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FMI arrasa com as medidas para a recuperação de empresas

A 11ª avaliação do FMI ao programa de ajustamento é muito crítica em relação aos mecanismos de recuperação de empresas, nomeadamente o Revitalizar. O Fundo Monetário usa expressões como “preguiçoso”, “sobrecarregado” e “fraco” para catalogar diferentes aspectos do programa e anuncia que o Governo está a trabalhar em alterações.

Bruno Simão/Negócios
21 de Abril de 2014 às 15:05
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“O panorama do processo de reestruturação de dívidas das empresas é de forma generalizado fraco, com fontes de informação fragmentadas e dados insuficientes que permitam análise, sustentabilidade e efectividade dos empréstimos”, escreve o FMI na mais recente análise ao Programa Revitalizar.

 

O FMI anuncia ainda que o Governo concordou em desenvolver um plano estratégico para resolver o problema de excesso de endividamento das empresas, com especial enfoque nas pequenas e médias empresas (PME). Este plano, segundo o organismo liderado por Christine Lagarde,  tem de balancear os interesses das empresas em dificuldade e a capacidade do sistema bancário em absorver perdas. Este problema será discutido durante as reuniões de preparação da 12ª avaliação.

 

A abordagem do FMI a esta questão não é nova mas as criticas subiram de tom. Durante o relatório da 8ª e 9ª avaliação, o Fundo escrevia que “as empresas não entram no sistema de reestruturação financeira tão rápido como era exigível para que as hipóteses de recuperação sejam viáveis” e reclamava melhoramentos a este sistema. Desta vez, analisa um a um dos mecanismos existentes. E nenhuma avaliação é positiva.

A sua efectividade [o Revitalizar] também está a sofrer de uma preguiçosa coordenação entre credores, falta de novo financiamento, uma fraca rede de administradores de insolvência, e um sistema judicial sobrecarregado
 

11ª avaliação do FMI ao memorando de entendimento

 

Começa pelo Plano Especial de Revitalização sobre o qual diz que é percepcionado por todos os utilizadores como “muito útil”, mas que “tem sido por vezes utilizado pelas empresas insolventes para atrasar os passos tradicionais que levam à insolvência”. “A sua efectividade também está a sofrer de uma preguiçosa coordenação entre credores, falta de novo financiamento, uma fraca rede de administradores de insolvência, e um

sistema judicial sobrecarregado”, afirma o FMI.

 

Em relação ao SIREVE (Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial)o Fundo é taxativo. “Não é uma alternativa nas negociações extrajudiciais”, definem. E o FMI encontra um culpado neste processo, o IAPMEI que tem pouca capacidade para ajudar as empresas a utilizar este instrumento.

 

Falta de coordenação e recuperação efectiva

O FMI defende que a falta de coordenação entre credores e de novo crédito está a atrapalhar as reestruturações que seguem a via não judicial. E o Fundo faz posteriormente nova crítica à forma como tanto credores e empresas em risco de insolvência interpretaram o espírito deste programa.

 

“Tanto credores como os devedores esperam pela recuperação, e parecem concordar em planos de reestruturação que sustentam as entidades devedoras com pequenas ou nenhuma redução de dívida, inexistente reestruturação operacional ou novos instrumentos de financiamento”, defende o FMI.

 

O peso das PME na economia portuguesa, que valem em percentagem 99% das empresas existentes em Portugal, 80% dos postos de trabalho e 70% do valor acrescentado bruto do sector empresarial, sustenta na óptica desta organização a necessidade imperial de introdução de alterações. O FMI diz que as condições de crédito dados a estas empresas se deterioraram, e os atrasos nos pagamentos de empréstimos aumentaram um ano, tendo duplicado desde 2011. 

 

O Fundo diz ainda que a maior parte das empresas portuguesas tem crédito espartilhado por várias instituições bancárias, e que era necessária uma instituição reputada que facilitasse a coordenação destes credores.

 

Tanto credores como os devedores esperam pela recuperação, e parecem concordar em planos de reestruturação que sustentam as entidades devedoras com pequenas ou nenhuma redução de dívida, inexistente reestruturação operacional ou novos instrumentos de financiamento
 

11ª avaliação do FMI ao memorando de entendimento

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