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Uma visão desportiva

O desporto é um desafio inspirador para a economia pelas lições que se podem extrair e pelos pontos em comum. Tanto no desporto como na economia, "vencer" é um dos objectivos claros à partida. A meta está definida desde o princípio e mantém-se...

01 de Outubro de 2009 às 15:30
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Quem alimente a ambição de ser um líder competente e motivador, deve procurar exemplos no desporto. É uma fonte de lições.

O desporto é um desafio inspirador para a economia pelas lições que se podem extrair e pelos pontos em comum. Tanto no desporto como na economia, "vencer" é um dos objectivos claros à partida. A meta está definida desde o princípio e mantém-se constante ao longo de toda a actividade. No entanto, surge também desde cedo uma questão fulcral: a "vitória" não se resume nem se sintetiza simplesmente em resultados e em números. Vai muito mais para além disso.

A vitória está nas pessoas, nos intervenientes em jogo, nas capacidades dos seus elementos, nas suas emoções, motivações, no espírito de equipa e numa liderança reconhecida e respeitada por todos. Compreende-se, assim, que cada vez mais o mundo empresarial ouça as palestras e conselhos de um treinador de futebol como Scolari ou do treinador da equipa de râguebi, Tomaz Morais. A figura do "coach" tem ganho uma preponderância de relevo como consultor.

Se, para os intervenientes em qualquer iniciativa, a única ambição é a de vencer custe o que custar, então a derrota será inevitável. Aí estão para o provar tantos escândalos financeiros e desportivos, desde a falência de empresas por fraude nos EUA, às corridas de Fórmula 1 manipuladas e que conduziram à expulsão de dirigentes.

Vencer no desporto e nos negócios é algo relativo e pode ser, até, efémero. Ganhar batalhas para perder a guerra não merece a pena o esforço. O decisivo é vencer na própria vida. O que conta é chegar ao fim de uma carreira e ver-se realizado por tudo aquilo que se construiu. O destino constrói--se não numa jogada, mas numa estratégia coerente, onde os princípios que regem a actuação individual são motores e guias de orientação para as outras pessoas envolvidas. Os dois filmes analisados são bons exemplos deste facto.





"A esperança está onde menos se espera"




Realizador: Joaquim Leitão
Actores: Virgílio Castelo; Carlos Nunes
Música: Luís Cília
Duração: 122 min.
Ano: 2009


Um filme português que aborda um problema real: é possível uma pessoa ser íntegra? Ainda se ganha alguma coisa em se ser honesto?

Para responder, o guião de Manuel Arouca e Tino Navarro recorre ao desporto, começando com um treinador a ser despedido por não ter querido aproveitar um erro da arbitragem. O seu carácter é gozado pela imprensa e pelos colegas de futebol. Em casa, a mulher abandona-o para ir trabalhar e recuperar o estilo de vida faustosa que possuíam. O filho deixa um colégio privado e vai para a escola do bairro. Como chefe de família, sente-se censurado e desamparado. Ao ficar sozinho com o filho, sem condições de pagar sequer a água e luz da casa, cai em depressão. Quando são despejados, será o filho a resolver a situação com a ajuda dos novos colegas da escola que entretanto fizera. No final, vemos que o rapaz aprendera as atitudes do pai.

Há dois aspectos que se destacam: o primeiro, é o de que o melhor modo - para não dizer o único realmente eficaz - de transmitir ideias e atitudes é pelo exemplo. Isso é o que arrasta e credibiliza um líder. O segundo, é que uma situação de crise significa sempre um "risco" mas também uma "oportunidade", como o expressa tão bem a língua chinesa, ao juntar os caracteres desses dois vocábulos para escrever "crise". É o que acontece com o rapaz que, no desespero de se ver numa nova escola, ultrapassa essas dificuldades ajudando os colegas e apoiando-se também neles, formando uma equipa que acabará por vencer os novos desafios.

Três lições a retirar
• As dificuldades ultrapassam-se mais facilmente com o apoio dos outros.
• A persistência leva à vitória pois sempre se pode recomeçar de novo.
• A integridade realiza-se em gestos concretos e fortalece quem os pratica.





"A caminho da glória"





Realizador:
James Gartner
Actores: Josh Lucas; Mechad Brooks
Música: Trevor Rabin
Duração: 116 min.
Ano: 2006


Uma história real sobre a primeira equipa de basquetebol dos EUA que começou um jogo apenas com jogadores negros e que venceu uma competição oficial. Mais do que um filme sobre o racismo, trata-se de uma obra retratando o perfil do treinador Don Haskins que, na temporada de 1965-66, recrutou sete jovens negros e cinco brancos para a "Texas Western Miners". Nos jogos iniciais, alinhavam indistintamente negros e brancos, mas, na final, começaram somente negros, numa partida épica.

O treinador sabe o que quer. Explica o seu método de trabalho e as regras pelas quais pautava o seu trabalho. Fala com cada jogador individualmente. Conhece os seus pontos fortes e fracos. É humano na sua abordagem, mas exigente, procurando que cada um dê o máximo das suas capacidades. Quando não é obedecido, é duro, deixando claro que actua desse modo para bem do próprio interessado. Os treinos são "puxados" pois quer prepará-los para os confrontos que os esperavam. Mas mais do que prepará-los para o "jogo", sabia que os tinha de preparar para um jogo emocional, onde aprendessem a defrontar a injustiça com meios legítimos e duradouros, que viessem a garantir a vitória para além dos simples campeonatos.

O próprio treinador aprende, em especial com os erros. Numa altura em que a equipa perdia um jogo, aceitou rever a sua posição e seguir o conselho de um dos jogadores que lhe pedia mais liberdade de acção. E venceram. Ouvia os outros. Isso fez com que os jogadores se motivassem e se soubessem compreendidos.

No final do filme, veremos como cada um de facto venceu.

Três lições a retirar
• Conhecer bem as pessoas a seleccionar é fundamental para a coesão da equipa.
• Reconhecer os erros reforça a credibilidade.
• Proporcionar oportunidades de diálogo aumenta a motivação do escutado.


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