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A Blackberry ficou sem bateria para continuar a andar sozinha

A Blackberry colocou-se à venda. Esta estratégia faz parte de um plano operado pela empresa canadiana para sobreviver no competitivo mercado dos “smartphones”. A empresa que um dia produziu o telemóvel “a ter” está agora à procura de alternativas, que passam pela venda ou por uma parceria, depois da sua nova linha de telemóveis não ter conseguido angariar mais clientes.

Bloomberg
13 de Agosto de 2013 às 13:26
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A Blackberry foi lenta a reagir às alterações de mercado, de acordo com os analistas. O primeiro modelo do grupo, vendido em 1999, foi um sucesso no mundo empresarial, através do foco na segurança do seu e-mail e das suas mensagens.

 

Mais de uma década depois, e os modelos da empresa pouco evoluíram, ao contrário dos dispositivos dos seus rivais. “Não é o fim da história, mas o modelo actual da Blackberry chegou ao fim”, afirmou Ben Wood, analista da CCS Insight. “A Blackberry não pode continuar por si só. Foi lenta a arrancar na era dos smartphones e não foi capaz de diminuir a distância para a Apple e para a Samsung cuja liderança se mostrou impossível de alcançar”.

 

De acordo com o “Financial Times”, os utilizadores da Blackberry caíram de 79 para 72 milhões nos últimos seis meses, e as vendas do novo modelo não indicam que a quota de mercado do grupo possa voltar a ser significativa, situando-se agora abaixo dos 3% face aos 5% do ano anterior.

 

Não é o fim da história, mas o modelo actual da Blackberry chegou ao fim. 
 
Ben Wood
Analista da CCS Insight

O grupo vai reunir para considerar todas as opções, com a especulação no ar de que a empresa poderá formar uma parceria ou separar as suas áreas de negócio. A incerteza em torno da Blackberry é muito grande, pois embora no passado os interessados fossem muitos, desde a Lenovo, à Amazon, Microsoft e Facebook, os bancos alertaram os investidores para a perda de valor, de subscritores e também sobre a incerteza quanto à propriedade intelectual dos produtos do grupo.

 

Mas a maior das preocupações é mesmo política. Segundo o banco de investimento Jefferies, “a Lenovo (empresa chinesa) seria o comprador mais disponível, mas pensamos que o Governo norte americano irá bloquear essa aquisição tendo por base o argumento da segurança nacional”.

 

Acções perderam um terço do valor em Junho

 

As acções da Blackberry perderam mais de um terço do valor em Junho, mas hoje, terça-feira, estão a ganhar 5% para 11 dólares, avaliando a empresa em 5,3 mil milhões de dólares, cerca de 3,98 mil milhões de euros, quase um oitavo de uma capitalização de mercado que a empresa atingiu há apenas três anos.

 

Porém, esta semana, e a contrariar a tendência de mercado, os títulos da empresa canadiana estão a registar uma subida acima dos 4%, elevando os ganhos para quase 23% ao longo dos últimos 12 meses. O facto da empresa estar a ponderar uma possível venda ou uma parceria está a ser o mote para o bom desempenho das acções.

 

O grupo que um dia liderou o mercado dos telemóveis foi ultrapassado pela Apple e pela Samsung. As receitas e os subscritores diminuíram drasticamente. Todas as esperanças foram depositadas no novo modelo, o “Blackberry 10”, cujas vendas se têm revelado fracas.

 

Por outro lado, a Apple, cujas acções deslizaram 25% nos últimos 12 meses, estão a registar uma subida de mais de 2%, fruto das notícias que dão conta de que o lançamento do novo iPhone está para breve. Também recentemente, a empresa norte americana venceu a grande rival Samsung, em mais uma disputa sobre patentes.

 

Os analistas do Berenberg justificam que a empresa tem alguma propriedade intelectual, fruto de algumas aquisições nos últimos cinco anos, no valor de 4,5 mil milhões de dólares, mas que os especialistas acreditam terem perdido 75% do seu valor.

 

A decisão mais correcta

 

A mensagem é simples. A Blackberry acabou na sua forma independente. Resta aos investidores perguntarem-se se a decisão de vender ou criar uma parceria não deveria ter chegado mais cedo. Não necessariamente. Primeiro, as vendas do novo modelo da Blackberry estão a ser decepcionantes, levando a quota de mercado a passar dos 5% para menos de 3% em apenas um ano. Mas, por outro lado, os dados confirmam que há espaço no mercado para um terceiro sistema operativo, para além do iOS e do Android.

 

A Windows duplicou as remessas de telemóveis para perto de nove milhões, principalmente devido às vendas dos modelos da Nokia. Esta tracção que a Windows descobriu era exactamente aquilo que a Blackberry procurava. Com mais de 70 milhões de utilizadores e um novo modelo totalmente revisto, o grupo tentou criar uma hipótese de sobreviver. Esta foi uma razão mais que suficiente para tentar conseguir a medalha de bronze, quando teve essa hipótese.

 

Antes dos últimos rumores sobre as vendas do novo modelo, as acções estiveram a negociar nos 16 dólares, no início do ano, tendo posteriormente caído para os nove dólares. Ainda assim, este valor é muito superior aos seis dólares atingidos pelos títulos da Blackberry há um ano. O fluxo de caixa da empresa é de três mil milhões de dólares, cerca de seis dólares por acção, ou seja mais mil milhões que há um ano.

 

Expostos os factos, as coisas não correram bem para a Blackberry, mas a tentativa de tentar relançar foi sem dúvida a melhor opção a tomar, escreve esta terça-feira o "Financial Times" na coluna Lex.

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