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Estado suspende assembleia-geral da Portugal Ventures

A polémica eleição da nova administração da capital de risco pública, liderada por Epifânio da Franca, foi adiada pelo IAPMEI e pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, já que a nomeação exige o visto prévio da CReSAP.

Miguel Baltazar
27 de Abril de 2015 às 14:54
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O IAPMEI e a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças pediram esta segunda-feira, 27 de Abril, a suspensão da assembleia-geral da Portugal Ventures (PV), apurou o Negócios. A reunião, que decorreu esta manhã na sede da sociedade pública de capital de risco, no Porto, tinha a eleição dos novos órgãos sociais como principal e mais polémico ponto na agenda.

 

Segundo apurou o Negócios, na assembleia-geral foi apenas aprovado o relatório de contas da PV referente ao ano passado, tendo depois o accionista Estado pedido a suspensão dos trabalhos. Em causa está a falta de um visto da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CReSAP), a quem cabe a avaliação prévia do nome e currículo do gestor público nomeado pelo Estado. O departamento de comunicação da PV recusou prestar quaisquer esclarecimentos até à hora de publicação desta notícia. 

 

Criada em 2012 em resultado da fusão das três empresas de capital de risco e "private equity" do Estado – InovCapital, AICEP Capital e Turismo Capital –, a Portugal Ventures é liderada há quase três anos por José Epifânio da Franca (na foto). Um grupo de empreendedores escreveu uma carta aberta, que já foi assinada por mais de 200 personalidades, a reclamar a sua continuidade.

 

Em entrevista ao Negócios, publicada esta segunda-feira, também o criador do PV, Carlos Oliveira, alertou que a independência desta sociedade pode estar em risco por factores políticos. "Estamos em mudança de ciclos e vai haver um novo governo, liderado seja por que partido for", frisou o ex-secretário de Estado do Empreendedorismo e da Inovação, que actualmente preside à agência municipal responsável pela Startup Braga.

 

Nova assembleia-geral até 27 de Maio

 

Esta assembleia-geral, interrompida por decisão do accionista Estado – o IAPMEI e a DGTF, representam em conjunto quase 53% do capital da sociedade – decorreu durante perto de duas horas em ambiente de máximo secretismo. Enquanto aguardava pelo final dos trabalhos, o Negócios foi abruptamente informado que deveria abandonar as instalações da PV, uma vivenda localizada numa zona nobre do Porto, a escassos metros da avenida da Boavista.

 

O Negócios conseguiu contactar o representante de um accionista privado, que esteve presente na reunião e que se mostrou "um bocado surpreendido" pelo adiamento das decisões. "Não tem muito sentido que seja marcada uma AG para a eleição dos órgãos sociais e ela seja adiada porque o accionista Estado – nem é uma questão de nomes – não tratou do processo antecipadamente. "Se tinha de ter o visto da CReSAP, então tinham-no obtido antes e hoje propunham uma lista que estivesse visada", desabafou a mesma fonte, que pediu para não ser identificada.

 

Aliás, o presidente da assembleia-geral, Alberto Amorim Pereira, foi o elemento que perdeu menos tempo com este adiamento, uma vez que participou na reunião por vídeo-conferência. Apesar de não ter ficado ainda definida uma data para o novo encontro, o responsável indicou aos presentes que ela deverá ser realizada até 27 de Maio, invocando o cumprimento de formalidades legais.

 

Interpelado à saída da reunião, antes de entrar no automóvel, Carlos Castro, o CEO e vice-presidente da PME Investimentos, confirmou a suspensão dos trabalhos – "havia ainda coisas a clarificar no que diz respeito aos órgãos sociais" –, mas desvalorizou o adiamento na escolha dos novos membros do conselho de administração, que já terminou o mandato no final do ano passado.

 

"É normal. Quando há assembleias-gerais é muito normal que haja adiamentos. Isto tem vindo a acontecer ao longo dos anos, nem sempre tudo é pacífico. (…) Isto [a eleição dos novos órgãos sociais)] pode estar na agenda, mas há pontos em que, à partida, há determinados procedimentos legais que têm de ser feitos e os ‘timings’ às vezes não são compatíveis", concluiu o presidente executivo da PME Investimentos.

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