Pedro Azevedo, Vítor Silva e Cristóvão Neto são apaixonados por novas tecnologias. Os displays transparentes há muito que lhes piscavam o olho. Iam acompanhando a evolução desta tecnologia coreana sem lhe perder o rasto, até que a oportunidade de a adquirirem surgiu. Não hesitaram. A ideia de lançar um negócio próprio não era nova e a altura pareceu-lhes a ideal. Estava na hora de lançar a Sendae.

"Já tínhamos os contactos dos fabricantes da tecnologia presente nos LCD transparentes, mas fomos pioneiros na transformação destes displays em espelho", explica Pedro Azevedo, director-geral da empresa que nasceu no início do ano. A ideia é, segundo o empresário, mágica. Quando está desligado, o LCD é um espelho aparentemente normal, mas quando se liga reproduz todos os conteúdos dinâmicos a que está associado, isto é, que estão dentro do expositor. "Acaba por ser o produto mais 3D que existe no mercado", acrescenta.

Mal receberam a primeira amostra de um LCD transparente resolveram prototipar o dispositivo em espelho. Foram corrigindo os erros até ter chegado o dia de lançar o protótipo no mercado. Pedro Azevedo conta que não era a primeira vez que utilizavam aquela tecnologia. Contudo, só a tinham experimentado em LCD's profissionais comuns. Com a tecnologia asiática puderam interagi-la com vídeos, animações em flash (programa de software), entre outros.

"O espelho traz magia. Há sempre aquela pergunta do que é que está por trás. Um dos nossos principias objectivos é utilizar este produto no retalho, ou seja, em todo o tipo de lojas em que o LCD transparente espelhado se enquadre", revela. E, com isto, a Sendae pode introduzir elementos surpresa. Se a pessoa estiver a experimentar uma bijutaria, uns brincos por exemplo, com o LCD desligado, pode aparecer uma barra lateral que mostra produtos em promoção, que combinem, ou do mesmo género, mantendo a área da pessoa espelhada.

"Haverá alguém mais belo do que eu?"
"No retalho, acho que não há limites. O da moda e da estética é o mais óbvio, mas também estamos a estabelecer contactos com empresas de telecomunicações. temos tido muitos contactos pelo mundo inteiro, grande percentagem vinda da Europa, mas também dos Estados Unidos da América, Brasil, México, etc. E estamos a estabelecer ligações com grandes marcas internacionais do mundo da moda", adianta. Os nomes ficaram no segredo no negócio, para mais tarde serem revelados.

Pedro Azevedo explica que têm tido alguma dificuldade em obter alguns componentes dos dispositivos, devido à situação económica actual. Por enquanto, aguardam o final das negociações, a chegada dos componentes em falta e aproveitam o tempo para finalizar um novo processo de interactividade que, segundo o director-geral, vai revolucionar a forma como as pessoas interagem com os displays.

"É uma tecnologia que vai estar extremamente próxima dos utilizadores. Vai ser muito mais divertida, mais pessoal e menos dispendiosa para o cliente. Há um principio sobre o qual nos regemos, que é a focalização no utilizador." Esta novidade, por enquanto, não é para ser revelada, afirma Pedro Azevedo. E acrescenta que neste tipo de negócios a preocupação dos fabricantes são os cientes directos, ou seja, os revendedores.

A Sendae quis preencher esta lacuna, esse espaço em aberto, e virou-se para o cliente final. "É neles que pensamos quando desenvolvemos algo, porque são eles que vão utilizar e usufruir dos nossos produtos. Focamo-nos no que interessa ao utilizador, mas não é ele o nosso cliente directo", afirma.

A Sendae foi lançada com capitais próprios, 80 mil euros. Agora, os três fundadores planeiam apresentar um projecto para angariar mais capital.






Bilhete de identidade

Nome Sendae
Fundadores Pedro Azevedo, Cristóvão Neto e Vítor Silva
Início de actividade Janeiro de 2012
Área de actividade audiovisual e novas tecnologias
Número de colaboradores 8
Investimento inicial 80 mil euros
Sede Leiria






Unidos pela tecnologia

Pedro Azevedo tem 36 anos e trabalhou na área de gestão, produção e marketing de eventos, como freelancer. Actualmente, dedica-se a 100% à Sendae. "Penso que é por ter estado sempre ligado ao entretenimento que penso tanto no utilizador final, em proporcionar-lhe os melhores momentos possíveis. E se calhar é este tipo de pensamento que traz algo fresco a esta área", diz. Pedro Azevedo não sabe precisar há quanto tempo conhece Vitor Silva e Cristóvão Neto, mas garante que é há muito. Conheceram-se socialmente e descobriram que eram fascinados por novas tecnologias. A ideia de lançarem um negócio não surgiu de repente, mas estavam à espera da oportunidade certa para avançarem. Vítor Silva já tinha uma empresa e é especializado em electrónico, enquanto que Cristóvão Neto vinha da área do produto. Agora, estão unidos pela Sendae. Quando se vêm ao espelho não são um, mas três.