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Silicolife - BioGPS para explorar microorganismos

Poupar tempo e dinheiro através de soluções informáticas aplicadas à biotecnologia é o desígnio da "spin-off" da Universidade do Minho e do MIT

Silicolife - BioGPS para explorar microorganismos
30 de Dezembro de 2010 às 10:44
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Imagine-se em Los Angeles e a querer chegar a Hollywood, mas não sabe para onde se virar. A solução mais prática é um GPS. O que é que isto tem a haver com bioinformática? Segundo os líderes da Silicolife, "spin-off" da Universidade do Minho com participação do MIT, esta é a analogia perfeita para explicar o desígnio que os move. "Um microorganismo é como um mapa e nós ajudamos a encontrar os melhores caminhos para chegar a uma solução", diz Simão Soares, presidente executivo (CEO) da especialista em soluções computacionais para as ciências da vida.

A empresa que arrecadou 30 mil euros ao vencer recentemente o "Atreve-te 2010", concurso com o patrocínio da Presidência da República, pretende reduzir o tempo de desenvolvimento de produto na fase de laboratório (para 20% do que é gasto, actualmente, que pode chegar a três anos), tentando juntar ainda uma larga poupança de milhões de euros às empresas.

"É uma área em que há uma série de problemas na investigação e desenvolvimento. São ciclos muito grandes, com baixa produtividade, muito baseados em tentativa e erro. Grande parte do trabalho é laboratorial e é muito dispendioso", esclarece Simão Soares.

Método racional, anti-risco
Se este é o problema, a Silicolife quis resolvê-lo. Como? "Tentamos entrar na fase em que o risco é maior, em que o caminho é feito às cegas. Queremos aplicar um sistema mais racional e baixar os erros através de métodos computacionais", salienta o CEO da Silicolife. Nota importante: este processo não prescinde da validação das experiências em laboratório, que permanece fulcral.

"Vamos supor que um determinado problema tem vários milhões de possíveis soluções. Seria impossível alguém ir para um laboratório e testar todas essas hipóteses. O que vamos fazer é reduzi-las para uma dezena, que sejam facilmente testáveis", explica Miguel Rocha, CTO (Chief Tecnology Officer) da empresa. "Isto é feito em computador, mas terá sempre de ter uma validação biológica em laboratório. Damos um guia, sobre quais as hipóteses que têm mais hipótese de serem bem sucedidas, porque são validadas por sistemas matemáticos ", acrescenta.

Do Minho para o Mundo
A "spin-off" foi lançada há oito meses e está alavancada num conjunto de projectos que os promotores esperam poder render, já em 2011, uma facturação à volta dos 200 mil euros. Cada serviço prestado pela Silicolife vai custar entre 50 e 100 mil euros. "Esta é uma área que pode crescer, porque exige pouco investimento. Necessitamos de recursos humanos altamente qualificadas que nós felizmente temos em Portugal. Podemos arrancar só com cérebros e pouco mais. Hoje até é possível alugar o poder computacional", avança Isabel Rocha, CSO (Chief Sientific Officer).

Os mercados a que a empresa se destina estão identificados. O objectivo é internacionalizar, com mira nos países do Norte da Europa, na Alemanha e Inglaterra. Apenas um handicap: "Optámos por um modelo com pouco investimento, o que pode levar a uma maior dificuldade na afirmação da empresa. Se calhar, era mais fácil recorrer a uma capital de risco, que nos permitisse um maior acesso aos clientes e aos mercados", aponta Miguel Rocha.




Bilhete de Identidade



Em seis meses, as burocracias foram todas ultrapassadas e surgiu a Silicolife. Mas, para trás, estava já uma história de seis anos, período em que um grupo de cerca de 20 cientistas foi desenvolvendo algoritmos. Os investigadores eram provenientes de dois departamentos da UM, (informática e engenharia biológica), e quando, em 2006, é criado o mestrado em bioinformática estava lançado o pilar que sustenta esta empresa especialista soluções computacionais. A Silicolife tem nove elementos e espera no futuro alargar a equipa, bem como possuir instalações próprias.





Um serviço que não é "chave na mão" mas que abre portas



A proximidade entre o laboratório da empresa que está a desenvolver a investigação, por exemplo, de um fármaco, de produtos alimentares, ou biocombustíveis, com a Silicolife é na óptica destes jovens empresários muito importante.

"Durante o percurso pode ser necessário validar algumas hipóteses e tem de haver interacção entre a parte computacional e o laboratório. Isto não é chave na mão", frisa Isabel Rocha, CSO da empresa.

A mesma cientista põe a tónica no excesso de informação que, muitas vezes, atrapalha o conhecimento científico. "Inicialmente é, muitas vezes, intratável. Cada vez mais isso acontece nas ciências da vida. Geramos dados que depois não conseguimos tratar e que sem as ferramentas informáticas não é possível lidar com eles.", adianta Isabel Rocha.

O prémio de 30 mil euros do "Atreve-te 2010", concurso destinado a premiar o empreendedorismo e novas ideias por estudantes e recém formados, será directamente aproveitado para a promoção directa da empresa.

"É o reconhecimento do trabalho que desenvolvemos, mas também nos permite costear os investimentos que temos vindo a fazer. Vamos também poder contactar directamente os clientes", conclui o CEO da "spin-off", Simão Soares.
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