 2020, a marca Lexus da Toyota apresentará um carro capaz de dirigir de forma autónoma nas estradas, mas os executivos reconheceram que as fabricantes "estão a rever significativamente a sua linha temporal para a implantação da inteligência artificial".


8. Uma Bitcoin vai valer 1 milhão de dólares 

John McAfee, o controverso mogul dos antivírus informáticos, previu que a Bitcoin iria atingir uma cotação de 1 milhão de dólares no final de 2020. McAfee divulgou a sua previsão em novembro de 2017, cerca de três semanas antes do crash que retirou 83% do valor desta criptomoeda. A Bitcoin recuperou depois disso mas a atual cotação em torno de 7.200 dólares está bem longe da previsão de McAfee. Tal como outros entusiastas da Bitcon, McAfee mantém a previsão e promete comer uma parte íntima do corpo.


9. Dyson vai vender carros elétricos
Foi há dois anos que a fabricante de secadores de cabelo e aspiradores anunciou que iria vender carros elétricos em 2020. A Dyson cancelou o projeto em 2019, afirmando que o projeto não era comercialmente viável".

10. Uber lançará carros voadores

Quando a Uber Technologies se comprometeu a cumprir uma promessa dos Jetsons, deu apenas três anos para realizar a proeza. Pode ter certeza de que não poderá pedir um Uber voador já no próximo ano. A empresa continua a explorar o conceito com reguladores. Este ano, o Uber introduziu uma forma de veículo voador que não é particularmente inovadora: está a operar trajetos de helicóptero na cidade de Nova Iorque. Na última sexta-feira, o Uber disse que trabalha com uma startup, a Joby Aviation, para desenvolver a "partilha de viagens aéreas" e estabeleceu um novo prazo: 2023. O CEO do Uber, Dara Khosrowshahi, escreveu no Twitter: "Próximos..."

(Texto original: Flying Cars, Hyperloops and the Other 2020 Tech Predictions That Didn’t Pan Out)

 

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