Um campo de golfe tem, normalmente, 18 buracos,. E o buraco 19 é o nome do "clubhouse", o bar ou recepção do campo de golfe, ponto social onde os praticantes convergem depois da volta. É onde partilham experiências, falam com os instrutores e analisam o jogo que fizeram.

É isto que o projecto Hole19, da empresa Stat Track Technologies, quer ser. Um "clubhouse" digital, onde os jogadores possam planear a sua volta e trocar ideias. Trata-se de uma aplicação móvel lançada no mercado há cerca de um ano e dirigida a golfistas amadores que tenham a ambição de jogar melhor.

O Hole19 é, segundo o seu promotor, Anthony Douglas, uma "plataforma completa para o mundo do golfe, uma aplicação para iPhone e Android, dirigida aos golfistas e dando-lhes uma visão única do seu jogo, oferecendo as mais variadas informações do campo onde se encontra ou onde tenciona jogar".

A aplicação recolhe estatísticas em tempo real, mede as distâncias com recurso a GPS e aconselha ao jogador o taco a utilizar, baseando--se nas distâncias personalizadas do utilizador. Esta aplicação apresenta, também, um "scorecard" digital e permite a visualização aérea dos buracos, sendo complementada por uma plataforma "web" com vertente social, como forma de "incentivar a partilha de conhecimentos relativos ao golf entre utilizadores e clientes da Hole19".

Reunir desporto e tecnologias
Reunir o desporto e as novas tecnologias, duas áreas que Anthony Douglas conhece bem e aprecia, foi a principal razão que o levou a embarcar nesta aventura, apesar de "todo o receio" e das "muitas horas solitárias a preparar o plano de negócio, sem a ajuda de um co-fundador". O corpo também o obrigou. "Iniciei-me no golfe devido a uma lesão, até aí era jogador de basquete, mas fui obrigado a procurar uma modalidade menos propícia a lesões", conta.

A escolha de Portugal para lançar o projecto não foi obra do acaso. O empreendedor morava na Suécia quando lhe surgiu a ideia, mas Portugal foi "onde encontrou parceiros estratégicos para desenvolver a primeira versão do produto e onde surgiu a motivação para arrancar ". Por fim, o país recebe quase 400 mil golfistas por ano e o golfe representa quase 14% do PIB turístico.

O gestor tem várias ideias, todas relacionadas com o golfe, que vão além desta aplicação móvel. "Queremos criar um ecossistema para o mundo do golfe" e, para o conseguir, serão necessários investidores. E, por isso, a internacionalização é o passo que está empenhado em dar na busca de quem, como ele, acredite no projecto.

Em Portugal, apesar de existirem os atractivos mencionados há um senão. "O mundo 'mobile' ainda é muito novo". Face à crise e à incerteza, o financiamento também está "complicado a nível europeu". Daí que o o empreendedor considere mais avisado procurar investidores em mercados-chave para o negócio e, paralelamente, "mais estáveis e com maior número de potenciais clientes", como os Estados Unidos e a Ásia. Está em contacto com alguns investidores em Silicon Valley e no Japão, que "mostraram um grande interesse e têm experiência de negócio em aplicações mobile".






Bilhete de identidade

Nome Stat Track Technologies
Produto Hole19, app que permite optimizar a performance de golfistas amadores
Início Actividade Maio de 2011
Postos de Trabalho 5
Site http://www.hole19golf.com/






Perfil
Metade português

O nome, Anthony Douglas, não deixa adivinhar mas o empreendedor é 50% português. Filho de pai norte-americano e de mãe alentejana, Anthony Douglas tem corrido mundo. Nasceu na Áustria, licenciou-se em Economia e Gestão em Inglaterra e viveu na Suécia. Até lançar a Hole19, já tinha visitado mas nunca tinha habitado em Portugal. Acabou por ser o país-natal da mãe o palco ideal para lançar o seu primeiro projecto enquanto empresário. Agora, este rectângulo no Atlântico começa a ser pequeno para as ambições de um empreendedor habituado a viver
no mundo.






Como nasce uma ideia

Na génese da Hole19 esteve uma conversa entre Anthony Douglas e o seu instrutor de golfe. Já jogava, mas esta era a sua primeira aula e o peisódio passou-se na Suécia há cinco anos. O instrutor perguntou-lhe que aspecto do seu golfe queria começar a treinar.

"Eu não fazia ideia de quais eram os meus pontos fracos", relembra o empreendedor. Surgiu-lhe a ideia de criar um "software" que ajudasse a perceber que áreas é que o golfista mais precisa de treinar. Como tinha um "emprego estável" e lhe "faltava coragem" para começar a sua própria empresa, encarou o projecto de desenvolver a solução que o permitisse como "um passatempo". A ideia acabou por ser passada à prática, funcionou e foi alvo de críticas positivas. Este foi o incentivo para nascer uma "startup".